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sábado, 1 de novembro de 2008

NÃO MALTRATEM AS ROSAS...

Neiff Satte Alam“

Os que se dedicam à crítica das ações humanas jamais se sentem tão embaraçados como quando procuram agrupar e harmonizar sob uma mesma luz todos os atos dos homens, pois estes se contradizem comumente e a tal ponto que não parecem provir de um mesmo indivíduo”. Montaigne (1533-1592)

As diversas faces de um mesmo indivíduo, como se possuísse várias máscaras, como as ‘personas’ utilizadas pelos atores do teatro grego ao tempo de Ésquilo, podem ir caindo na medida em que os interlocutores se aproximam da face verdadeira e o filtro, que muitas vezes é a função da máscara, começa a desmoronar. Desmascarando-se, os atores ficam com a verdadeira face exposta ao olhar inquisidor e implacável dos que admiravam o ator, mais pela máscara do que por algum atributo pessoal mais importante.

O ator, desnudado da máscara, começa a mostrar suas contradições, destaca, muitas vezes, o pior de sua personalidade, confunde o observador em um primeiro momento, mas na seqüência de seus procedimentos vai se deteriorando gradativamente e uma triste figura se apresenta aos estupefatos observadores, antes admiradores do personagem, mas que agora sabem dos artifícios para enganar e tripudiar da boa fé de tantos quantos apostavam no que representava a máscara, não o homem atrás da máscara.

Assim ocorre na política. Atores com suas múltiplas máscaras, uma para cada situação e momento, muitos políticos vão ludibriando os eleitores, correligionários, companheiros de jornadas difíceis onde só a lealdade de princípios e não ações pragmáticas que soterram as ações programáticas e suas ideologias aí contidas, fazem a união e admiração pelos líderes que deveriam conduzi-los pelos caminhos ásperos dos partidos políticos onde a ética e a definição ideológica deveriam ser a bandeira.

Infelizmente as contradições de muitos políticos fazem com que pareçam ser várias pessoas em uma só, uma verdadeira esquizofrenia política, uma ‘persona’ para cada situação. Situações que desarmonizam e desequilibram as relações intra e inter partidárias. Confundem a mente dos filiados de seus partidos e não atraem os filiados adversários, pois só o que fazem é alimentar a desconfiança de todos.

Nesta situação, muitas agremiações partidárias têm se apequenado e se transformado em reboque desqualificado de outras agremiações que se aproveitam das fraquezas de seus líderes para exercerem domínios interpartidários nesta absurda fase da vida política brasileira em que o pragmatismo das campanhas eleitorais se estende até o exercício do poder.

Sem máscaras e com uma profunda revolução intra-partidária, devem os partidos atingidos por desmandos de seus falsos líderes revisarem suas posições e reorganizar o caminho e a caminhada em direção ao futuro, pois da mesma forma que um jardineiro consciente deve cuidar das rosas de seu jardim e evitar que pragas e um ambiente contaminado prejudiquem suas flores, os dirigentes partidários deverão proteger os filiados de seus partidos, para que não se transformem em rosas sem viço, sem brilho, sem vida ...

Jardineiros! Não maltratem as rosas ...