Neiff Satte Alam
“...As ideias e, mais amplamente as coisas do espírito, nascem
dos próprios espíritos, em condições socioculturais que determinam as suas
características e as suas formas, como produtos e instrumentos do
conhecimento”.
Edgar
Morin,O Método 4, p.131
As grandes ideias,
nascidas do cérebro privilegiado de grandes filósofos e pensadores, de nada
valeriam se não fossem colocadas em prática. Os governantes, quando políticos
responsáveis e coerentes, deverão se valer destes intelectuais, pois deverá
sempre haver um conhecimento solidamente construído para que se desenvolvam
políticas adequadas aos anseios do povo. Posicionamentos como o de que “...a
finalidade de nossa escola ensinar a repensar o pensamento, a ‘des-saber’ o sabido
e a duvidar de sua própria dúvida; esta é a única maneira de começar a
acreditar em alguma coisa”, de Juan de Mairena, pode, ser a força motriz
para que se trilhe caminhos seguros de liberdade e democracia, por consequência.
Nossos
estudantes só aprenderão se não acumularem informações sem a necessária
compreensão e se colocarmos em seus cérebros a semente da incerteza e do
aprender pelos erros e dúvidas e não pela conveniência de regras dogmáticas
como se tudo fossem axiomas, prontos para o consumo e sem discussão ou
contestação:
“mais vale uma cabeça bem feita do que uma cabeça cheia”, disse Montaigne quando o Brasil estava
sendo descoberto, no início do século XVI.
Quais
nossas necessidades no mundo das relações entre as ideias e os fatos? Talvez em
um primeiro momento seja o de valorizar a educação como prioridade das
prioridades e fornecer condições de acesso a uma educação qualificada para
todas as pessoas, indistintamente e sem ignorar a frase de E. Morin: “ as
ideias são mais teimosas e os fatos quebram-se contra elas com mais freqüência
do que elas se quebram contra eles”.
Ai
estão algumas idéias que poderão romper com práticas antiquadas e que não
consideram importante democratizar o conhecimento, disponibilizar uma educação
em que a construção do conhecimento seja viabilizada e que se permita, então,
formar homens e mulheres em condições de enfrentar as adversidades e
desigualdades impostas pela vida.
Romper
com tudo isto que emperra o desenvolvimento através de uma revolução na
educação precedida de uma revolução do pensamento, vencendo a barreira da
linearidade que vem se impondo por séculos; qualificar os profissionais da
educação, dando-lhes condições dignas de vida; disponibilizar recursos em
quantidade e qualidade suficientes e que cheguem até as escolas; criar
políticas públicas centradas no homem e no conhecimento; cuidar muito
especialmente das crianças, cujos cérebros são os portadores de uma enorme
capacidade de imaginação e criatividade, são os caminhos seguros para que as idéias
sejam a força motriz do desenvolvimento da espécie humana em um planeta mais
seguro e renovado.