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quarta-feira, 7 de setembro de 2011

EDUCAÇÃO E ARTE

Neiff Sate Alam



“A educação pela arte tenta o desenvolvimento de sensibilidade, imaginação, criatividade do ser humano, possibilitando ainda um crescimento em termos de visão estética, emocional e intelectual do seu mundo.”(MOSQUERA, Juan)





Desprezar a arte na educação tem sido um erro no nosso sistema educacional, pois vem suprimindo a criatividade natural de nossas crianças e jovens. Esta negligência histórica vem prejudicando a tarefa de estimular os estudantes a terem idéias originais. Devemos, professores que somos, acelerar a criatividade, a sensibilidade e a utilização de raciocínios originais. “...Se queremos promover a criatividade, precisamos encorajar a expressão espontânea, especialmente das crianças mais novas. Em certos momentos, deixemos que os alunos soltem suas idéias, à medida que estas lhes ocorram. Em vez de pintar, deixemos que eles por vezes rasguem papéis coloridos. Ou que batam nas coisas, no saguão, para descobrir-lhes o som”. (KNELLER, George)

Não devemos, por outro lado, permitir a separação da imaginação e do intelecto, pois isto poderia transformar-se em pura fantasia. Nosso modelo atual vem sendo pressionado por uma tendência a valorizar determinadas áreas do conhecimento por serem mais ajustadas ao sistema econômico que modela nossa sociedade. Damos mais valor a conhecimentos reducionistas vinculados à Matemática, Física, Química e Biologia do que à Filosofia, Sociologia, História e, principalmente, à Educação Artística, em todas as suas manifestações.

O reducionismo tem sido um obstáculo ao pensamento criativo. A imaginação, a criatividade e a sensibilidade devem ser o ponto central do processo educacional. Através do aprimoramento da sensibilidade, de uma desmassificação do ensino, valorizando o indivíduo em respeito a sua originalidade e unicidade, o sentido do pessoal e único.

Sendo a manifestação artística um ato pessoal, o aluno, através da Arte, cria e recria o seu universo interior; alimenta seu conhecimento com imaginação enriquecendo suas emoções; acelera seu sentido de humanização quando dialoga, pela arte, com sua cultura.

Sobre os ombros dos professores de arte recai uma enorme responsabilidade uma vez que precisam ser, segundo Mosquera, pessoas de consciência para alertar aos seus estudantes de suas capacidade e potencial.

Se tudo o que escrevemos acima é real, porque observamos o declínio da Educação Artística nas escolas? Porque a maior importância a outras áreas do conhecimento? Provavelmente porque em nosso mundo capitalista os valores artísticos (ou dados à arte) e a própria arte transformou-se em mercadoria e os artistas em produtores de mercadorias.

A escola, mais que a educação, submeteu-se a esta nova ordem.

Podemos e devemos modificar este estado de coisas. O modelo emergente que se apóia em uma pedagogia relacional, portanto interativa, induz o professor a estabelecer um encontro existencial com o seu aluno que, pela arte, busca valores resultantes deste encontro, embora guiados pelos valores do professor. Podemos, desta forma substituir o homem-comum pelo homem-sensível.

Para Mosquera, os professores de arte devem criar um clima apropriado, no qual os estudantes possam responder, aprender e criar; os professores de educação artística precisam desenvolver um sentido humano e criador no seu relacionamento com as outras pessoas; os professores de educação artística devem possuir conhecimento pertinente sobre a arte em geral e manipular técnicas adequadas de sensibilização.

O ensino da arte na Escola Fundamental, diferentemente do Ensino Médio, tem-se desenvolvido um trabalho mais eficiente, desenvolvendo-se a habilidade gráfica e sentido estético, mas no Ensino Médio ainda sofremos a forte interferência mecanicista de uma sociedade que seu desenvolveu a partir da Revolução Industrial.
A saída está na capacidade dos professores de se readaptarem a uma nova ordem fundamentada na liberdade, na capacidade de dialogar, na empatia e principalmente na capacidade de entender o novo e não se deixar seduzir pela estagnação e acomodação, pois a arte é dinâmica, tão dinâmica quanto às conquistas do homem em qualquer área do conhecimento.

“O lugar comum da desumanização da arte pela técnica e pela ciência, deverá ser substituído pela reflexão profunda dos caminhos de totalidade do agir do homem”. (MOSQUERA)