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sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Getúlio Dorneles Vargas e o Enigma do Suicídio

 Francisco de Paula Bermúdez Guedes

 
Conforme a teoria instintual, desenvolvida pelo freudismo, a vida se desenrola entre duas polaridades interativas: o instinto de vida (eros), construtivo e o instinto de morte (tanatos), destrutivo.
Getúlio Vargas
Publicado 28/08
Getúlio Dorneles Vargas (1882-!954) foi o maior estadista Latino Americano no século XX e um dos maiores do mundo.
Na qualidade de líder civil da revolução de 1930, que afastou do poder o Presidente Washington Luís e Júlio Prestes, concretizou no Rio Grande do Sul notável feito.
Federalistas (maragatos) e republicanos defrontaram-se em sangrenta guerra civil nos anos de 1893 a 1895. Em 1923 adeptos de Assis Brasil opuseram-se ao ditador Borges de Medeiros, deflagrando nova revolução, com duração de nove meses.
GetúlioVargas, com grande habilidade política, obteve a união de federalistas e republicanos, de asissistas e borgistas, ferrenhos opositores, no esforço revolucionário para depor a República Velha, inaugurando período de grande modernidade, transformando, radicalmente, a vida política e social do Brasil.
Getúlio Vargas permanece no poder, de 1930 até 1945. Em 1934, elaborou-se nova Constituição Republicana, sendo Getúlio Vargas eleito ,pelo Congresso Nacional, Presidente da República, com mandato até 1938.
Em 1937, consolida-se o poder de Getúlio Vargas, sob a égide de Nova Constituição ,inaugurando-se o período conhecido como o Estado Novo. Após o mandato do General Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), Getúlio Vargas, em eleições livres, foi eleito Presidente do Brasil, sob o pálio da Constituição de 1946.
Tais dados, apenas descritivos e não analíticos, oferecidos em resumo, são do conhecimento geral.
O que tem provocado intensas especulações é o evento trágico do suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954, com a idade de 72 anos, em pleno vigor físico e intelectual.
Alguns suscitam teorias conspiratórias: Getulio não se suicidara, mas fora vítima de homicídio. Outros levantam a hipótese de ato histórico messiânico: o auto sacrifício em prol do povo, que tanto amara. A famosa Carta Testamento parece apontar neste sentido, segundo muitos. Há os que se indagam sobre a personalidade do “Pai do Povo”, como era denominado Getúlio.
O que é o suicídio?
Karl Menninger ( 1893-1990), notável psicanalista, escreveu obra clássica sobre o suicídio: Man against Himself, O Homem contra si Próprio, onde analisa razões e diferentes formas de suicídio. A conclusão a que se chega da leitura da obra é que o suicida, às vezes, mata algo existente em si e este algo pode ser o sentimento de imenso vazio.
As racionalizações são frequentes e atribuem ao suicídio causas objetivas, como, dificuldades financeiras, desencantos amorosos, decepções etc...Nas escolas, ainda, ensinam, piedosamente, que Santos Dumont, o criador da aviação, suicidara-se pela angústia de ver sua criação, o avião, usado com máquina de guerra. Pouco se atenta para a personalidade interessante, altamente complexa, com laivos de genialidade do brasileiro, considerado o Pai da Aviação.
Em geral, o suicídio é a culminação de fortíssimo estado depressivo, este não percebido, na maioria dos casos, por familiares e pessoas achegadas. Pode que tenha traço genético; não é incomum mais de um suicida na história das famílias. Aliás, o filho de Getúlio Vargas, Manoel (Maneco Vargas), também cometeu suicídio, anos após o do seu pai. Contudo, o traço genético não explica suficientemente as causas profundas do suicídio: um mistério.
O que espanta é a estatística; o percentual de suicidas, numa sociedade, não sofre variações relativas, mantendo-se quase o mesmo. Acentua-se a estatística, em certos países, em determinada classe de pessoas, por exemplo, o suicídio de crianças e adolescentes no Japão.
Conforme a teoria instintual, desenvolvida pelo freudismo, a vida se desenrola entre duas polaridades interativas: o instinto de vida (eros), construtivo e o instinto de morte (tanatos), destrutivo.
Em generalização, sempre perigosa, pode que em algumas pessoas e em certos momentos de suas vidas, o aspecto destrutivo (no caso do suicídio, auto destrutivo) prevaleça.
Há formas reflexas de suicídio, em geral, pouco compreendidas e mesmo refutadas, como a ingestão excessiva de álcool (alcoolismo), direção em alta velocidade, exposição desnecessária a perigos etc... Na criminologia é conhecida a tese da vítima, em busca do seu algoz, como o caso do homem que tenta seduzir a mulher de alguém, reconhecidamente violento, excessivamente ciumento e portador habitual de arma.
Essas breves reflexões parecem baralhar o entendimento radical do que pode levar uma pessoa ao suicídio.
No caso de Getúlio Vargas, o suicídio apresenta-se como um enigma de dificílimo desvendamento. O grande político era homem extremamente solitário; embora comunicativo, nunca deixava revelar o que realmente pensava. Aparentemente feliz, largo e simpático sorriso, amante de bons chistes, cercado de familiares, austero na conduta...
Suas realizações e trajetória política seriam bastantes para que se sentisse plenamente realizado e eternizado na história do Brasil.
Por que, então, o suicídio?
Arrisco algumas hipóteses, mais levado pela estima familiar pelo grande estadista e no intento de conciliar em mim as emoções provocadas pelo evento, revividas em 24 de agosto deste ano. Menino de 13 anos em 24 de agosto de 1954, chegado em casa vi, por vez primeira e única, meu pai chorar, abraçado em mim. Os ancestrais de meu pai eram de São Borja e havia laços fortes de amizade com a família Vargas. Meu pai, nascido em 1896, era da geração em que persistente a consigna gauchesca: homem macho, não chora.
Pode que as grandes ambições do político tenham ficado incompletas, como ocorre, quase sempre, quando altos níveis de aspirações resultam frustrados. Getúlio internalizou o Brasil e a ele dedicou grandes projetos.
Enfrentando a dureza de nova deposição da presidência, fruto de forte campanha difamatória, capitaneada por Carlos Lacerda e outros, viu-se frente à derrocada de seus intentos. Envelhecido, sentindo o isolamento, o homem triste, reservado e solitário pronunciou-se inclemente, levando-o a forte depressão.
Um dos mais dolorosos sentimentos de perdas revela-se no abandono, real ou fantasiado; é possível cogitar que esse sentimento tenha sido vivenciado por Getúlio, nos últimos meses de sua vida.
Pode que a morte auto provocada tenha sido o repto aos que o injuriavam, a única arma que poderia derrotá-los, o desagravo aos que o abandonaram. Assinalam alguns psicólogos que o ato suicida poder ter a finalidade de provocar culpas naqueles que destrataram,perseguiram, traíram ou privaram de amor, em vida, o suicida.
Talvez, psicólogos possuam interpretações mais acuradas do gesto estremo do grande Presidente.
As especulações sobre o suicídio de Getúlio Dorneles Vargas, ainda, persistirão.
Em 24.08.2012, transcorrido 58 anos da morte do estadista, meu pensamento voltou-se a ele. Um aristocrata rural, advogado e político, tomado de autêntico afeto pelo povo e que, com as rédeas do poder, criou um dos momentos de maior modernidade no Brasil, abrindo espaços de realizações e prosperidade para a classe dos despossuídos.
Fonte: Francisco de Paula Bermúdez Guedes

terça-feira, 28 de agosto de 2012

EDUCAR PARA A CIDADANIA PLENA


 
NEIFF SATTE ALAM[*]
O encanto jamais desaparecerá se a capacidade de sonhar do educador prevalecer sobre a amargura e as dificuldades do caminho, pois, pela estrada que nos leva ao horizonte inatingível do conhecimento absoluto, vamos descobrindo outros “eus”, escondidos nos nossos tempos anteriores em que, atemorizados pelo desconhecido, temíamos as novas descobertas. Buscamos, então, o saber – conhecimento do conhecimento. Centrando nossas ações no “pensamento” e,  valorizando o sonho, passamos à ação...


            Pensar, agir, pensar ..., sequência que enriquece o ato de conhecer, estabelece linhas imaginárias sobre o concreto e concretiza a imaginação. Criamos a partir desta premissa, revolvemos a teoria em sintonia com a prática.

            Desde o momento de formação de nosso embrião aprendemos as coisas do mundo real e, gradativamente, vamos conectando este mundo real ao nosso mundo imaginário. Se a tarefa se refere a uma existência, temos um universo de idéias, teorias e hipóteses a nossa disposição, mas se esta tarefa conecta existências de diferentes indivíduos em diferentes épocas, a linha de aprendizagem passa a envolver outros elementos que, detentores de informações que se transmitem de uma geração a outra, irão interferir na aprendizagem individual, dando-lhe sequência, lógica e cumprindo etapas que se comparam as que entendiam existir Piaget e outros.

O educador é o mago que, sem a varinha de condão, faz fluir da mente dos pequeninos a vontade de vencer etapas, trilhar caminhos, ultrapassar abismos de ignorância ignorando os abismos impostos pelos apóstolos da inapetência, do “não querer fazer” e da vontade de não ter vontade.

            Levantando o véu que cobre o desconhecido, o educador, lenta e progressivamente, vai desvendando os mistérios do conhecer, do saber e do criar. Com a humildade de um aprendiz, com a tolerância de um companheiro e com a sabedoria de um mestre, o educador segue semeando os ensinamentos que farão fluir da pedra bruta os cidadãos que serão responsáveis pelos destinos dos povos.

            Felizes são os povos que têm educadores respeitados pelos seus dirigentes, amados pelos cidadãos livres e de bons princípios, pois estes terão dignidade de caminhar sobre as estradas que, obscuras, vão se iluminando com sua passagem.

            Todos nós educadores que desvendamos os mistérios da sabedoria para crianças, jovens e adultos somos uma peça na construção de homens que anseiam por liberdade, que conheçam seus limites, que tenham a compreensão da natureza humana para poderem entender a si próprios e, erguendo sua auto-estima, sejam felizes e façam a felicidade de seus semelhantes.

            A paz, que é o anseio de todo o mundo quando estamos envolvidos em uma guerra planetária onde são usadas armas de destruição em massa, como a fome, o desemprego e as doenças, só poderá ser conseguida quando as mãos dos educadores estiver sem as amarras de interesses mesquinhos dos que detém o poder, quando a palavra dita pelos mestres do aprender não for sufocada pelos ruídos da intolerância e da incompreensão e, principalmente, quando a liberdade não for apenas uma palavra, mas uma realidade.
            Educador, mestre, professor, dedica-te a um momento de reflexão da importância que tens para com a universalização da paz, da cidadania plen


[*] PROFESSOR UNIVERSITÁRIO APOSENTADO DA UFPEL

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A FORÇA DAS IDEIAS


 
Neiff Satte Alam

 

“...As ideias e, mais amplamente as coisas do espírito, nascem dos próprios espíritos, em condições socioculturais que determinam as suas características e as suas formas, como produtos e instrumentos do conhecimento”.

Edgar Morin,O Método 4, p.131

 

 

As grandes ideias, nascidas do cérebro privilegiado de grandes filósofos e pensadores, de nada valeriam se não fossem colocadas em prática. Os governantes, quando políticos responsáveis e coerentes, deverão se valer destes intelectuais, pois deverá sempre haver um conhecimento solidamente construído para que se desenvolvam políticas adequadas aos anseios do povo. Posicionamentos como o de que “...a finalidade de nossa escola ensinar a repensar o pensamento, a ‘des-saber’ o sabido e a duvidar de sua própria dúvida; esta é a única maneira de começar a acreditar em alguma coisa”, de Juan de Mairena, pode, ser a força motriz para que se trilhe caminhos seguros de liberdade e democracia, por consequência.

 

     Nossos estudantes só aprenderão se não acumularem informações sem a necessária compreensão e se colocarmos em seus cérebros a semente da incerteza e do aprender pelos erros e dúvidas e não pela conveniência de regras dogmáticas como se tudo fossem axiomas, prontos para o consumo e sem discussão ou contestação: “mais vale uma cabeça bem feita do que uma cabeça cheia”, disse Montaigne quando o Brasil estava sendo descoberto, no início do século XVI.

 

     Quais nossas necessidades no mundo das relações entre as ideias e os fatos? Talvez em um primeiro momento seja o de valorizar a educação como prioridade das prioridades e fornecer condições de acesso a uma educação qualificada para todas as pessoas, indistintamente e sem ignorar a frase de E. Morin: “ as ideias são mais teimosas e os fatos quebram-se contra elas com mais freqüência do que elas se quebram contra eles”.

 

     Ai estão algumas idéias que poderão romper com práticas antiquadas e que não consideram importante democratizar o conhecimento, disponibilizar uma educação em que a construção do conhecimento seja viabilizada e que se permita, então, formar homens e mulheres em condições de enfrentar as adversidades e desigualdades impostas pela vida.

 

     Romper com tudo isto que emperra o desenvolvimento através de uma revolução na educação precedida de uma revolução do pensamento, vencendo a barreira da linearidade que vem se impondo por séculos; qualificar os profissionais da educação, dando-lhes condições dignas de vida; disponibilizar recursos em quantidade e qualidade suficientes e que cheguem até as escolas; criar políticas públicas centradas no homem e no conhecimento; cuidar muito especialmente das crianças, cujos cérebros são os portadores de uma enorme capacidade de imaginação e criatividade, são os caminhos seguros para que as idéias sejam a força motriz do desenvolvimento da espécie humana em um planeta mais seguro e renovado.

 

 

 

domingo, 19 de agosto de 2012

ISTO NÃO É COINCIDÊNCIA, É PREMONIÇÃO......

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Desutilidades



Neiff Satte Alam

Dia destes, observando a minha auxiliar para trabalhos domésticos tirar o pó de uma estante de livros com um interessante espanador de penas, percebi que o que estava acontecendo era simplesmente uma mudança de lugar do pó, isto é, o espanador trocava o pó de lugar, menos, é claro, o pó que se encontrava embaixo dos livros e de alguns outros objetos, entre os quais algumas pequenas toalhas rendadas, pois, ao retirá-las da prateleira, verifiquei que a marca da renda estava impressa na madeira!

Realmente existem muitas “desutilidades” domésticas. Por vezes encontramos nas gavetas da cozinha alguns objetos comprados de camelôs que faziam maravilhas com descascadores de batata, cenoura, laranja e tudo o mais que se come sem casca, mas, em casa nunca funcionam. Faca de dois gumes, então, servem para cortar os dedos das cozinheiras; e os abridores de latas cheios de engrenagens e outras “parafusetas” que dormem permanentemente no fundo das gavetas e passamos a utilizar os tradicionais, simples e funcionais? Estas coisas todas não superam as armadilhas dos brinquedos eletrônicos da Coréia ou da China, quando funcionam têm vida curtíssima, pois as pilhas comuns não servem, as conexões são encerradas em compartimentos colados e inacessíveis, finalmente “jazem” e em algum armário, assim como DVDs piratas do tipo “usa uma vez e põe fora” (quando se consegue ver o filme todo).

A lista poderia ser aumentada cem vezes, bastaria que fizéssemos uma breve concentração. Entrariam neste rol, sem muito esforço, projetos de recuperação da Educação Básica, de recuperação salarial dos aposentados, CPIs para investigar irregularidades de lá e daqui, enfim uma gama enorme de ações que se constituem em “desutilidades”, não por serem desnecessárias, mas por serem formas disfarçadas de fazer de conta que os parlamentares, em sua maioria, estão trabalhando para atender as demandas sociais.



Entre as “desutilidades” mais marcantes no campo da política brasileira estão os coronéis nortistas e nordestinos comandando o Senado. Qual a utilidade, por exemplo, de um Sarney ou de um Collor? Fora as discussões de beleza e de apoio mútuo, o que mais fazem ou fizeram pelos eleitores?

O pior é que não dá nem para espanar, pois se o fizermos estaremos mudando de lugar esta poeira parlamentar. Dizem que utilizaram um enorme espanador de penas de ema para tirar o Sarney do Maranhão, mas, da mesma forma que o pó do meu escritório, mudou de lugar: foi parar no ...  Amapá !

domingo, 5 de agosto de 2012


                Eduardo Leite, candidato a Prefeito de Pelotas, respaldado por coligação de nove Partidos, junto com seus pais em almoço de abertur da campanha – em 05 de agosto de 2012



                                                     PELOTAS DE CARA NOVA