Neiff Satte Alam
Interessado por determinado tema, acessei o Google. Rapidamente encontrei o que procurava. Ali estava pronto, sem nenhum trabalho extra, sem gastar muito tempo para pensar, e até sem pensar muito, o resultado de minha pesquisa eletrônica. Bons tempos estes novos tempos, mas, refletindo melhor, uma inicialmente breve preocupação passou a ser uma enorme preocupação, não comigo, mas com as crianças e adolescentes que, antes de apertarem os botões e as teclas dos aparelhos eletrônicos e entrarem no ciberespaço, necessitam desenvolver sua criatividade, dar asas à imaginação e desenvolver uma prática reflexiva que os coloque no mundo real antes de dominarem o mundo virtual e toda a tecnologia disponível.
A linguagem gestual que nos faz caminhar, falar e pensar; a relação direta com a natureza onde podemos observar a harmonia de um sistema ecológico em permanente luta por equilíbrio; as brincadeiras em grupos de crianças soltando pipas, jogando bolinhas de gude ou peões; colecionando figurinhas ou em um simples pega-pega ou esconde-esconde, constituem-se em preparações para uma vida real que enfrentará a virtualidade da máquina e permitirá, então, uma inserção positiva no ciberespaço. Uma inserção que nos colocará em vantagem sobre a máquina e nos permitirá desfrutar de toda a informação que pudermos recolher da Internet, com uma capacidade enorme de separar o “lixo” do “útil”.
É na Escola, na sala de aula, sob a orientação de um professor que tudo isto poderá ocorrer. Quanto mais informatizado for o planeta, quanto maior for o espaço cibernético, quanto mais informações estiverem disponíveis, maior será a necessidade e importância do professor. Um professor dos novos tempos, atualizado, interessado e respeitado.
O Google não é um professor, pois limita-se a ser um sítio de informações e o professor, que não é o Google, é quem permitirá, através de um processo de ensino-aprendizagem, que esta informação se transforme em conhecimento.
De nada teria me ajudado a procura de uma informação no Google se não tivesse tido antes um exército de professores, que me ensinaram a ler, escrever e realizar as primeiras operações matemáticas. Soltar pipas e lançar o peão, depois construir pipas e peões, finalmente ensinar crianças a utilizarem e até produzirem estes brinquedos, constitui-se em uma forma de prepará-las para um mundo onde as informações surgem com uma velocidade maior do que nossa capacidade de absorvê-las.
Se o professor do século passado era importante, o deste século é essencial para que estas gerações possam se desenvolver plenamente, mas dominando a máquina, dominando o ciberespaço e conscientes de que o ato de ensinar e aprender são fundamentais para usufruirmos desta fantástica tecnologia e deste momento ímpar da humanidade onde as fronteiras do pensamento inexistem.