sexta-feira, 31 de outubro de 2008
O MUNDO É UM MERCADO
Ricardo Gurvitz
Você comeu seu arroz hoje? Assim dizem os chineses ao nosso conhecido BOM DIA.
Uma tal de Imperatriz Leopoldina
Muitas pessoas estão acostumadas a um tipo de viagem que não é o meu. Eu privilegio a pessoa em detrimento do local. Procuro o diferente, ao contraponto da grande visão do monumento turístico. Isto não quer dizer que no Brasil não exista este direcionamento, mas já existem muitos cronistas escrevendo sobre estes nossos tipos. Eu procuro encontrá-los lá fora.
Pode começar já na viagem de ida. Quando entrei no avião em São Paulo, para Frankfurt, havia escolhido o corredor, porque eu sou um mijão. Preferia a coluna de dois bancos, pois seria menos gente para pedir licença.
O meu companheiro de viagem que se apresentou, estava vestido com um uma roupa alemã ou austríaca. No momento, não saberia identificar. Mas que era bonita era. Não estava de lederhosen, a clássica calça curta de couro, e sim uma tradicional de tecido, mas a camisa bordada, impecável, e o casaco com os tradicionais bordados, isto eles chamam de trachten, outra das roupas típicas. Ele parecia que havia saído de corpo inteiro de uma lavanderia em contraposição a mim que já estava com o uniforme de viagem: camisa preta de manga comprida, cheia de bolsos com lapela, calça jeans e tênis. Um verdadeiro esculacho perto dele.
Apresentação apenas formal: Boa noite e com licença. Logo após os nomes e só. Durante o início do vôo, nenhuma palavra de parte a parte. Isto é comum. A janta e o filme, após, a tentativa de dormir naquelas cadeiras apertadíssimas e sem nenhum espaço para as pernas. Cada um se vira como pode.
Você tem em torno de doze horas para pensar na vida. E como são longas! Eu, como sou muito grande e pesado, e ainda por cima com problemas circulatórios, no mínimo, a cada duas horas dou um longo passeio pelo avião. Quando a tripulação solicita que as janelas sejam descobertas, e não abertas, porque nunca consegui abrir a janelinha de avião, é prenuncio que virá o café.
Amanheceu. Ele continuava impecável, eu estava amassado como se uma jamanta houvesse passado por cima de mim. Nesse momento, começamos uma conversa em inglês. Seu nome é Johann, sim com dois enes - fazia questão - e me chamava de Herr Ricardo - chamar pelo primeiro nome sem ter intimidade - jamais. Eu o chamava de Herr Johann, com dois enes.
Era um comprador de relógios antigos ou de altos valores, principalmente daqueles de pulsos. Vinha ao Brasil e Buenos Aires, duas vezes por ano, e já arriscava umas palavrinhas em português. Surpreendi-me com a descoberta de que comprava uma quantia enorme de relógios a cada viagem. Isto só pode ser sinal de que as coisas não estão tão boas assim, pois quem venderia verdadeiras obras de arte se estivesse em boas condições financeiras? Ainda mais que essas peças não deveriam estar em mãos de pessoas de pouco poder financeiro.
Odeio a pergunta “o que achas do meu país”, porque sempre a resposta será uma mentira piedosa. Se você não está gostando dirá ao menos: diferente. E se estiver, eu jamais saberei se está a falando a verdade. Então fiz a pergunta da maneira que a resposta possa mostrar algo. Um sentimento de observação. Olho para Johann, com dois enes e digo o que foi que mais te chamou a atenção por aqui? A resposta foi absolutamente surpreendente. Ele disse: havia visto inúmeras reportagens sobre o carnaval carioca e na viagem anterior, resolveu ficar no Rio, assistindo a ele com conforto e segurança.
Contratou o serviço de uma agência de turismo e ficou maravilhado. Isto não é de se estranhar. Agora, o comentário posterior foi impactante. Ele foi para a avenida torcendo pela Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense. E por toda a parte por onde andava, perguntava para os brasileiros quem era a Imperatriz e qual a sua origem. Ninguém, mas ninguém, sabia da história dela.
Como poderia tanta gente cantar e viver em uma “escola” sem saber a história daquela mulher e, pior, ficou sabendo que em outros lugares do país, havia cidades, bairros, e outras escolas de samba com o nome da austríaca famosa. Eu só sabia que ela era austríaca, ao menos isto.
Perguntou-me se não era bem discutida toda a atuação dela aqui, já que foi Imperatriz. Como é que o povo não tinha curiosidade de saber mais? Foi muito difícil responder.
Resolvi também aprender um pouco, Ela nasceu em 2 de janeiro de 1797, como arquiduquesa Carolina Josefa Leopoldina Fernanda Beatriz de Habsburgo-Lorena. Sua educação foi primorosa em oposição à maioria das princesas, que só aprendiam a bordar e costurar.
Depois da fuga de sua família das tropas de Napoleão acabou, por motivos político, casando-se por procuração com o Príncipe D. Pedro de Orleans e Bragança, que foi representado pelo Arquiduque Carlos. Veio para o Brasil com vinte anos. Como era uma iluminista, trouxe consigo: médicos, zoólogos, botânicos e músicos.
A mãe do D. Pedro era daquelas sogras jararaca, e ele um “galinha” como dizem hoje. Ela sofreu muito por aqui. Os atos de violência dele para com ela eram freqüentes. Mas nem por isto deixou de ter grande importância no nosso processo de independência de Portugal.
Foi uma das idealizadoras de nossa bandeira. Ela também assinou o Decreto de Independência em 2 de setembro de 1822. Morreu em 11 de Dezembro de 1826. Seu corpo permanece no Brasil até hoje. Depois desta resenha, passei a torcer pela Escola de Samba Beija-flor, porque assim não passaria por ignorante tão irrefutavelmente.
Essa é a minha opinião, depois de ter visitado cinqüenta países.
e- mail: mercadoricardo@terra.com.br
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
ENTERRANDO A MÁ POLÍTICA!
“Enquanto os mortos não são enterrados, a vida fica paralisada, à espera. Uma vez enterrados, perdidas as ilusões, voltamos dos cemitérios para a vida. É preciso que os mortos sejam enterrados para que os vivos tenham permissão de viver”.Rubem Alves, Conversas sobre Política.
A incompreensão ou simples desconhecimento de que a liderança não pertence ao líder, pois que este é tão somente o depositário de uma delegação temporária de liderar determinado grupo, pelo tempo que este entender necessário e não pelo tempo que o líder quiser, pode levar instituições, de qualquer natureza e a qualquer momento, ao fracasso.
Tem sido comum este tipo de equívoco em agremiações partidárias, pois muitas vezes são tomadas de assalto por indivíduos que delas retiram em proveito próprio controle de grupos, poder de barganhar com outros segmentos, benefícios para empregos ou negócios e até vantagens pecuniárias diretas ou indiretas. Não são meras especulações, mas constatações através dos episódios como o do ‘mensalão’, ‘golpe no Detran’ e tantos outros escândalos escancarados pelas páginas de jornais e revistas, pela televisão e pelo rádio.
Vários partidos políticos têm fracassado e se apequenado pela incapacidade de seus líderes temporários entenderem que devem suas pretensões de continuísmo serem enterradas para que nasçam, frutifiquem e renovem o ar respirado dentro de suas agremiações e que não sejam abafadas e fadadas ao esquecimento, ao abandono, as novas lideranças que venham para oxigenar o ar viciado destes ambientes – é preciso que os mortos sejam enterrados para que os vivos tenham permissão de viver!
Nos últimos tempos, temos observado um verdadeiro ‘balcão de negócios’ em que se tornaram os acordos político-partidários nas composições de apoios para candidatos, principalmente no segundo turno das eleições. Caciques dos partidos, não mais líderes, mas apenas mini-ditadores, têm feito acordos sem o apoio dos filiados destes partidos - os verdadeiros donos da liderança, mas que são excluídos desta parte do processo democrático e republicano de eleições, transformado em verdadeiros conchavos de gabinete. Mais grave ainda, os verdadeiros detentores do poder partidário, seus filiados, são até ameaçados pelas antiéticas comissões de ética, que passam a considerar política como profissão e não mais como uma vocação a serviço da comunidade. Um grande retrocesso político, democrático e ético e, como resultado, os homens de bem começam a se afastar da política e, os poucos que restam, vão sendo lentamente arrastados pela má política, pela inconseqüência dos políticos profissionais e pela lentidão com que o povo vai descobrindo estas artimanhas que afastam os políticos vocacionados das contendas eleitorais.
Talvez o Rubem Alves tenha mesmo razão quando inicia o seu livro ‘Conversando sobre Política’ com a seguinte frase: “A política, dentre todas as vocações, é a mais nobre. A política, dentre todas as profissões, é a mais vil.”
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
DESMORONA O PDT PELOTENSE!
CONTEXTUALIZAÇÃO:
ESTA CARTA FOI ENVIADA QUANDO, EM 2008, O PDT APOIOU A CANDIDATURA DE FERNANDO MARRONE NO SEGUNDO TURNO. JÁ NAQUELA OPORTUNIDADE HAVIA UMA TENDÊNCIA CONTRA A COLIGAÇÃO COM O PT. ESTE FATO RESULTOU NA SAÍDA DE DIVERSOS FILIADOS, ENTRE ELES O ANTÔNIO PINTO, QUE ENVIOU ESTA CARTA.
FELIZMENTE EM 2012 O PDT NÃO COMETEU O MESMO ERRO, EMBORA ALGUNS FILIADOS TIVESSEM ESTA INTENÇÃO, MAS, DEMOCRATICAMENTE, DIFERENTE DO QUE OCORREU EM 2008, OPTOU-SE POR COLIGAR COM O PTB, PSDB, PP, PPS,PR,PRB,PSD E APOIAR A CANDIDATURA DE EDUARDO LEITE E PAULA MASCARENHAS.
Pelotas,21 de outubro de 2008
Ao Partido Democrático Trabalhista
Ainda sangra meu peito. Que noites mal dormidas ou nem isso. Que vergonha. Vergonha dos outros: da família, dos familiares, dos amigos, dos companheiros, enfim,... Mas, a dor doída, a dor fininha no peito, a dor na alma é a dor advinda da minha própria cobrança. Não há morfina alguma que a possa acalmar.
Sempre me posicionei, de peito aberto, na linha de frente, em defesa do Meu PDT e do meu Líder. Sempre fui um guardião dos princípios do Partido. Nunca agi com subterfúgios. Como diz S. Paulo : Combati um bom combate. Minhas atitudes sempre foram retilíneas ,transparentes, altivas. Jamais me arrependo. Tenho a consciência tranqüila. Exerci cargos diretivos, e tão somente, quando o Partido foi governo do Estado. Entendo que me saí bem visto as várias referências oficias que recebi e muito me alegra. Nunca atuei nas administrações do Partido na minha Pelotas, mas o ajudei a vencer. Empreguei tudo de mim nesta luta, em conhecimento, material, financeiro,... Lutei sempre.
Sofri com os ataques violentos, raivosos, sectários que partiam de alguns partidos ditos de esquerda, mas que hoje, nem tanto. Não atuavam na Câmara de Vereadores como adversários, mas, sim, com ações peçonhentas. Sempre queriam destruí-lo , acho que , agora,conseguiram. Por várias décadas , sem cessar, as baterias antiaérea da maledicência atuavam.
Determinada vez , em época eleitoral como a que estamos vivendo hoje, endemoninhados, possuídos, agrediram, covardemente, a esposa do nosso Líder em frente a sua residência. Tantas foram as calúnias que acabaram por colocarem o nosso Prefeito, alvo maior, no fundo de uma cela, no Quartel da Brigada Militar. Não desestruturaram o Governo destruíram-no. Assumiram o governo seguinte. Na posse , enfurecidos, gritavam palavras de ordem num “corredor polonês”. Sempre são os arautos da verdade : Mas que verdade?! . Fizeram uma devassa na Prefeitura e nada encontraram. Gostaria de comparar as administrações.
Bravata! Bem , bravata quem entende é o Presidente Lula, dito por ele mesmo e seu partido.
Quem apanha não esquece. Eu não me esqueci. Por princípios Cristãos perdôo-os.
Não conheço e nem quero conhecer subterfúgios da política.
Lutei até onde pude para manter o partido vivo, com dignidade.
Neste fatídico dia dezesseis de outubro, com surpresa, fui chamado a uma reunião para decidir o que já estava decidido. Opus-me com todas as forças de meus argumentos. Defendi como nunca a dignidade do Partido e do Líder. Expus e me expus. Perdi. Perdi justamente para quem eu estava a proteger. Decepcionei-me. Vivo os dias presente a lamber as minhas feridas, que ainda sangram. Recolho-me ao seio de minha família. Vou zerar tudo. O tempo alivia a dor e sara as feridas. Vou respirar fundo. E, livre, tranquilamente, escolherei um rumo a tomar.
Saudações Trabalhistas.
Antônio P.V.Pinto
P.S.: Documentos para desfiliação:
Antônio P.V.Pinto
C.I.: 2004106981 T.Eleitor:030550050400 Z.:34ª Seção: 10ª
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
A PRIMAVERA E SUAS METAMORFOSES
Como são curiosos os sons que marcam cada momento de nossa vida. Sons que identificam locais, estações do ano, efemérides e cada acontecimento importante. Nos verões passados, lá pelos anos sessenta ou um pouco antes, a chegada do verão era anunciada com canto de grilos e coaxar de rãs que transformavam o anoitecer em uma verdadeira orquestra com ritmo próprio que, com um bafo morno dos ventos da estação, embalava nosso sono. O bater de asas das andorinhas que chegavam em bandos numerosos e os sons emitidos pelas rolinhas durante o amanhecer só eram sufocados pela estridente gritaria das caturritas que revoavam esfomeadas até as plantações de milho.
O homem que vendia picolés com sua carrocinha feita em casa, assim como os picolés, utilizava uma buzina característica que, não sei como, parecia ser a utilizada por todos os “picoleteiros” do planeta e provocava uma algazarra na garotada e um desespero dos pais que tinham que desembolsar dinheiro para satisfazer a gula dos pequeninos.
Isto tudo era sinal de primavera em andamento e prenúncio do verão, melhor, das férias de verão. Detínhamo-nos em observar, nas árvores e jardins abundantes naquela época, insetos e pássaros que iam surgindo do nada, como se uma varinha mágica tivesse o poder de tocar em lagartas e ovos e dali tirarem estes animaizinhos em todo o esplendor da criação.
As lagartas, aprisionadas em seus casulos, lentamente se transformavam em borboletas que lentamente tiravam aquela roupagem feia e grosseira, desfaziam-se de fragmentos protetores de uma metamorfose prevista por sua genética milenar.
Todas estas lembranças e imagens me vieram a mente no momento em que vislumbrei um maravilhoso prédio do centro da cidade – Jóquei Clube de Pelotas, na rua Félix da Cunha , esquina Sete de Setembro. Inicialmente um prédio abandonado, cinzento e em processo de deterioração – uma lagarta, que foi envolvido por um tapume grosseiro, mas resistente e protetor que escondia a metamorfose que se fazia acontecer em seu interior – o casulo da crisálida, finalmente, com a eliminação do tapume, surge um prédio majestoso como deveria ser na época em que foi construído.
Assim, aos poucos, a cidade vai se reencontrando com o passado em uma metamorfose que deverá qualificar e melhorar neste prenúncio de primavera, concretamente uma época de transformações, mas firmemente alicerçada por um passado rico, encoberto, que aos poucos vai se livrando dos tapumes da baixa autoestima e alçando vôo para o futuro.
sábado, 18 de outubro de 2008
RESULTADO FINAL DA ELEIÇÃO EM PEDRO OSÓRIO
Cebinho vence por uma diferença de 311 votos
Total de Eleitores: 6.241
Prefeito
1° Cebinho – PT 2.425 votos válidos 45%
2° Funari – PDT 2.114 votos válidos 39%
3° Paulo Corrêa – PP 848 votos válidos 15%
Votos Nulos – 106 1%
Votos Brancos – 90 1%
Abstenções – 658 10%
Vereadores Votos / Candidatos
Eleitos
332 - Bira Vergara - PT 260 - Cal - PDT 251 - Guiça - PT 250 - Amalia - PMDB 235 - Marcio Fiori - PT 229 - Edenir - PMDB 203 - Thiago C. Feijo - PDT 185 - Sandra Parço - PDT 107 - Joao Pedro - DEM 250
332- Gennaro - Gegê - PP 228 - Betinho Amaral - PMDB 184 - Carlos Alberto - PDT 162 - Betinha - PMDB 151 - Apolinario - PDT 134 - Professor Nei - PDT 108 - Paulo Bento - PMDB 107 - Pedro Bernardi - PT 100 - Osmar Lapschies - PT 100 - Flora - DEM 099 - Sandro 500 - PDT 098 - Cherlok - PT 081 - Rejane - PP 078 - João Vieira - PSDB 057 - Eliane Rodrigues - PT 057 - Morgana - PMDB 057 - Beto - PSDB 057 - Edson Menna - PDT 056 - Eduardo Pereira Fernandes - PMDB 051 - Gaucho Fonseca - PDT 050 - Pastora Oraida - PMDB 049 - Chaves - PT 048 - Bel - PT 048 - Ferreira - PDT 044 - Chiquinho - Cearense - PT 039 - Claudio Castro - PMDB 038 - Fernando Catatau - PMDB 037 - Mara Rubia - PT 026 - João Vilarci - PT 026 - Maria da Graça Benitez - PDT 025 - Cleusa da Silva Barros - PMDB 024 - Ataliba Rodrigues - PP 023 - Maria delurdes Lima - PDT 022 - Amarela - PT 022 - Ana Julia - PT 022 - Marinho - PSDB 016 - Cleia Adriane Bandeira - PMDB 016 - Campello - PSDB 015 - Renato Ferreira - PP 013 - Maninho - PSDB 011 - Alexssandro - PSDB 011 - Jogari - PSDB 011 - Chino - PP 011 - Oscar Radanes - PP 009 - Julião - PSDB 009 - Terezinha - PSDB 009 - Rubens Affonso - PSDB 007 - Ana Botelho - PSDB 004 - Jorge - Gróia - PP
088 - Votos nulos 121- Votos brancos 658-Abstenções
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
AFINAL, QUAL É A RESPONSABILIDADE DA ESCOLA?
(Artigo publicado no Diário da Manhã do dia 17 de outubro de 2008)
Com a necessidade que os pais têm de se ausentar de sua casa por motivos sociais e financeiros, acabam atribuindo a escola uma maior responsabilidade na educação e orientação de seus filhos.
A escola é a segunda instituição, depois da família, que tem influência sobre a criança, por isso muitos pais, acreditam ser a escola responsável em todos os aspectos pela educação dos mesmos.
Muitas vezes a escola se sente fragilizada, pois não conseguem diminuir o índice de reprovação, de evasão e não consegue sequer ensinar.
A escola tem seu papel e para tal pode auxiliar os pais na orientação de seus filhos, mas não podem se responsabilizar pela influência familiar que é e sempre será o ponto principal na formação do caráter do indivíduo, assim como no desenvolvimento de sua capacidade de fazer opções, desenvolver suas habilidades e crescimento pessoal.
Podemos, como escola, colaborar neste processo educativo, auxiliando assim o ajustamento da criança na sociedade.
A escola está vivenciando um momento muito difícil, pois necessita de um trabalho em que professores, alunos, pais e comunidade trabalhem em equipe com objetivos claros e bem definidos, o que no seu dia a dia não está acontecendo. Precisamos da parceria dos pais para conseguir transformar a criança em um cidadão. Não somos inimigos, somos parceiros, acredito até que muitas vezes anjo da guarda.
Precisamos com urgência de estratégias como: palestras, reuniões, entrevistas pedagógicas, atualização e reciclagem de nossos educadores, devido as múltiplas exigências previstas em nossa legislação, precisamos de mais soluções.
A escola quer ser eficiente e eficaz em abraçar a educação da criança dentro das suas obrigações e não dentro das obrigações que os pais querem que tenhamos.
Não podemos tratar a escola como creche, pois estamos vivendo um novo século com conquistas e responsabilidades maiores, mas também com muitos problemas e dificuldades, por isso não devemos impor responsabilidades as quais a escola não tem.
[1] Psicopedagoga
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Ser Professor ... que desafio!
Regina Al - Alam Elias
Atropelado pelo tempo, passam-se os anos e um professor vai seguindo o seu caminho, cumprindo sua missão sem parar para refletir.
Um dia decide ser aluno novamente...Decide estudar...Estudar o que? Estudar o professor...
Cada aula desacomodando um pouco, cada leitura refletindo um pouco desestabilizando as certezas, encontrando outras verdades...
Quando se vê diante de leituras que mostram as visões de diversos autores, inicia uma “refilmagem” da vida, com uma análise crítica, com um desconforto imenso de se enxergar em algumas linhas de alguns textos e se deparar pensando: “mas este sou eu...”, ou então: “mas eu também faço assim...”, ou quem sabe: “bem que eu poderia ter sabido disto antes e não seria tão sofrido...”.
É um encontro com ele mesmo.
Vários conceitos ficaram mais claros, outros conceitos foram sendo descobertos. Alguns, citados a seguir, marcaram bastante:
- Qualificação como sinônimo de preparação de “capital humano” (Silvia Maria Manfredi, 1998).
- Paiva (1995) surge com uma designação nova para o termo qualificação: “qualificação formal”.
-Enguita (1991) entendeu que, como conseqüência desta “credencial” escolar que passou a ser a “qualificação formal”, as pessoas precisavam de mais educação do que realmente o emprego necessitava.
- No modelo Taylorista, os trabalhadores são preparados exclusivamente para desempenhar tarefas/funções específicas e operacionais, sem fundamentação teórica e sem condicionamento sócio/cultural. A competência fica direta e exclusivamente ligada ao oficio/função do trabalhador em seu trabalho formal.
Substitui-se a noção de qualificação pelo chamado modelo da competência.
Aparecem alguns significados atribuídos à competência no campo da avaliação educacional.
Até 1960 predominam as áreas de didática e metodologia do ensino.
A partir de 1970, inicia uma abordagem mais científica e mais abrangente, envolvendo avaliação de currículos, programas e projetos educacionais. É neste período que surgem as avaliações da competência profissional. Ligava-se a percepção inteligente dos fins à adequação funcional dos meios a estes fins, que era sempre a capacidade de atingir os objetivos propostos que, de uma forma ou de outra, dependiam de certas condições e que tornava a competência profissional contingente ( Goldberg,1974).
Mello (1982) entende que competência técnica é o saber fazer bem, passando pelo domínio do conteúdo e dos métodos adequados para transmitir estes conteúdos a alunos com dificuldades de aprendizagem.
Resumindo, competência seria:
Ø desempenho individual racional e eficiente visando a adequação entre fins e meios, objetivos e resultados;
Ø perfil comportamental de pessoas com destrezas psicomotoras e habilidades operacionais;
Ø atuações profissionais visando a funcionalidade e a rentabilidade de um organismo.
Profissionalidade: O que significa este termo nunca antes ouvido pelo incrédulo professor?
Leituras levaram–no a entender este termo e seu significado.
Em primeiro lugar, falar em profissional é falar de competência, de seriedade, de eficiência, de trabalho com qualidade. Não interessa a realidade em que vive a pessoa nem o trabalho que executa. Não há como fazer qualquer tipo de diferenciação. Neste universo estão os Profissionais da Educação: os professores.
Profissionalidade é uma expressão que permite especificar a atuação do professor na sua prática.
Profissionalidade, é ainda, um conjunto de ações, destrezas, conhecimentos, atitudes e valores ligados à ação de ser professor. São as características próprias da ocupação docente. Esta é uma visão baseada nos conceitos de Gimeno (1993).
Marcos(1996), em sua tese de doutorado, entende que professoralidade é a “diferença produzida pelo sujeito”. Diz ainda que é “um estado de desequilíbrio permanente”; “o professor deve ser um impulso e uma rede”.
Professoralidade é como se fosse um estilo de vida, é um estado de espírito pessoal e individual. É ser professor por dentro, inteiro, não como quebra galho, como alternativa de ganhar mais (ou menos?...).
Ficam claros, após as leituras, os motivos que levam um pesquisador a trabalhar com as histórias de vida das pessoas.
Cada professor tem a sua “marca”, a sua identidade que o encaminha para sair da condição de simples “dador de aulas”, simples repassador de fórmulas, para uma condição de constante inquietude diante de cada desafio que é o instante de dar uma aula.
Professor de Matemática!
Pensava (e vivia) as situações que envolvem o dia a dia de um professor desta disciplina.
Pensava também na postura dos professores que encontrou ao longo da vida acadêmica (lembrava daquele que não permitia muitas perguntas e, como dono absoluto da verdade matemática, não descia de seu pedestal, intimidando qualquer tentativa de interferência em suas demonstrações).
Para permitir que o aluno participe, é preciso vencer o medo de, ao tratar das dificuldades do aluno, perder o "controle da situação" pois é difícil ter sempre a resposta. Corre-se o risco de não ser mais o dono da verdade, aprendendo junto com o aluno.
Abre-se a possibilidade de "sair do programa" e isto exige do professor uma constante procura de soluções para problemas sempre novos, possibilitando assim um crescimento contínuo.
Ser professor de alunos que contestam e de alunos cheios de dificuldades nem todos conseguem. Precisa garra, técnica, gosto pelo que faz, dedicação ao aluno, estudo de novas alternativas de trabalho e de avaliação, a cada nova turma que lhe é confiada.
Precisa metodologia apropriada a cada tipo de turma e de conteúdo.
Por fim, ser professor é ensinar a todos os que querem aprender.
O livro de José Carlos Libâneo(1998) trata de conhecer a escola de hoje como espaço de integração e síntese.
O autor afirma que a escola precisa formar cidadãos com suportes de convicções democráticas recolocando valores como justiça, solidariedade, honestidade, reconhecimento da diversidade e da diferença, respeito à vida e aos direitos humanos básicos, o que é esperado de alunos e professores. Ele propõe os seguintes objetivos para uma educação básica de qualidade:
Ø preparação para o mundo do trabalho, adaptando o trabalhador às complexas condições de exercício profissional no mercado de trabalho.
Ø formação para a cidadania crítica, colocando o aluno no sistema produtivo como um cidadão crítico e competente.
Ø preparação para a participação social, em termos de fortalecimento de movimentos sociais.
Ø formação ética, explicitando valores e atitudes por meio das atividades escolares.
A educação não se dá apenas na escola e sim em todos os locais por onde o cidadão passa. A escola precisa deixar de ser um lugar onde apenas se transmitem informações para ser um lugar onde o aluno faça análises críticas e produza informações, procurando estas informações e dando a elas um significado pessoal. A escola deverá fazer uma síntese entre a cultura formal e a cultura experimentada.
É nesta escola que haverá mais espaço ainda para o professor, com sua capacidade cognitiva e afetiva, para dar sustentação às descobertas dos alunos e atribuir significados às mensagens e informações recebidas das mídias e das multimídias. Ele precisa adaptar a sua didática às novas experiências educacionais.
São destacados alguns pontos que situam o posicionamento do professor sobre as novas atitudes docentes:
Ø assumir o ensino como mediação: aprendizagem ativa do aluno com ajuda pedagógica do professor;
Ø o professor deve dar o conteúdo próprio de suas disciplinas, mas considerando os conhecimento , a experiência e os significados que os alunos trazem à sala de aula, suas capacidades e interesses, seu procedimento de pensar e seu modo de agir. É preciso que o aluno traga para a sala de aula suas experiências, sua realidade de vida, para que o professor possa ensinar a argumentar e expressar seus sentimentos e desejos
Conclusão do professor ao terminar a disciplina:
COMO É BOM SER PROFESSOR!
AGOSTO de 1999
Bibliografia:
BABIN, Pierre. Eles estão em outra. IN: Os novos modos de compreender. Ed. Paulinas. 1989.
CONTRERAS, José Domingo. La autonomía del profesorado . Ed. Morata, L. (1997). Madrid
DEMO, Pedro Desafios modernos da Educação. São Paulo, Cortez, 1997
DEMO, Pedro Educar pela pesquisa. Campinas: Autores associados, 1997.
DEMO, Pedro. Pesquisa, princípio científico e educativo. São Paulo, Cortez, 1996.
ENGUITA, Mariano F. Tecnologia e sociedade: A ideologia da racionalidade técnica, a organização do trabalho e a educação. In: Trabalho, educação e prática social. Artes médicas. (1991)
GARCIA, Carlos Marcelo. Constantes y desafios actuales de la profesión docente Revista de Educación/MEC, nº 306,Enero/abril, 1995.
GIROUX, Henry A. Professores como Intelectuais Transformadores. Ed. Artes Médicas, 1997
GIROUX, Henry Repensando a Linguagem da Esola. Ed. Artes Médicas, 1997.
GOLDBERG, Maria Amélia A e outros. “Avaliação de competência no desempenho do papel de orientador educacional” In: Cadernos de pesquisa nº 11 11.Fund. Carlos Chagas. Dezembro de 1974
LAWN, Martin e Jenny Ozga. Trabajador de la Ensinanza nueva : valoracion de los profesores .Revista de educacion.nº 285. (1988)
LIBÂNEO, José Carlos. Adeus Professor, Adeus Professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. São Paulo, Cortez, 1998.
MANFREDI, Silvia Maria. Trabalho, qualificação e competência profissional - das dimensões conceituais e políticas. Educação e sociedade. XIX, nº 64. 1998.
MARIN, Alda Junqueira. Desenvolvimento profissional docente: início de um processo centrado na escola. IN: VEIGA, Ilma Passos (org.) Caminhos da profissionalização do magistério. Ed. Papirus, 1998.
MARTIN, Alfonso Gutiérrez(Org.). Formacion del professorado en la Sociedad de la Información. Ed: Escuela Universitária de Magistério( Universidade de Valladolid), 1998.
MEGHNANI, Saul. A competência profissional como tema de pesquisa. Educação e sociedade. XIX, nº 64. 1998.
MELLO, Guiomar N. de. Da competência técnica ao compromisso político. Cortez. 1982.
MORAN, José Manuel. A escola do amanhã: desafio do presente. Ed. da USP. S.P. 1996
MORAN, José Manuel. Mudar a forma de ensinar e aprender. Ed. da USP. SP, 1998.
PAIVA, Vanilda. “Novação Tecnológica e Qualificação. In: Revista Educação e sociedade. Ano XVI.Abril 1995.
PENTEADO, Heloísa Dupas. Pedagogia da comunicação: sujeitos comunicantes. S.P. Ed. Cortez, 1998
SANTOS, Boaventura de Souza. Para uma pedagogia do conflito. IN: AZEREDO, J.C. E Santos, L. S. (org.). Novos mapas culturais, novas Perspectivas Educacionais. Porto Alegre, Sulina, 1996.\\\1
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
A PRIMAVERA E SUAS METAMORFOSES
Como são curiosos os sons que marcam cada momento de nossa vida. Sons que identificam locais, estações do ano, efemérides e cada acontecimento importante. Nos verões passados, lá pelos anos sessenta ou um pouco antes, a chegada do verão era anunciada com canto de grilos e coaxar de rãs que transformavam o anoitecer em uma verdadeira orquestra com ritmo próprio que, com um bafo morno dos ventos da estação, embalava nosso sono. O bater de asas das andorinhas que chegavam em bandos numerosos e os sons emitidos pelas rolinhas durante o amanhecer só eram sufocados pela estridente gritaria das caturritas que revoavam esfomeadas até as plantações de milho.
O homem que vendia picolés com sua carrocinha feita em casa, assim como os picolés, utilizava uma buzina característica que, não sei como, parecia ser a utilizada por todos os “picoleteiros” do planeta e provocava uma algazarra na garotada e um desespero dos pais que tinham que desembolsar dinheiro para satisfazer a gula dos pequeninos.
Isto tudo era sinal de primavera em andamento e prenúncio do verão, melhor, das férias de verão. Detínhamo-nos em observar, nas árvores e jardins abundantes naquela época, insetos e pássaros que iam surgindo do nada, como se uma varinha mágica tivesse o poder de tocar em lagartas e ovos e dali tirarem estes animaizinhos em todo o esplendor da criação.
As lagartas, aprisionadas em seus casulos, lentamente se transformavam em borboletas que lentamente tiravam aquela roupagem feia e grosseira, desfaziam-se de fragmentos protetores de uma metamorfose prevista por sua genética milenar.
Todas estas lembranças e imagens me vieram a mente no momento em que vislumbrei um maravilhoso prédio do centro da cidade – Jóquei Clube de Pelotas, na rua Félix da Cunha , esquina Sete de Setembro. Inicialmente um prédio abandonado, cinzento e em processo de deterioração – uma lagarta, que foi envolvido por um tapume grosseiro, mas resistente e protetor que escondia a metamorfose que se fazia acontecer em seu interior – o casulo da crisálida, finalmente, com a eliminação do tapume, surge um prédio majestoso como deveria ser na época em que foi construído.
Assim, aos poucos, a cidade vai se reencontrando com o passado em uma metamorfose que deverá qualificar e melhorar neste prenúncio de primavera, concretamente uma época de transformações, mas firmemente alicerçada por um passado rico, encoberto, que aos poucos vai se livrando dos tapumes da baixa autoestima e alçando vôo para o futuro.
PROFESSOR, UM ESTADO DE ESPÍRITO
Um amigo demonstrou extrema apreensão quanto a capacidade de resistência dos professores em razão da insensibilidade dos governos quanto as questões do magistério. Torno pública a resposta que dei a este meu amigo.
Meu amigo, da incompreensão à revolta basta um passo. Tua dificuldade em entender como alguém ainda teima ser professor é a diferença entre ser professor e não ser professor. O professor é aquele que entende que o centro de todo o desenvolvimento social, político e econômico está na construção do conhecimento e não na hipervalorização do mercado, do capital, do dinheiro. Professor é aquele que, apesar de todas as adversidades citadas ( todas corretas) em tuas manifestações durante nosso diálogo, busca os caminhos do saber, busca conectar conhecimentos com a realidade, busca romper a linha entre a ditadura do mercado e a democracia do conhecimento,fazendo com que a segunda supere a primeira.
Quando citas os exemplos familiares ( a família de meu amigo é formada por um grande número de professores) para justificar tuas apreensões estás demonstrando que somente alguém formado em um meio de tal qualidade poderia ter esta reação de desencanto e de inconformidade. Somente reconhecendo o valor desta profissão/missão que poderias demonstrar tal indignação.
Para tua tranqüilidade, este exército anônimo de professores não está passivo e podes ter certeza que, se alguma coisa de bom pode se esperar nesta sociedade com crescente número de excluídos virá pela mente criativa, pela experiência renovadora e pela persistência dos professores, pois de nosso trabalho é que surgirão as mentes que irão transformar a sociedade.
Nenhum cartão magnético, nenhuma máquina eletrônica, nenhuma invenção tecnológica irá superar e/ou substituir a figura do Professor, pois este é o que pode imantar as relações humanas, ensinar afeto, ética, fazer rir e fazer chorar; promover as liberações de adrenalina e serotonina nas quantidades certas e nos momentos oportunos; conectar o mundo real ao mundo virtual; unir diferentes épocas quando viaja pela história e unindo as diferentes histórias em uma mesma época.
A crise deste momento, enfrentada pelos professores, o que analisas com muita propriedade em tuas indagações/argumentações, é na verdade o conflito estabelecido nos últimos tempos entre os que querem dominar, pelo conhecimento que possuem, todos os demais, pelo conhecimento que não possuem. Este distanciamento é o que busca o neoliberalismo- um outro nome para o mercantilismo colonialista -, que tem necessidade absoluta de dominar sobre a ignorância, sobre o não-saber ou sobre o saber conveniente da grande maioria da população que se transformou em consumidores, simplesmente.
Professor é aquele que não se submete, não sendo neutro haverá de permanecer ativo e altivo, atento, inconformado, mas responsável por seu trabalho que, diferentemente de todos os outros, tem a difícil tarefa de construção do conhecimento desde os primeiros passos da criança até o último dia de sua existência, pois somente paramos de aprender quando morremos e até este momento alguém estará nos ensinando.
Meu amigo, o professor é material, mental e espiritualmente educador, nascemos assim e somente com esta tríade a reforçar nossa tarefa poderemos enfrentar toda esta adversidade e poder dizer, depois de 40 anos de magistério, que se tivesse que recomeçar escolheria ser Professor...
terça-feira, 14 de outubro de 2008
L.I.V.R.O. - Texto do Millor Fernandes
Na deixa da virada do milênio, anuncia-se um revolucionário conceito de tecnologia de informação, chamado de Local de Informações Variadas, Reutilizáveis e Ordenadas - L.I.V.R.O.L.I.V.R.O. representa um avanço fantástico na tecnologia. Não tem fios, circuitos elétricos, pilhas. Não necessita ser conectado a nada nem ligado. É tão fácil de usar que até uma criança pode operá-lo. Basta abri-lo!Cada L.I.V.R.O. é formado por uma seqüência de páginas numeradas, feitas de papel reciclável e capazes de conter milhares de informações. As páginas são unidas por um sistema chamado lombada, que as mantêm automaticamente em sua seqüência correta.Através do uso intensivo do recurso TPA - Tecnologia do Papel Opaco - permite-se que os fabricantes usem as duas faces da folha de papel. Isso possibilita duplicar a quantidade de dados inseridos e reduzir os seus custos pela metade!Especialistas dividem-se quanto aos projetos de expansão da inserção de dados em cada unidade. É que, para se fazer L.I.V.R.O.s com mais informações, basta se usar mais páginas. Isso, porém, os torna mais grossos e mais difíceis de serem transportados, atraindo críticas dos adeptos da portabilidade do sistema.Cada página do L.I.V.R.O. deve ser escaneada opticamente, e as informações transferidas diretamente para a CPU do usuário, em seu cérebro. Lembramos que quanto maior e mais complexa a informação a ser transmitida, maior deverá ser a capacidade de processamento do usuário.Outra vantagem do sistema é que, quando em uso, um simples movimento de dedo permite o acesso instantâneo à próxima página. O L.I.V.R.O. pode ser rapidamente retomado a qualquer momento, bastando abri-lo. Ele nunca apresenta "ERRO GERAL DE PROTEÇÃO", nem precisa ser reinicializado, embora se torne inutilizável caso caia no mar, por exemplo.O comando "browse" permite fazer o acesso a qualquer página instantaneamente e avançar ou retroceder com muita facilidade. A maioria dos modelos à venda já vem com o equipamento "índice" instalado, o qual indica a localização exata de grupos de dados selecionados.Um acessório opcional, o marca-páginas, permite que você faça um acesso ao L.I.V.R.O. exatamente no local em que o deixou na última utilização mesmo que ele esteja fechado. A compatibilidade dos marcadores de página é total, permitindo que funcionem em qualquer modelo ou marca de L.I.V.R.O. sem necessidade de configuração.Além disso, qualquer L.I.V.R.O. suporta o uso simultâneo de vários marcadores de página, caso seu usuário deseje manter selecionados vários trechos ao mesmo tempo. A capacidade máxima para uso de marcadores coincide com o número de páginas.Pode-se ainda personalizar o conteúdo do L.I.V.R.O. através de anotações em suas margens. Para isso, deve-se utilizar um periférico de Linguagem Apagável Portátil de Intercomunicação Simplificada - L.A.P.I.S. Portátil, durável e barato, o L.I.V.R.O. vem sendo apontado como o instrumento de entretenimento e cultura do futuro. Milhares de programadores desse sistema já disponibilizaram vários títulos e upgrades utilizando a plataforma L.I.V.R.O.
Millor Fernandes
domingo, 12 de outubro de 2008
PISO SALARIAL PARA PROFESSORES DA REDE PÚBLICA
Movimento Educação Já
Professor Neiff Satte Alam,
No dia 17 de julho deste ano foi sancionado pelo Presidente da República o Projeto de Lei do Senador Cristovam Buarque que, mais do que um simples passo em busca da dignidade do Professor, constitui-se em um forte suporte para que o caminho de uma política pública séria e duradoura na área da educação comece a se delinear, pois determina um piso salarial nacional para os professores da rede pública de ensino – União, Estados e Municípios.
Apesar desta conquista, teremos que lutar contra as rejeições a este significativo avanço dos movimentos educacionais que buscam vencimentos mais justos àqueles que são os responsáveis pela construção do conhecimento e das competências de todos os cidadãos brasileiros. Nada mais justo que permitir a milhões de brasileiros, de forma direta, e a todos os demais, de forma indireta, acesso ao saber, única forma de atingir a cidadania plena.
Embora o valor inicial para 40h seja considerado por muitos como pequeno, mesmo que vá beneficiar 75% (!) dos atuais professores das diferentes redes públicas, passa a ser um marco para discussões salariais futuras, que terão que ser discutidas por professores de todo o país, isto é, federalizamos a luta por melhores salários ao mesmo tempo em que se possibilita a distribuição dos bons professores em todas as regiões do país, mesmo aquelas que, com as políticas atuais, não eram atraentes aos melhores profissionais.
Não podemos aceitar recusas dos atuais governantes, a qualquer pretexto, de aplicarem esta lei, pois estariam ratificando, se assim agissem, seu “descompromisso” com a Educação e com os Educadores, principalmente pelo fato de que Educação não é despesa, mas investimento, pois é uma ponte que permite o cidadão atravessar os rios da ignorância em direção a melhores oportunidades de vida e que possa usufruir de sua cidadania com dignidade.
Mesmo os professores das redes particulares de ensino terão vantagens com a aplicação do piso nacional de salários para a rede pública, pois, desencadeada a competição pelos melhores docentes, o piso dos professores particulares não poderá ser inferior ao existente na rede pública. Uma competição saudável, que terá como maior beneficiário o estudante, pois os professores buscarão aperfeiçoar seu trabalho e, com melhores salários, poderão fazê-lo com maior facilidade.
O “Movimento Educação Já” considera este avanço como uma porta que se abre para novas conquistas na área da educação e lutará para que nenhum retrocesso ocorra. Para isto contamos com o maior exército brasileiro, formado por educadores e educacionistas e que conta com uma poderosa arma: o conhecimento!
O MUNDO É UM MERCADO - VIAGENS E GASTRONOMIA
no dia 29 de junho de 2008
Ricardo Gurvitz viajante e gourmet
Você comeu seu arroz hoje? Assim dizem os chineses ao nosso conhecido BOM DIA.
BUREK – Um pastelão ou uma comunidade?
Sempre que viajo, a parte gastronômica tem de ser muito bem avaliada. Não sou o que chamam de gourmet que gosta de frescura. Fazer um prato em dez minutos e levar três horas decorando, isto não é comigo. Sei que se come primeiro com os olhos. Todavia, gosto da comida honesta. Aquela que as pessoas comem no dia-a-dia. Já escreveu um grande estudioso de gastronomia: ninguém vai a um restaurante para comer, e sim, para ter emoções. Alimentar-se se faz em casa. Concordo plenamente com ele.
Nas viagens, fujo dos restaurantes de grife. Nem sempre a comida dos grandes “restoranteurs” é gostosa e farta, principalmente no quesito farta. São, na verdade, grandes esculturas e pinturas para serem admiradas e não para serem comidas. No fundo, eles são uns pães-duros; se você ficar com fome, vai acabar pedindo mais coisas e pagando mais.
Se isto não fosse verdade, eu não escutaria tão freqüentemente as expressões: tenho saudade da comida de casa, do feijãozinho da mãe, da lasanha da sogra. Chega-se a ponto de ter saudades do lanche que se come no trailer há muitos anos. Sem falar no churrasquinho de picanha do domingo.
Cheguei em um domingo e no meu primeiro passeio pelas ruas de Kiev-Ucrânia, notei que havia uma disputa bem feroz entre os lanches tradicionais de rua, estilo hot-dog e X-burger (que horror), porque não cachorro quente e bauru, e um pastelão, chamado Burek, feito com uma massa bem folheada que chamamos de filo. Essa é uma massa fina, delicada e muito usada para produzir os famosos Rolinhos Primavera, da cozinha chinesa. Sabe-se que os chineses, aquilo que fazem, fazem-no com muita paciência.
Dentro deste pastelão, aparecem os mais tradicionais recheios. É quase como o nosso tradicional pastelão de camarão, vegetal ou queijo. A origem do burek é na cozinha turca, que influenciou bastante o leste europeu
Os otomanos chamam esta massa de yufka. A palavra yufka tem vários significados em turco, mas o principal, diz respeito à parte alimentícia. Eles inteligentemente também podem intercalar fatias de manteiga entre as folhas e conseguem um folheamento muito aproximado do tradicional que estamos acostumados e é chamado de burek palácio. Na Turquia, no entremeio das camadas, eles a recheiam com queijo feta, batatas, salsa, carne picada ou salsichas. Lógico que não tudo de uma vez só. Ainda se pode colocar legumes, ervas e especiarias, também usam espinafre, urtiga, berinjela.
Existem também alguns bureks doces, com açúcar, canela e nata. Na Armênia, quase sempre são recheados com queijo, podendo ser também com espinafre e carne; São extremamente temperados. Na antiga Iugoslávia, quase são consideradas como uma torta com carne. Temos também uma empadinha chamada ‘Zeljanica’, recheada com ovos e espinafre e a “Sirnica”, recheada com queijo e iogurte. Uma gostosura!
Tão perto e tão longe! Às vezes, poucos quilômetros separam esses lugares e também separam um pouco a maneira de apresentar o burek. Na Sérvia e Macedônia, ao chegar lá, já sabia que iria encontrar o burek com a massa mais grossa, e um pouco mais gordurosa. Essa palavra gordurosa, na maioria das massas folheadas, não pode ser descartada, visto que o que produz o folheamento é a gordura. Então, querer massa folheada sem gordura é impraticável.
Procurei também e aprovei o “prazan Burek” (burek vazio) sem nada, só uma massinha. Na Bósnia e Herzegovina só se chama de Burek, aquele que é recheado com carne. À medida que se muda o recheio, muda-se também o nome:”krompirusa”com batatas; “zeljanica com espinafre e queijo. Os albaneses são bem mais poéticos e chamam a esse prato de “Byrek shpiptar me perine” (torta de vegetais albanesa). Pode também ser prato principal recheado de carne, queijo e abóbora - o que produz um sabor adocicado. Os búlgaros adoram a pastelaria e chamam o burek de byurek (cirílico: бюрек), e adicionam ovos. Esta combinação eu ainda não havia provado e adorei. Na Rússia, recebe o nome de “cheburek’, É a mesma massa recheada com carneiro, cebola e especiarias e frito, não assado. Sendo um similar do nosso pastel. Na Grécia, é encontrado sob o nome de bouréki ou bourekáki, o segundo nome é o diminutivo. Em grego: buréki -μπουρέκι ou bourekaki -μπουρεκάκι . Eu coloco, em algumas situações, o nome do que se gostaria de provar, na língua original, para que se possa sentir a dificuldade em pedi-lo em um bar qualquer.
Como podemos ver, esse alimento se espalhou pela região e pelo mundo. Talvez o comamos em vários lugares como um alimento local e a suas origens estão bem distantes. Saliento, que também em Israel, as Burekas,(olha aí elas de novo) e são muito apreciadas. Na Tunísia, levam o nome de Brik, quase sempre preparadas fritas.
Sei que pode parecer que estou enfeitando a jogada, mas em terras onde o turismo não se implanta, existe um quase terror na chegada de um estrangeiro. Os atendentes de bares, pequenos restaurantes, confeitarias e padarias normalmente conhecem os seus clientes. Aquele E.T. que entrou, não fala uma palavra que ele entenda e ainda se manifesta por gestos, no fundo e o raso o deixa apavorado.
Por outro lado, que sacanagem: será que ele não entendeu que eu quero experimentar aquela massinha ali, a tortinha?. P.Q.P, o meu dedo está apontando, e ele se faz de bobo. M....., o que eu tenho que fazer para que ele me entenda? Lá no meu país, qualquer bobalhão entenderia. Esta é guerra das nacionalidades.
NA BOCA DO FORNO: Estou muito feliz com a lei de tolerância zero em relação ao álcool na direção. Aconteceu tudo o que havia pedido na crônica “O bêbado de Kiev”. Agora é só fiscalizar nas portas de bares, restaurantes, treilers e em qualquer festa. Coisa de primeiro mundo. Aleluia!
Essa é a minha opinião, depois de ter visitado cinqüenta países.
e-mail: mercadoricardo@terra.com.br
sábado, 11 de outubro de 2008
A CIÊNCIA TEM ROSTO!
“...afirmo convictamente que humanizar o conhecimento é fundamental para revolucionarmos a educação.”Augusto Cury
Na sala de aula, junto aos pequenos seres com grande potencial, abrem-se poderosas janelas para a formação de pensadores quando exploramos a capacidade latente de nossos alunos em um mundo virgem a ser criado e recriado a partir de um trabalho pedagógico com construção de competências.
Basta que, junto com a exteriorização de informações e conhecimentos, dê-se vida aos pensadores que criaram estes pensamentos, pois, desta forma, estaremos dando vida e significado ao conhecimento. As nossas crianças, desde cedo, devem ter a exata noção do esforço e desprendimento daqueles que criaram e desenvolveram idéias relativas ao que estão aprendendo. Um aluno poderá entender melhor uma Lei da Física se conhecer um pouco do cientista que a elaborou, principalmente porque lhe parecerá algo mais humano e não algo que surge das páginas de um livro. Desta forma, no futuro, com novas assimilações de informações, poderá ser o promotor de mudanças nesta mesma Lei.
Charles Darwin, para muitos apenas um nome inscrito na história da evolução, foi uma das pessoas mais dedicadas à manutenção de uma biodiversidade em harmonia na natureza, esta sua dedicação foi um dos estímulos a buscar entender esta mesma biodiversidade e suas origens. Sem conhecer a pessoa do pensador, a ciência parece não ter rosto e o entendimento de seu pensamento fica despersonalizado.
Como bem diz Augusto Cury, “...por trás de cada informação dada com simplicidade em sala de aula existem as lágrimas, as aventuras e a coragem dos cientistas.” Ignoramos quantos cientistas foram sacrificados pela coragem de manter suas idéias e defendê-las contra tudo e contra todos. O próprio Darwin, para defender suas idéias, sofreu ataques e injúrias de toda ordem, principalmente dos que não tinham interesse em que suas déias se propagassem, pois poderiam comprometer a estabilidade sócio-político-religiosa na época em que as propagou.
As idéias não morrem com a morte dos que as criaram, mas se diluem pela noosfera (esfera do pensamento) e deságuam em cada ser que se habilitar a refletir sobre este pensamento. Nossas crianças poderão ser estes seres, pois estão aptas a recebê-los e a dar-lhes melhor destino por não estarem impregnadas de preconceitos, mas, se tiverem um conhecimento de quem gerou este saber, poderão avançar com competência e, no futuro, utilizá-lo ou reformá-lo, pois não só aprendemos por assimilação, mas também avançamos além do conhecimento original da mesma forma, isto é, por assimilação. Voltando ao Darwin, a sua teoria sobre a Evolução das Espécies foi modificada por assimilação de conhecimentos novos na área da genética, mas a essência se manteve. Todo este caminho deve ser de conhecimento do estudante para que, entendendo os caminhos das origens de um conhecimento e principalmente das dificuldades de quem o elaborou, possa avançar em segurança pelos seus próprios caminhos.
[*] Professor
EVOLUÇÃO DO LIVRO
EVOLUÇÃO DO LIVRO:
UMA QUESTÃO CULTURAL OU TECNOLÓGICA?
NEIFF OLAVO GOMES SATTE ALAM
EVOLUÇÃO DO LIVRO:
UMA QUESTÃO CULTURAL OU TECNOLÓGICA?
NEIFF OLAVO GOMES SATTE ALAM
Monografia apresentada à banca examinadora da Universidade Católica de Pelotas, como exigência parcial para a obtenção de título de Especialista em Informática na Educação: ênfase em novos paradigmas do ensinar e do aprender na Universidade, sob a orientação do Professor Doutor Palazzo .
AGRADECIMENTOS
À genética da Latifa e do Argemiro, meus pais; à paciência da Paula, minha esposa; à existência do Neiffinho, meu filho, que aumentou meu futuro...
RESUMO
O presente trabalho não pretende responder a questão formulada no título, mas instigar uma discussão que poderá chegar a uma conclusão que não seja obrigatoriamente a que está proposta ao final. A questão mais interessante é que talvez a possibilidade de registrarmos nossa história, de forma mais próxima ao modo não-linear como funciona nosso cérebro, seja o caminho mais fácil para o entendimento do tema e viabilizar uma resposta.
ABSTRACT
With this work the author does not intend to answer the question in the title, but to instigate discussions which may arrive to conclusions that are not obligatorily the one that is proposed to the end. Perhaps the most interesting question is about the possibility to register our history on the nonlinear way, just as our brains work. Maybe the easiest way for the subject understanding and to make possible the formulation of a reply.
INTRODUÇÃO
Desde os primórdios da formação do homem, percebe-se uma tendência a deixar registros de todos os acontecimentos. Uma forma, talvez, de buscar a imortalidade através da história, deixando registrado o seu pensamento e a sua conduta no enfrentamento com o cotidiano.
No início deixava rabiscos nas paredes das cavernas e, aos poucos foi aprimorando estes registros. A qualidade do trabalho e a socialização dos símbolos permitia que mais pessoas pudessem entender o que havia escrito e poderiam, inclusive acrescentar novas idéias
.
A tecnologia utilizada dependia do conhecimento disponível. Aos poucos diferentes técnicas começaram a ser utilizadas de forma a aprimorar cada vez mais os registros escritos. Muitos séculos separam um método de outro, pois a transição sempre foi dificultada pelo hábito arraigado de uma ou outra forma de registros e dos materiais utilizados: placas de barro e de madeira, folhas de papiro em rolos, couro de animais em rolos ou não, folhas de pasta de celulose prensada (papel) e manuscritas, folhas separadas, isto é, não mais em rolos, até chegarmos ao livro que hoje conhecemos, impresso com tipos móveis inicialmente e atualmente com laser.
O próximo passo, o atual passo, é o do livro eletrônico, sem papel, mas em telas de vídeo.
Simultaneamente a esta evolução tecnológica ocorre uma adaptação a uma nova forma de registro não linear, somente possível em um livro eletrônico e bem de acordo com os processos mentais desenvolvidos por nosso cérebro.
Assim, a tecnologia sinalizou os caminhos culturais no que diz respeito a evolução do livro, deixando-o mais de acordo com a forma como pensamos e desprendendo o homem do aprisionamento em que se encontra na forma linear do livro impresso e dando um significativo passo para a inclusão do hipertexto e a conquista da não linearidade enveredando pelos caminhos conectados em rede.
O TEXTO E AS TECNOLOGIAS ATRAVÉS DA HISTÓRIA
Estamos vivendo a era da leitura em papel. O livro, nesta conformação e com este material, predomina de tal forma a nossa leitura que dificilmente poderíamos imaginar uma forma diferente e que se adaptassem as exigências dos leitores.
Mas nem sempre foi assim. Os registros escritos tiveram seu início na pré-história quando eram feitos os desenhos no interior das cavernas relatando feitos e registrando a existência de animais. Com certeza, uma forma tão simples quanto era simples a vida destes homens pré-históricos.
Dentro daquilo que sinalizamos como história, trinta e cinco séculos antes da era Cristã, surgem os antepassados do livro de papel. Na Mesopotâmia, hoje o Iraque, foram encontradas mais de 500.000 placas de barro, com escritas cuneiformes, desenvolvidas pelos Sumérios. Nestas placas encontramos textos de vários tipos: comerciais, políticos e até religiosos. O trabalho destas placas era tão aprimorado que a primeira de cada série tinha o título do trabalho, o nome do escriba e o do proprietário. É importante o registro de placas deste tipo em Nínive, onde o rei assírio Assurbanipal reuniu uma enorme coleção até o ano 650 a.C., e as placas, também em escrita cuneiforme dos Hititas, na Anatólia.
Enquanto sumérios, babilônios, hititas e assírios utilizavam-se de placas de barro, os egípcios, aproximadamente 2000 anos a.C, desenvolveram as suas escritas em livros feitos de papiro, como mostra a foto acima. [1] Esta planta cresce espontaneamente no delta do Nilo e nas costas do Mediterrâneo. Os egípcios descascavam o papiro e comprimiam várias camadas de casca, produzindo uma espécie de folha de papel. Emendadas umas as outras, as folhas de papiro formavam uma longa tira que poderia ter até 44m de comprimento por 30 cm de largura. Na extremidade das tiras eram fixados cilindros de madeira, obtendo-se assim rolos de papiros. Para escrever em colunas estreita nesses rolos, os egípcios utilizavam uma pena feita de bambu. (Enciclopédia Delta Universal, v.9, p.4864, 1980)A escrita era denominada hieróglifo, sendo que o texto mais conhecido desta época (1800 aC) foi o Livro dos Mortos.
Os chineses, um pouco depois dos egípcios, utilizaram um sistema mais parecido com o dos babilônios, faziam seus livros em placas de madeira[1].
Ainda dentro desta fase em que os livros não eram impressos, os romanos utilizaram peles tratadas de carneiro, bezerro e cabrito para elaborarem seus textos que ainda tinham o formato de rolos como os papiros egípcios. Este material, umas espécies de pergaminhos finos, eram denominadas de velino. Somente no século IV é que os rolos começaram a ser substituídos por livros com formato parecido com o atual, eram denominados códices[2], passaram-se, então, 4000 anos das placas de barro da Mesopotâmia. Podemos considerar esta como uma etapa importante de registro de textos – placas de barro, placas de madeira, rolos de papiro e rolos de velino (pergaminho). Não havia, entretanto, sistema de livros impressos, esta etapa, dos livros impressos, tem um período de coexistência com os livros feitos a mão, a transição se deu durante um período de 3 a 4 séculos. Os chineses foram os primeiros a criar tipos para impressão, Os tipos utilizados eram feitos de barro cozido e a impressão era feita sobre papel, material que os chineses também já haviam inventado. Esses livros eram parecidos com os nossos livros modernos, mas nada indica que tenham sido levados à Europa antes da invenção da imprensa no Ocidente. Quando o primeiro livro foi impresso na Alemanha, a Europa descobriu uma novidade[3]. O livro impresso mais antigo que se conhece é o Sutra do Diamante, produzido na China[4] no ano 868 e é feito por sete folhas coladas que formam uma tira de 4,90m. Este livro encontra-se na Biblioteca Britânica, Londres.
CÓDICES
Códice florentino Códice tro-cortesiano ou Códice de Madri –
de origem Maia e provavelmente foi realizado no momento da chegada dos espanhóis à América Central.
Durante todos estes séculos o homem lutou por um aperfeiçoamento tecnológico na produção de livros. Utilizou os mais diferentes materiais – barro, madeira, folhas de papiro, pergaminho, e as mais diferentes formas de apresentação de seus textos – placas, folhas, rolos, códices. O objetivo era sempre o de transmitir e/ou armazenar uma informação, um conhecimento, um contexto. Cada obra apresentava sempre uma linha única a ser seguida; possuía uma ideologia, uma doutrina, uma tendência. O leitor obrigava-se a seguir esta linha até o final do livro, se o conteúdo o agradava ou mesmo estava de acordo com sua tendência ideológica, este material era guardado e sua manutenção garantida. Alguns mais altruístas mantinham estas obras em bibliotecas independentemente da natureza ideológica dos textos, como foi o caso da dinastia ptolomaica do Egito que reuniu grandes coleções na célebre Biblioteca de Alexandria, [1] A cultura grega do papiro floresceu extraordinariamente durante o período helenístico (séc. VII aC), após a queda do império de Alexandre o grande, (...) reuniram-se, assim, grandes coleções de obras escritas em papiro, como a célebre Biblioteca de Alexandria. (...) Alexandria conheceu um pujante comércio de livros, que continuou após o incêndio da biblioteca original, no século I aC.
ERA GUTENBERG
O século XV registra na Europa uma importante etapa da história do livro. Gutenberg desenvolveu um sistema de tipos de metal e uma forma mecanizada de imprimir livros, mesmo que tivesse conhecimento do trabalho de impressão com tipos de madeira dos chineses (provavelmente não tivesse este conhecimento) a sua tecnologia era muito mais apurada que a dos chineses. O primeiro livro impresso por Gutenberg foi a Bíblia[5].(abaixo uma página do Velho Testamento)
Entretanto, registra a História, que em muitos momentos os livros foram considerados como meios de divulgação subversiva e profana, interferindo na ordem pré-estabelecida por governos não democráticos e totalitários. De novo a questão da linearidade do livro – produzidos nas mais diferentes formas, facilitava o controle da produção dos textos, elaborando os que estariam de acordo com as tendências dos opressores governantes ou destruindo os que induzissem os leitores a apoiarem as idéias diferentes, então subversivas.
Alguns literatos em face desta circunstância, chegam ao exagero de identificar o livro, na forma como hoje se apresenta, como uma verdadeira “ditadura da linha”, mesmo que o leitor possa encontrar, como neste texto, por exemplo, notas ao pé da página, observações grifadas, indicações de outros livros e/ou autores, o que daria aos textos tradicionais uma tendência a fugir das linearidade imposta por esta forma tradicional de leitura e uma maneira de colocar os outros textos sugeridos como hipertextos.
Mais do que uma “ditadura da linha”, o livro está limitado por uma tecnologia que pode e dever ser, gradativamente, substituída por uma outra que dê sintonia à tendência de agilizarmos a leitura por caminhos não obrigatoriamente previstos, nem mesmo pelo autor, isto é, as tecnologias mais modernas poderão, de forma satisfatória, dar ao leitor a oportunidade de, segundo seu contexto (o do leitor), um rumo diferente ao texto original buscando, pelos links, os hipertextos que mais de enquadrem em sua forma de pensar sobre o tema original. Desta maneira o leitor não fica prisioneiro da “linha” imposta inicialmente pelo leitor que passaria a ser denominado “lautor”[6], uma simbiose de autor e leitor.
UM POUCO SOBRE GUTENBERG
GUTENBERG, Johann Gensfleish (1397 ?-1468) - Nascido na cidade de Mogúncia (Alemanha), no seio de uma família bastante próspera, é a ele que se deve a criação do processo de impressão com caracteres móveis - "a tipografia". Tanto o seu pai como o tio era funcionário da Casa da Moeda do arcebispo de Móguncia, sendo provavelmente ali que Johan aprendeu a arte da precisão em trabalhos de metal. Em 1428, Gutenberg parte para Estrasburgo onde procedeu às primeiras tentativas de imprimir com caracteres móveis e onde deu a conhecer a sua idéia. Nesta cidade terá, provavelmente, em 1442, impresso o primeiro exemplar na sua prensa original - um pedaço de papel, com onze linhas. Em 1448 voltou a Mogúncia. Aqui, em 1450, conhece Johann Fust, homem de dinheiro, que lhe terá emprestado 800 ducados, exigindo-lhe a participação nos lucros da empresa que então formaram e a que deram o nome de "Das Werk der Buchei" (Fábrica de Livros). A sociedade ganhou pouco tempo depois um novo sócio, Pedro Schoffer. Terá sido este que descobriu o modo de fundir e fabricar caracteres, aliando o chumbo ao antimônio, devendo-se a ele também uma tinta composta de negro de fumo. Mas é a Gutenberg que a história atribui o mérito principal da invenção da imprensa, não só pela idéia dos tipos móveis, mas também pelo aperfeiçoamento da prensa (a prensa já era conhecida e utilizava-se para cunhar moedas, espremer uvas, fazer impressões em tecido e acetinar o papel). Nos primeiros impressos então produzidos contam-se várias edições do "Donato" e bulas de indulgências concedidas pelo Papa Nicolau V. No início da década de 1450, Gutenberg iniciou a impressão da célebre Bíblia de quarenta e duas linhas (em duas colunas). Com cada letra composta à mão, e com cada página laboriosamente colocada na impressora, tirada, seca e depois impressa no verso, parece quase impossível que alguém tivesse coragem para começar. Ao que parece Gutenberg estaria a imprimir trezentas folhas por dia, utilizando seis impressoras. A Bíblia têm 641 páginas, e pensa-se que foram produzidas cerca de trezentas cópias, das quais existem cerca de quarenta. Nem todas as cópias são iguais, tendo algumas no início de novos capítulos, letras pintadas à mão, em caixa alta. Os peritos reconhecem que a Bíblia foi impressa em dez secções, o que significa que Gutenberg deve ter possuído tipos suficientes para imprimir cerca de 130 páginas de cada vez.Mais tarde, em 1455, depois de realizada esta impressão, a sociedade desfez-se por diferenças de interesses e direitos, suscitando-se entre Fust e Gutenberg tal dissidência que a justiça teve que intervir. Como conseqüência do julgamento e como compensação pela dívida, Fust ficou com a impressora, os tipos e as bíblias já completas, ou seja, todo o negócio de Gutenberg. Terá sido também em 1455 o ano de publicação da "Bíblia de quarenta e duas linhas".
Assim como houve uma revolução fantástica da escrita cuneiforme feita em pedras nos primórdios da civilização, estamos vivenciando uma nova e não menos fantástica revolução quando se deslumbra o caminho da escrita eletrônica. Esta escrita estabelece uma vinculação adequada entre os procedimentos reais e lineares da presencialidade do livro impresso e a comunicação eletrônica e não-linear e virtual propostas pela informática.
Os conflitos esperados serão tão grandes quanto é grande a mudança imposta pela informatização dos meios de comunicação.
CONFLITOS REAIS NA ERA VIRTUAL
“O meio eletrônico torna muita (mas não toda) informação disponível a muitos (mas não a todos). Mas esta disponibilidade de informação é sempre, como toda e qualquer informação de conhecimento, também, um exercício de poder capaz de produzir hegemonias, excluir saberes e vozes e constituir novas hierarquizações de saber e poder. Para o meio eletrônico vale também o conceito de “saber-poder” de Michel Foucault (toda forma de saber é também e simultaneamente um exercício de poder). Examinar e criticar a informação eletrônica como um tal “saber-poder” é uma das tarefas cruciais do esforço para a utilização pedagógica do computador”.(Sérgio Bellei, 2002, pp.102-103)
A utilização pedagógica dos meios virtuais e eletrônicos de difusão do conhecimento/informação através de softwares educacionais torna-se uma exigência absoluta nas escolas regulares de todo o mundo. O verdadeiro paradoxo proposto por Bellei no texto apresentado, está na utilização necessária, por ser mais fácil, dos meios eletrônicos de captação de conhecimento/informação e o risco de abandonarmos os meios tradicionais relativo aos livros em bibliotecas, pois, no primeiro caso (livros eletrônicos), há uma limitação e de certa forma controle do que se lê, mas a informação é mais selecionada, no segundo caso, há uma liberação descontrolada de informação (lixos da Internet). Qualquer pessoa que tenha um modem e uma linha telefônica poderá incluir no acervo da Internet o que bem entender, por mais absurdo ou errado que seja, pois o controle de qualidade tem se mostrado insuficiente para separar o joio do trigo.
Cabe a Escola este papel, inicialmente equipando-se e formando um grupo de professores, pedagogos e especialistas em informática para compatibilizar os procedimentos pedagógicos necessários à construção do conhecimento dentro dos pressupostos da pós-modernidade, onde a não-linearidade parece se adequar à multimídia, hipertextos e outros caminhos da informatização.
Os educadores terão que preparar o terreno para que uma pedagogia relacional, eficiente e não mecanicista, possa prosperar. Para tanto serão necessários estudos cuidadosos dos meios de ensino/aprendizagem oferecidos pela mídia eletrônica.
A informação acumulada nas últimas décadas supera em muito toda a informação obtida pela civilização desde os últimos 5500 anos. Hoje, em razão disto, é necessário que se utilizem meios de obtenção desta informação, e respectiva transformação em conhecimento, mais eficiente e rápida. A informática oferece estes meios, mas têm que ser trabalhada de forma a impedir que a facilidade imposta pelos hipertextos e links promova dispersões na busca da construção de competências.
De qualquer sorte, a aplicação de softwares educacionais associados a uma utilização competente da Internet poderá viabilizar uma maior facilidade de aprendizado entre os alunos com diferentes velocidades ou oportunidades de obtenção de informação/conhecimento fora da escola: “...Os alunos melhor dotados em capital cultural e melhor acompanhados por suas famílias seguirão de qualquer maneira, seu caminho, seja qual for o sistema educacional. O alunos “médios”acabarão encontrando uma saída, ao preço de eventuais repetências ou mudanças de orientação. À sorte dos alunos em reais dificuldades é que se pode medir a eficácia das reformas.”(PERRENOUD, Construir as Competências desde a Escola, 1999, p.71)
CONFLITO ENTRE A LINHA E A REDE
“Nunca houve tamanha possibilidade de conhecimento e tamanha possibilidade de obscurantismo” Boris Ryback
Quando um professor adotar determinado livro para que seja utilizado por seus alunos durante o ano letivo, não estará limitando o conhecimento em qualidade e quantidade?
Não seria mais eficiente a utilização de livros eletrônicos, mais adequados a uma visão não linear do conhecimento?
Indicar (não adotar) livros tradicionais (de papel) associados a livros eletrônicos não seria o melhor caminho?
Responder a estas perguntas tem sido uma das maiores dificuldades para enfrentar-se esta transição que se apresenta entre a modernidade e a pós-modernidade; entre a visão linear e não-linear do ensino; entre as pedagogias diretivas, não diretivas e relacionais.
Os livros tradicionais - escritos de acordo com programas definidos, que tenham início, meio e fim, que se ajustem a um procedimento padrão, “bem-comportado”, dentro de uma metodologia “mecanicista” – tendem a limitar a criatividade do aluno e do professor, tornam exíguos os limites de conexão entre as disciplinas. Podem, entretanto, ser bem utilizados quando vários livros são indicados o que deverá facilitar a busca de novos conceitos ou dirimir as discrepâncias entre os diferentes textos.
“Grande parte do suposto poder do romance (e, poderíamos acrescentar, do livro em geral) depende da linha, desse movimento obrigatório e controlado pelo autor, que leva do início da frase ao ponto final, da margem superior à inferior, da primeira página à última”.(Coover, 1992, p.1 – citado por Bellei)
De tudo o que se disse, o mais significativo é a não-linearidade, pois que desencadeia todos os demais problemas e dá ao livro uma seqüência limitante. Tal problema pode ser resolvido quando se conecta uma série de textos da mesma disciplina e de outras disciplinas, se possível com outros professores. De qualquer forma, fica bem clara a dificuldade em utilizar-se um determinado livro, padronizando (limitando) o processo de ensino-aprendizagem.
Qual a melhor forma de trabalharmos este material de apoio – o livro tradicional? Como alterar um comportamento secular de adoção de livro? A resposta está, talvez, na utilização de um meio mais sofisticado que mantenha as vantagens do livro, qualificando-as, e não tenha as desvantagens deste. Parece-nos razoável a utilização da informática, construindo-se mecanismos eletrônicos mais apropriados e que transcendam o texto, utilizando o hipertexto. Trata-se do livro eletrônico, que não deverá substituir o livro tradicional, mas poderá ser o recurso que libertará o aluno e o professor dos textos limitados, fechados e, em muitos casos, ideologizados. O livro eletrônico amplia de tal forma a rede de informações, através dos links, que transforma a linha original de conteúdos em uma possibilidade, e não mais uma certeza, e a construção de conhecimento que se dará de forma criativa e mais contextualizada, pois serão seguidos os caminhos dos interesses do momento.
“ (...) a verdadeira liberdade de escapar da tirania da linha pode ser vista como sendo, agora, realmente possível, graças ao advento do hipertexto, escrito e lido no computador, no qual a linha na verdade não existe, a não ser que alguém a invente e implante no texto. (Coover, 1992, p.1)
Como o conhecimento disciplinar não poderá ser ignorado, pois as competências são construídas a partir destes, o livro eletrônico se torna um desafio ao professor que se valer deste meio. Nunca o professor foi tão importante e necessário como neste momento de transição para a pós-modernidade. Valer-se de meios eletrônicos, da Internet e das Redes de informação disponíveis, da globalização do conhecimento que se avizinha como a redenção do homem frente ao pragmatismo das teses econômicas e sociais ainda dominantes, passa a ser uma questão de “vida ou morte” de um novo homem construído para a igualdade, utilizando-se da tecnologia que, neste momento, vem se constituindo em instrumento de dominação.
O livro eletrônico poderá oferecer ao aluno a instantaneidade do hipertexto com a utilização de “links” que permitirão fugir das linhas tradicionais e retornar ao eixo do tema com a mesma segurança com que se saiu. Por outro lado, não se poderá abrir mão dos textos dos livros, que continuarão a ser importantes, principalmente se associados aos livros eletrônicos que permitirão um contínuo não linear, alternando momentos virtuais com contatos com o real e com o presencial, na figura do livro e do professor, respectivamente.
O único risco da implantação desta nova visão é fugirmos da “ditadura da linha” e nos afundarmos na “ditadura da rede”.Talvez a forma mais indicada para fazermos esta transição é evoluirmos para sistema onde o leitor dos textos e hipertextos contribuam na seqüência destes com o autor, surgindo o híbrido de ambos, o “lautor”, bem definido pela lógica de Wolfgang Isler (1980):
“Um texto qualquer pode resultar em leituras diversas, e nenhuma delas pode exaurir o potencial pleno do texto, porque cada leitor preencherá os vazios da sua própria maneira, excluindo assim várias outras possibilidades; ao ler, tomará suas próprias decisões a respeito de como o vazio será preenchido”.
LIVRO ELETRÔNICO: O FUTURO COMEÇOU HÁ SESSENTA ANOS
“...O que faz de um conteúdo ou um conjunto de informações um livro, é a maneira como o livro foi concebido desde Gutemberg. Os livros como entendemos hoje - com páginas, capa, orelha, sumário etc -, não desapareceria se não fosse tão importante manter suas características”.
“Se não, o que é um livro? É o conjunto de páginas de papel ou outro material unido entre si. Quer dizer, a página em si não desaparece por estar na Internet ou no papiro, ela continuará existindo para dar seqüência a um documento, para dar uma união. E estas páginas poderão conter textos, ilustrações ou música.” Bill Gates
A evolução tecnológica alcançou, em 1945, o ponto de partida para o livro eletrônico com o trabalho de Bush[7]. Este cientista construiu um aparelho, o MEMEX, que preconizava um sistema de rede, esta era a sua idéia, que se constituiria em uma verdadeira biblioteca (que é hoje para nós, a World Wide Web). Esta máquina de leitura proposta por Bush de longe se assemelha aos nosso computadores pessoais (PCs), mas foi o impulso inicial para uma nova proposta. “[...] Desenvolvido de forma que seu conteúdo possa ser consultado com velocidade e flexibilidade, e seu poder de memória possa ser aumentado com um suplemento extra, o Memex é um dispositivo no qual um indivíduo armazena todos os seus livros, registros e comunicações [...] Conteúdos de jornais, livros, revistas e artigos, poderão ser acessados ou comprados a partir de um grande repositório de informações”, descreveu Bush.
Memex - Memory Extension
A partir da idéia de que a soma dos conhecimentos, aumentando em um ritmo prodigioso, não encontrava contrapartida em relação à evolução dos meios de armazenamento e acesso aos dados e observando o funcionamento da mente humana, segundo ele, operando sempre por meio de associações, Bush imaginou e descreveu, de maneira detalhada, uma máquina capaz de estocar montanhas de informações, fácil e rapidamente alcançáveis. Tal engenho, concebido para suprir as "falhas da memória humana", através de recursos mecânicos, é considerado o precursor da idéia de hipertexto.
. O MEMEX seria, portanto, um sistema para mecanizar a classificação e a seleção de informação. "Além dos acessos clássicos por indexação, um comando simples permitiria ao feliz proprietário de um Memex criar ligações independentes de qualquer classificação hierárquica entre uma dada informação e uma outra" , explica Pierre Lévy[8]. O mais curioso é que esta invenção que nunca chegou a existir preconizava a conexão entre os textos e um caminho não linear, isto é, fundamentava a rede
Em 1963, Douglas Engelbart materializou o sistema inventado por Bush, através da criação de um programa hipertextual denominado "Augment"[9] . A utilização do termo hipertexto para exprimir o conceito de uma organização não linear das informações em um sistema informatizado foi, no entanto, creditada a Ted Nelson. "O hipertexto é pensado por Nelson como um mídia literário onde, a partir de textos, poderíamos abrir janela e janelas de janelas dando sobre mais e mais informações (textuais, sonoras e visuais)"[10] .
O hipertexto informatizado é na verdade uma rede de textos superpostos que permite ao usuário passar de um ponto a outro sem interromper o fluxo comunicativo. Segundo Fausto Colombo, esse recurso funcionaria como uma espécie de parêntese suspensivo e momentâneo, um modo de proceder em paralelo, que quebraria a ordem linear e seqüencial do discurso[11] . Pierre Lévy define esse tipo de escritura (ou leitura) como um conjunto de nós ligados por conexões (esses podem ser palavras, gráficos, imagens ou seqüências sonoras), sendo que cada nó pode conter uma rede inteira de associações [12].
A visualização mais comum do hipertexto é através de "janelas" dispostas na tela do computador (o ambiente Windows), ou links, palavras-chaves ressaltadas no texto, que remetem a outros textos. Deve-se esclarecer que a dimensão audiovisual também está presente no conceito de hipertexto, como destaca Pierre Lévy: "ao entrar em um espaço interativo e reticular de manipulação, de associação e de leitura, a imagem e o som adquirem um estatuto de quase-textos"[13] .
A escrita hipertextual segue a lógica do nosso pensamento, que está mais próxima da desordem do que de um percurso predeterminado. Bil Viola explica que com as novas tecnologias de comunicação "todas as direções são equivalentes, o espetáculo se torna a exploração de um território, viagem a um espaço de dados (...) Nós nos deslocamos num espaço de idéias, num mundo de pensamento e de imagens tal como aquele que existe no cérebro e não no projeto de um urbanista"[14] .
Seguindo essa mesma linha, Pierre Lévy argumenta que um texto já é sempre um hipertexto. "A metáfora do hipertexto dá conta da estrutura indefinidamente recursiva do sentido, (...) já que (todo texto) conecta palavras e frases cujos significados remetem-se uns aos outros, dialogam e ecoam mutuamente para além da linearidade do discurso..." [15]
A palavra virtual pode ser entendida, segundo Piere Lévy, em diferentes sentidos: na acepção filosófica é virtual aquilo que existe apenas em potência e não em ato; no uso corrente, a palavra virtual é empregada, muitas vezes, para significar a irrealidade, enquanto a "realidade" pressupõe uma efetivação material, uma presença tangível. A rigor, em termos filosóficos, o virtual não se opõe ao real, mas ao atual. É virtual, então, para o autor toda entidade "desterritorializada" capaz de gerar diversas manifestações concretas em diferentes momentos e locais determinados, sem, contudo, estar ela mesma presa a algum lugar ou tempo em particular. No centro das redes digitais, a informação certamente se encontra fisicamente situada em algum lugar, em determinado suporte, mas ela também está virtualmente presente em cada ponto da rede onde seja pedida[16]).
Castells em seu livro "A Sociedade em Rede"[17] apresenta sua acepção para o termo virtual: a partir da idéia de que todas as formas de comunicação são baseadas na produção e consumo de sinais, conforme postulações teóricas de Barthes e Bauldrillard, entende que não há separação entre "realidade" e representação simbólica. Segundo Castells, se de acordo com o dicionário o virtual existe na prática e o real existe de fato, a realidade, como é vivida, sempre foi virtual por ser sempre percebida por símbolos formadores de prática. Para ele o inédito do sistema de comunicação organizado pela integração eletrônica de todos os modos de comunicação, do tipográfico ao sensorial, não é a indução à realidade virtual, mas a construção da virtualidade real em que "a própria realidade (ou seja, a experiência simbólica/material das pessoas) é inteiramente captada, totalmente imersa em uma composição de imagens virtuais no mundo do faz de conta, no qual as aparências não apenas se encontram na tela comunicadora de experiência, mas se transformam na experiência."
A utilização pedagógica dos meios virtuais e eletrônicos de difusão do conhecimento/informação através de softwers educacionais torna-se uma exigência absoluta nas escolas regulares de todo o mundo. O verdadeiro paradoxo proposto por Bellei no texto apresentado, está na utilização necessária, por ser mais fácil, dos meios eletrônicos de captação de conhecimento/informação e o risco de abandonarmos os meios tradicionais relativo aos livros em bibliotecas, pois, no primeiro caso (livros eletrônicos), há uma limitação e de certa forma controle do que se lê, mas a informação é mais selecionada, no segundo caso, há uma liberação descontrolada de informação (lixos da internet). Qualquer pessoa que tenha um modem e uma linha telefônica poderá incluir no acervo da Internet o que bem entender, por mais absurdo ou errado que seja, pois o controle de qualidade tem se mostrado insuficiente para separar o joio do trigo.
Cabe a Escola este papel, inicialmente equipando-se e formando um grupo de professores, pedagogos e especialistas em informática para compatibilizar os procedimentos pedagógicos necessários à construção do conhecimento dentro dos pressupostos da pós-modernidade, onde a não-linearidade parece se adequar à multimídia, hipertextos e outros caminhos da informatização.
Os educadores terão que preparar o terreno para que uma pedagogia relacional, eficiente e não mecanicista, possa prosperar. Para tanto serão necessários estudos cuidadosos dos meios de ensino/aprendizagem oferecidos pela mídia eletrônica.
“O meio eletrônico torna muita (mas não toda) informação disponível a muitos (mas não a todos). Mas esta disponibilidade de informação é sempre, como toda e qualquer informação de conhecimento, também, um exercício de poder capaz de produzir hegemonias, excluir saberes e vozes e constituir novas hierarquizações de saber e poder. Para o meio eletrônico vale também o conceito de “saber-poder” de Michel Foucault (toda forma de saber é também e simultaneamente um exercício de poder). Examinar e criticar a informação eletrônica como um tal “saber-poder” é uma das tarefas cruciais do esforço para a utilização pedagógica do computador”.(Sérgio Bellei, 2002, pp.102-103)
A informação acumulada nas últimas décadas supera em muito toda a informação obtida pela civilização desde os últimos 5500 anos. Hoje, em razão disto, é necessário que se utilize meios de obtenção desta informação, e respectiva transformação em conhecimento, mais eficientes e rápidos. A informática oferece estes meios, mas têm que ser trabalhada de forma a impedir que a facilidade imposta pelos hipertextos e links promova dispersões na busca da construção de competências.
De qualquer sorte, a aplicação de softwers educacionais associados a uma utilização competente da Internet poderá viabilizar uma maior facilidade de aprendizado entre os alunos com diferentes velocidades ou oportunidades de obtenção de informação/conhecimento fora da escola: “...Os alunos melhor dotados em capital cultural e melhor acompanhados por suas famílias seguirão de qualquer maneira, seu caminho, seja qual for o sistema educacional. O alunos “médios”acabarão encontrando uma saída, ao preço de eventuais repetências ou mudanças de orientação. À sorte dos alunos em reais dificuldades é que se pode medir a eficácia das reformas.”(PERRENOUD, Construir as Competências desde a Escola, 1999, p.71)
INÍCIO DO LIVRO DO FUTURO
Com uma convivência que poderá se prolongar por muitos anos, talvez séculos, o livro impresso trava sua luta com o livro eletrônico. Parece que nossa cultura de leitores de livros impressos que já dura muitos séculos, começa a ceder para uma tecnologia que se amplia em uma vertiginosa curva exponencial. Ednei dos Santos em seu trabalho sobre o Livro Eletrônico manifesta-se da seguinte forma: “Chegando aos dias de hoje, a Revolução dos eBooks possibilitou democratizar o acesso a leitura a um nível ainda mais alto e de uma maneira nunca antes pensada. Centenas de livros e documentos importantes, como por exemplo a carta de Pero Vaz de Caminha, podem ser acessadas com um simples clique.
Batizados de eBook [ electronic book ], o Livro Eletrônico tem múltiplas funcionalidades que permitem acesso instantâneo a documentos e vem de encontro com as idéias de muitos escritores, de fazer com que suas obras cheguem a um número máximo de leitores.”
Todas as tecnologias e mais a evolução de nossa capacidade de entender a não linearidade que se impõe para utilização e aperfeiçoamento da informatização, permitirão, com existência de uma rede de computadores e a forma de acessar informações e conhecimento, uma interação entre os escritores e os leitores, que deixarão de serem passivos e passarão a interferir nos textos – são os chamados “lautores”, os usuários do futuro das bibliotecas virtuais.
“Quem já navegou obras compostas em hipertexto pôde constatar que elas apresentavam uma ampla variedade de links, que permitem ao leitor remeter-se à origem de determinados argumentos, ou visualizar mapas e fotos da região que o texto descreve. Ou mesmo ouvir a música produzida na época retratada. Mas ainda mais instigante é a possibilidade do leitor registrar suas impressões a respeito do texto lido, ao mesmo tempo em que pode consultar as impressões de um número indefinido de leitores. De forma definida, a postura aparentemente passiva do leitor é substituída por uma atividade leitora que deixa marcas visíveis sobre o texto”.[18]
Um dos primeiros mercados dos livros eletrônicos foram as Enciclopédias. A Enciclopédia Britânica, por exemplo, vendeu tantos CD-ROMs quanto a sua versão em papel, mas os livros lúdicos em geral não tiveram o mesmo sucesso. O por que deste insucesso, lá pelos anos 80, talvez tenha sua explicação na manifestação de Bill Gates[19]: “A maioria dos dispositivos usados eram muito volumosos e pesados para serem levados aos lugares, e os usuários eram forçados a acessar "a biblioteca eletrônica" de um modo inconveniente. O sistema requeria que a pessoa visitasse um "banco de livros", algo como uma máquina ATM - servidor - localizada em livrarias. Antes da difusão da Internet, não havia nenhum modo universal para carregar um novo material de leitura. Entretanto, o problema mais fundamental era a falta de uma tecnologia de exibição que poderia competir com o papel.”A maioria destes problemas, no entanto, está sendo resolvida agora. Com o aumento em investimentos na infra-estrutura de banda larga, a World Wide Web adquirirá maneiras até mais fáceis de prover uma e-biblioteca completa, oferecendo um modo incrivelmente flexível para entregar livros em bits.Também houve algumas inovações tecnológicas incríveis que farão com que muitos textos longos possam ser lidos mais facilmente em uma tela. A Microsoft desenvolveu uma tecnologia de exibição de fonte chamada ClearType que, manipulando o vermelho, o verde e o azul (sub-pixels que compõem uma tela de LCD), melhora a resolução em até três vezes. Esta tecnologia junto com o software de leitura MS Reader e hardwares como o MyFriend, faz com que a experiência de leitura em tela comece a rivalizar a leitura em papel.
Mas por que alguém preferiria um livro eletrônico a um livro em papel, embora sua legibilidade tenha sido melhorada?
Novamente Bill Gates oferece sua contribuição ao responder estas indagações:
Porque e-livros têm muitas outras vantagens:
· O leitor obtém entrega imediata de seu livro a partir de sua livraria na Web, e pode armazenar centenas de romances em um dispositivo do tamanho de um livro normal;
· Tecnologias de livros eletrônicos permitem que o leitor tenha uma biblioteca inteira em seu bolso;
· O leitor pode também manter em seu PC ou em um laptop moderno mais de 30.000 livros;
· O leitor terá um dispositivo auditivo sincronizado ao texto, assim poderá continuar a história em situações onde a leitura seja inconveniente. Como exemplo: enquanto estiver dirigindo.
A interferência da tecnologia sobre o ser humano transcenderá as mais otimistas expectativas, segundo Raymond Kurzweil[20]: “Por volta de 2030, um computador comum será mil vezes mais poderoso que o cérebro humano”, mais adiante: “o homem vai se fundir com a tecnologia. Teremos seres humanos com milhões de computadores nos cérebro, híbridos de inteligência biológica e não-biológica. Este tipo de ‘cyborg’ ainda se considerará humano.”
Nesta perspectiva, somente poderemos interagir com formas de escrita que estejam de acordo com a velocidade exigida pelo novo homem para acessar e consumir informações.
CONCLUSÃO
Lentamente vamos aproximando nossos procedimentos cerebrais aos procedimentos tecnológicos no que diz respeito à forma de registrarmos o conhecimento.
Nosso cérebro funciona de maneira não linear, mas, durante muitos séculos aprendemos, ensinamos e registramos o conhecimento linearmente. Desde as placas de barro dos Sumérios até o livro impresso dos dias atuais, o que estava escrito tinha um direcionamento único. Dentro destas tecnologias, aprendemos a utilizar cada manifestação escrita dentro dos limites do texto, no máximo buscando outros “livros” para dar continuidade ou divergir de algum pensamento.
Com a informatização e com o advento de uma rede de comunicação através dos computadores ( a Internet), desenvolveu-se um novo elemento, o hipertexto. Este novo elemento permitiu-nos invadir áreas conexas e retornar ao texto original em uma mesma seqüência de leitura.
Esta nova tecnologia permite uma gradual substituição do livro impresso. Talvez não com a velocidade que se espera, pois muitas situações deverão ser observadas para que finalmente o livro impresso, da forma como o conhecemos, venha a ser substituído pelo livro eletrônico, principalmente por haver uma tendência natural a ocupar um espaço sem fronteiras, o ciberespaço.
É natural que esta nova tecnologia deverá superar a cultura atual de utilização do livro impresso e, como conseqüência, criar uma outra cultura – a cultura do livro eletrônico, não somente por uma questão tecnológica, mas também em razão de ser uma forma similar a do funcionamento de nosso cérebro.
Parece-me, então, que a questão tecnológica precede a questão cultural, isto é, as novas tecnologias na produção de livros promoverão uma nova visão cultural quanto ao seu uso, isto é, a evolução do livro se deve as novas tecnologias e, como conseqüência, uma nova cultura de uso, principalmente quando passa a ser de disponibilidade a um número maior de pessoas. No momento, por uma série de razões, o livro impresso ainda pode ter mais acesso do que o livro eletrônico, mas esta situação deverá se modificar com os avanços tecnológicos esperados.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BELLEI, Sergio. O Livro, a Literatura e o Computador..(2002, p.71, pp.102-103)
PERRENOUD, Construir as Competências desde a Escola, 1999, p.71)
LÉVY, Pierre. "As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática". Tradução de Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993. (Coleção Trans) p. 28-29
LÉVY, Pierre. Op. Cit. p. 33
LÉVY , Pierre. Op. Cit. p. 73
MACHADO, Arlindo. "Máquina e Imaginário: O Desafio das Poéticas Tecnológicas". São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1996. p.189
LEMOS, André. "Anjos interativos e retribalização do mundo: sobre interatividade e interfaces digitais" http://www.facom.ufba.br/pesq/cyber/lemos
COLOMBO, Fausto. "La Comunicación Sintética" In: BETTETINI, Gianfranco.
COLOMBO, Fausto. "Las Nuevas tecnologías de la comunicación". Tradução de Juan Carlos Gentile Vitale. Barcelona: Ediciones Paidós, 1995. p. 240
VIOLA, Bil. "Y aura-t-il comproprieté dans l'espace des donnés. Communications, n. 48, 1988. p. 71 Apud MACHADO, Arlindo. "Ensaios sobre a Contemporaneidade"
Enciclopédia Delta Universal, v.9, pp.4864, 4865, 1980)
Enciclopédia. Barsa/Britânica, v.9, pp.86-87, 2000
Revista Editor trechos do artigo "O Livro Digital" por José de Mello Jr. - ANO 2 - Nº 8 - Fevereiro / Março 2000
[1] No ano 213 aC o imperador Shi Huangdi mandou queimar todos os livros por achar que incitavam à subversão. No período seguinte tentou-se reparar a perda, mas a madeira disponível não era suficiente e usou-se seda como suporte. (Enc. Barsa/Britânica, v.9, pp.86-87, 2000)
[2] Os códices (codex ou liber quadratus) foram utilizados na antiguidade para substituírem os rolos de papiros, com várias vantagens operacionais: não havia mais necessidade de desenrolar todo o material para achar determinado ponto; os dois lados do material podem ser utilizados.
[3]. (Enc. Delta, v.9, p.4865. 1980)
[4] Essa impressão com madeira (xilografia) foi conhecida na Europa pelas informações de Marco Pólo. Em razão disto, alguns pesquisadores entendem que J. Gutenberg havia tomado conhecimento desta técnica e a aprimorado.
[5] A bíblia de Gutenberg, também chamada Bíblia de 42 linhas ou Bíblia Mazarin, o primeiro livro impresso com tipos móveis e do qual existem cerca de quarenta exemplares.
[6] Lautor (wreader), expressão utilizada por Bellei em “O Livro, a Literatura e o Computador”. “...É em função dessa colaboração entre autor e leitor, na reconstituição do sentido, que teóricos do hipertexto propõem, por vezes, que o leitor do hipertexto seja redefinido como um lautor, já que ele mesmo, em certa medida, produz e consome o sentido do texto”.(2002, p.71)
[7] Dr. Vannevar Bush [ 1890-1974 ], então Diretor do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento Científico dos EUA, escreveu um artigo para o periódico Atlantic Monthly, intitulado “As We May Think”. Nele, além de descrever experiências junto a sua equipe de cientistas empenhada com o desenvolvimento de novas tecnologias, Bush idealizou o que seria o primeiro protótipo de uma máquina de leitura, muito próximo ao Livro Eletrônico de hoje, no qual ele apelidou de Memex.
[8] LÉVY, Pierre. "As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática". Tradução de Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1993. (Coleção Trans) p. 28-29
[9] MACHADO, Arlindo. "Máquina e Imaginário: O Desafio das Poéticas Tecnológicas". São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1996. p.189
[10] LEMOS, André. "Anjos interativos e retribalização do mundo: sobre interatividade e interfaces digitais" http://www.facom.ufba.br/pesq/cyber/lemos
[11] COLOMBO, Fausto. "La Comunicación Sintética" In: BETTETINI, Gianfranco. COLOMBO, Fausto. "Las Nuevas tecnologías de la comunicación". Tradução de Juan Carlos Gentile Vitale. Barcelona: Ediciones Paidós, 1995. p. 240
[12] LÉVY, Pierre. Op. Cit. p. 33
[13] Idem. Ibidem. , p. 33
[14] VIOLA, Bil. "Y aura-t-il comproprieté dans l'espace des donnés. Communications, n. 48, 1988. p. 71 Apud MACHADO, Arlindo. "Ensaios sobre a Contemporaneidade" (CD-ROM).
[15] LÉVY , Pierre. Op. Cit. p. 73
[16] (Lévy, 1999, pág. 47,48
[17] (Castells, 1999, pág. 395)
[18] Fonte: Revista Editor
trechos do artigo "O Livro Digital"
por José de Mello Jr.
ANO 2 - Nº 8 - Fevereiro / Março 2000
[19]
[20] Cientista americano em entrevista a Revista Veja – edição 1982 – ano 39 – no. 45/15 de novembro de 2006