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quinta-feira, 25 de abril de 2013

ROUBANDO O FUTURO


 

NEIFF SATTE ALAM

“Como a característica mais marcante da “casa-Terra” é a sua capacidade intrínseca de sustentar a vida, uma comunidade humana sustentável tem de ser feita de tal maneira que seus modos de vida, negócios, economia, estruturas físicas e tecnologia não prejudiquem a capacidade intrínseca da natureza de sustentar a vida”. CAPRA

            Quando todo o equilíbrio dinâmico de um sistema está ameaçado; quando a comunicação em rede dos seres vivos sofre rupturas de tal forma que as conexões relaxam; quando a diversidade, fator importante para uma maior resistência e capacidade de recuperação, homogeneíza-se pela ação descontrolada sobre o meio, e tudo isto em razão de uma preocupação única de resolver questões de economia e de negócios, a  sustentabilidade necessária passa a não existir. Estamos, aqui, utilizando o conceito original de sustentabilidade proposto por Lester Brown, início da década de 1980: “Uma sociedade sustentável é aquela que é capaz de satisfazer suas necessidades sem comprometer as chances de sobrevivência das gerações futuras”. Simples, assim.

            Os grandes negócios, responsáveis por “surtos econômicos” positivos em determinadas regiões, em geral comprometem o equilíbrio dinâmico do ambiente quando se despreocupam com as questões de sustentabilidade ou “miniminizam” os traumas ecológicos que possam comprometer a biodiversidade, o equilíbrio das e entre as redes e o equilíbrio dinâmico dos ecossistemas envolvidos nestes rendosos negócios.

            Um exemplo claro deste desinteresse real para com as questões de equilíbrio ambiental é o terrível dano causado ao sistema ecológico de várias bacias hidrográficas da parte norte do Estado (RS) evidenciado por uma mortandade recorde de peixes, principalmente no Rio dos Sinos. Se houve a morte de milhões de peixes, imagine-se a destruição do plâncton e bento que não pôde ser fotografada, mas que ocorreu em números mais expressivos do que o de peixes. Como conseqüência, em curto prazo, o desabastecimento de água potável para a população da área atingida e a redução da pesca que é o meio de vida de milhares de pescadores que terão de ser socorridos pelo governo, o que determinará deslocamento de recursos públicos de outras áreas.

            Em outra região do Estado, Região Noroeste, toneladas de pesticidas são lançados em rios determinando, também, destruição da fauna e flora aquáticas, de novo o abastecimento de água potável se complica e os recursos para dar condições de uso humano para a água captada são aumentados. Mais dinheiro público, nosso dinheiro.

            Isto que nem chegamos a considerar a questão da monocultura de eucalipto na região sul do nosso Estado, pois os danos que já aparecem em doses astronômicas no norte somente serão sentidos daqui a alguns anos em nossa região.

            A sustentabilidade somente será obtida quando formos eco-alfabetizados e quando qualquer projeto ecológico levar em consideração que o capital natural é finito e que o capital criado jamais poderá interferir ou extrair  qualquer elemento natural sem a devida compensação que permita retorno às condições de equilíbrio originais, pois vida e equilíbrio dinâmico são indissociáveis e a quebra desta regra simples resultará em graves conseqüências para as gerações futuras, que são nossa responsabilidade.

            Em respeito as gerações futuras, devemos ser duros com os que querem, em nome de falsas promessas de desenvolvimento regional e de empregos abundantes, destruir nosso capital natural e nos roubar o futuro, legando desertos aos nossos filhos e netos...

segunda-feira, 22 de abril de 2013

PRIMEIRA AULA


Neiff Satte Alam

 

As minhas relações com os alunos e com o tempo, o tempo de vida, o tempo de trabalho, fazem-me retornar aos bancos escolares e, o mais importante, retornar no tempo. Minha infância passa pelos meus  olhos, pela minha mente. Sinto-me atemporal, pois o encontro entre o passado e o presente é apenas um jogo mental, mas é o que aprendemos nas nossas primeiras experiências como estudantes e que marca nossos caminhos.

              Sempre fico apreensivo em minhas primeiras aulas no início do ano letivo. Sinto-me de novo uma criança. São essas impressões que procuro registrar neste depoimento que é o retrato de um lapso de tempo, mas que dá  ritmo ao trabalho do ano.

Entrei. Caminhei firme, sem nervosismo, seguro, curioso...muito curioso. Trinta e poucos adolescentes, trinta e poucos pares de olhos, concentraram-se em mim. Trinta e seis anos de sala de aula, cinqüenta e cinco anos de vida e, pela milésima vez, senti aquela centelha de energia que plasmou aquele instante como se fosse o primeiro contato com alunos. Renasci.

            Em poucos segundos captei as mais estranhas e controvertidas mensagens não faladas, sensações de neurônio para neurônio (dos deles para os meus, dos meus para os deles), travamos uns diálogos mudos, infinitos na finitude daqueles segundos. Amamos-nos e nos odiamos, somos simpáticos e antipáticos, severos e permissivos. Nossos inconscientes traçaram as linhas de construção de nossa relação. Iniciou o ano letivo.

            Incrível, mas ainda não sei o que realmente passo de positivo aos meus alunos. Em certos momentos fico com a sensação de que “falo como mudo e eles me escutam como surdos”. Em outros momentos a nossa comunicação é quase perfeita, como se houvesse uma magia.

            Quando mentalizo a distância de idade que nos separa, quanto traço um paralelo entre as características sociais, políticas, econômicas que movimentavam o meu mundo quando tinha a idade daqueles jovens e uma cabeça como a deles, inconseqüente, corajosa (quase incendiária), irreverente, mas com limites bem definidos quanto aos papéis que todos desempenhávamos, sinto que podemos nos entender perfeitamente, mas que é a partir de mim que isto deve ocorrer, pois, entre nós, apenas eu posso viver em dois tempos diferentes simultaneamente: posso ser jovem enquanto lembrança e memória, voltar a me sentar nos bancos escolares, ver o professor entrar, seguro ou não, curioso ou não, talvez não soubesse determinar isto para a maioria deles ( sempre há exceções)  e posso ser adulto, maduro, com uma vivência larga que se traduz em experiência. Posso unir o ontem ao hoje. Posso contar histórias da história contada.

            Esta é a primeira aula. Dou-me conta, as vezes, de que segurei o tempo. Centenas de horas passaram-se em uma fração de segundo. Lembro da professora de Francês que me obrigava a cantar o hino da França, do Professor de Física que atormentava meus dias com intermináveis teoremas (decorei quase todos, não sei de nenhum), do Professor de Matemática (um deles lia belos poemas o outro....era eventual), as aulas de Biologia em que a professora ficava corada toda a vez que falava em sexo e isto fazia-nos suspirar...! Tinha a professora que me alfabetizou, eu tinha seis anos e me apaixonei por suas pernas, que pernas! E ela me ignorou, não quis nem namorar comigo...

 Acordo, olho meus alunos, pensam que meus pensamentos são para eles, mas não, estava me reabastecendo na minha juventude para poder entendê-los.

            Confesso, e peço segredo, que quando finalmente vou dirigir-lhes a palavra, não sei o que dizer. Devo me apresentar (bobagem já sou  mais dos que conhecido)? Quem sabe fazer uma frase de efeito? Dizer uma piada? Pedir que eles se apresentassem é uma boa. Ganha-se tempo para criar um momento inicial triunfal, inesquecível, mas aí toca a campainha, termina a aula e eu digo: - “até amanhã”!

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

AMBIENTALISTAS, COM MUITA PRUDÊNCIA, PRESERVAM O FUTURO.


 

Neiff Satte Alam[*]

 

 

Quando caía a noite, um passarinho que tinha sido posto numa gaiola começava a cantar. Um morcego ouviu sua voz. Foi perguntar-lhe por que de dia ele descansava e à noite cantava. O passarinho respondeu:

- Tenho minhas razões. Foi cantando de dia que terminei preso; desde então, aprendi a ser sensato.

O morcego lhe disse:

- A prudência agora não adianta de nada: por que não a usaste antes de te prenderem! (Fábula de Esopo, séc. VI a.C.)

 

 

     Desenvolvimento sustentável, verdadeira meta dos ambientalistas que lutam no presente por um futuro onde a natureza se harmonize com todos os seus componentes, vivos e não vivos. O homem, parte importante nesta equação, tem uma maior responsabilidade, pois pode interferir de modo mais agressivo sobre a natureza em comparação a qualquer outro ser vivo.

     Lamentavelmente existem os detratores dos ambientalistas que, dando um sentido pejorativo à expressão, buscam argumentos incoerentes, agressivos e com elevado grau de inconsequência, pois, desconhecendo a relação entre capital natural e capital criado, pensam que capital criado assegurará um mercado futuro rentável e esquecem que com a desestruturação do capital natural poderá não haver futuro, em uma visão muito pessimista, ou um futuro com baixíssima qualidade de vida para o homem e aos demais seres vivos que restarem, todos em busca de um novo clímax, que passarão por uma sucessão secundária com enormes obstáculos e forte pressão de seleção.

     Diferentemente do que dizem determinados pensadores “xiitas”, que nós os ambientalistas denominamos carinhosamente de “ecopatas”, somos totalmente favoráveis ao desenvolvimento de nossa e de qualquer outra região do planeta, desde que não comprometa a qualidade de vida das gerações futuras. Esta tarefa é, no entanto, de extrema dificuldade, pois as vantagens imediatistas, tendenciosas e carregadas de interesses pessoais nos remetem a uma verdadeira visão apocalíptica do planeta Terra.

     De qualquer forma, mesmo diante de tantas dificuldades, a pressão sobre grupos de extermínio ambiental tem tido algum sucesso, claro que a isso se somam fatores externos, como as crises econômicas sucessivas, que têm demonstrado, inclusive, que muitos projetos de desenvolvimento que aportaram por aqui pensavam exclusivamente na saúde financeira própria e não na da região, dai terem se deslocado para regiões mais desprotegidas, onde os ambientalistas não tinham a força dos daqui. Lamentavelmente não estamos livres de novas investidas de grandes conglomerados, muitos com nova roupagem, pois nossas condições para produção de suas especialidades são muito boas e, some-se a isto, a inexistência de políticas públicas para uma reforma agrária que atenda aos reais interesses de todos os que produzem no campo e aos que se utilizam desta produção dando-lhe um valor agregado que dispense o abuso de monoculturas desestabilizadoras ecológica e economicamente.

     Como diziam os antigos: “os aguapés estão se movimentando, tem jacaré na vizinhança.” Fiquemos, então, alertas...



[*] Professor

sábado, 29 de dezembro de 2012

Papai Noel existe!



Neiff Satte Alam

 

É dura esta vida de Papai Noel. Início de inverno, uma neve gostosa, a lareira funcionando e estalando com esta lenha ardendo e tenho que subir neste trenó ridículo, com renas que não estão nem um pouquinho satisfeitas de terem que sair voando por este mundo a fora.

Querem saber mais de meus problemas?

Bem, os meus assistentes para o Brasil e o resto da América do Sul entraram em greve, dizem que, se não receberem hora extra em dobro para trabalhar na noite de Natal, não movimentam um dedo para a distribuição de presentes; tem ainda a insalubridade e periculosidade, pois sobrevoar a área dominada pelas FARC é um risco permanente, somente no ano passado cinco trenós foram abatidos por serem confundidos com aeronaves do governo; ainda há o enorme risco de descerem chaminés estreitas, alguns assessores ficaram trancados por vários meses em chaminés de lareiras que nem são utilizadas, pois, em razão do clima de algumas regiões do Brasil e de outros países da América do Sul, servem apenas como enfeite; um trenó desceu equivocadamente no Estádio do Morumbi, em São Paulo, a roubalheira num jogo era tamanha que roubaram as renas e todos os presentes e o seguro não foi pago até hoje.

Não adianta reclamar, tenho mesmo  que por esta roupa vermelha com pele branca e este gorro bicudo com um pompom na  ponta, ensaiar aquela risada característica – HO HO HO, atrelar as renas especiais e sair voando por aí.

A chegada no Brasil foi um problema, pois a temperatura de mais de 35 graus me desidratou e tive que ficar um dia inteiro por conta do SUS em uma cidadezinha do Piauí e as renas foram apreendidas pelo IBAMA, até que provasse que Papai Noel existia e que não era São Nicolau, tive ameaça de prisão, mas não me livrei de um pagamento efetivo de multa por maltrato de animais e por contrabando de brinquedos.

Dois dias depois fui interceptado pelo pessoal do Conselho da Criança e do Adolescente e tive que dar explicações sobre a discriminação na hora de dar os presentes, pois algumas crianças recebem presentes mais caros, outras mais baratos e muitas sequer recebem. Fui obrigado a dar uma aula de neoliberalismo, globalização, capitalismo, socialismo, escotismo, política e até de ufologia, pois como explicar minhas aparições simultâneas em milhares de lares em uma única noite? Claro que isto não expliquei, faz parte do segredo profissional do Papai Noel.

De qualquer maneira, pretendo cumprir meu papel, mesmo que muitos pais fiquem dizendo às criancinhas que não existo. Se eu não existisse, como as lojas venderiam tantos brinquedos? Como existiriam tantos imitadores (horríveis, diga-se de passagem) espalhados pelo mundo? Papai Noel existe, sim! Alguns são bem aquinhoados, muitos assalariados, muitos desempregados, mas existe. Não usam roupa vermelha com peles brancas, não possuem trenó com renas, não entram pelas chaminés das casas, mas, como o Papai Noel desta história, têm enormes dificuldades para finalmente colocarem os presentes possíveis junto a cama dos pequeninos para que a ilusão do Natal não se perca, mas que fique gravada como um grande amor dos pais pelos filhos, mesmo tendo que enfrentar as maiores adversidades. Este foi o grande segredo que o Papai Noel não quis revelar: como chegar a todos os lares na mesma noite? Realmente Papai Noel existe, você se encontra com ele todos os dias do ano!

 

 

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

SECRETARIADO DO PREFEITO EDUARDO LEITE

O prefeito eleito de Pelotas, Eduardo Leite (PSDB), divulgou nesta quarta-feira (26) os nomes que farão parte do primeiro escalão de seu governo a partir do dia 1º de janeiro de 2013.
Com a equipe definida, Eduardo começa sua administração da forma como gostaria e com os instrumentos para cumprir os compromissos assumidos durante a campanha política. “Desde o primeiro momento na prefeitura de Pelotas, exerceremos a transparência dos serviços e a proximidade com o cidadão”, ressaltou.
Conforme o futuro mandatário, chegou a fase de integrar o grupo para colocar em prática as novas ideias. “Agora é botar a mão na massa e começar a produzir os meios de chegar a um sistema de saúde que atenda às necessidades da população, garantir educação de qualidade a todos, projetar uma cidade mais amigável às pessoas e planejar as ações que possibilitem a aplicação dos novos conceitos e também a fiscalização necessária para que as novidades não fiquem apenas no papel”, disse.
Confira os nomes
Secretária de Saúde - Arita Bergmann
Secretaria de Justiça Social e Segurança - Clesis Crochemore
Secretaria de Educação e Desporto - Gilberto Garcias (Cachoeira)
Secretaria de Cultura - Beatriz Araújo
Secretaria de Qualidade Ambiental - Neiff Satte Alam
Secretaria de Obras e Serviços Urbanos - Luiz Carlos Villar
Secretaria de Gestão da Cidade E Mobilidade - Josiane Almeida
Secretaria de Desevolvimento Econômico e Turismo - Fernando Estima
Secretaria de Desenvolvimento Rural - Carlos R. Bento
Secretaria de Receita - João Pedro Nunes
Secretaria de Gestão Administrativa e Financeira - José Francisco Cruz
Chefe de Gabinete do Prefeito - Tiago Bündchen
Procurador-Geral - Carlos Francisco Diniz
Assessor de Comunicação - Luiz Antônio Caminha
Coordenadora de Transparência - Hilda R. de Souza
Coordenador de Estratégia e Gestão - Abel Dourado
Chefe da Unidade de Gerenciamento de Projetos - Jair Seidel
Assessores Especiais de Programas - Paulo Morales e Sadi Sapper
Sanep - Jacques Reydams
Eterpel - Ademir Oliveira
Coinpel - Rinaldo Galli

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Eduardo apresenta a estrutura do novo governo a vereadores

 

Felipe Freitas / Divulgação

Publicado 14/12/2012 14:53
O prefeito eleito Eduardo Leite anunciou nesta quinta-feira, 13 de dezembro, aos vereadores da base, da atual e futura legislatura, a nova estrutura do governo de Pelotas a partir de janeiro de 2013. No total, são onze secretarias (confira no quadro anexo) e duas Unidades Facilitadoras, essas sob a coordenação da vice-prefeita eleita Paula Mascarenhas, que farão o planejamento da prefeitura e gerenciarão os quatro programas estruturantes propostos no Plano de Governo, apresentado durante a campanha política.
A palavra-chave do modelo de gestão matricial da nova administração pelotense é transversalidade. Várias secretarias serão responsáveis pelo mesmo projeto, fazendo com que as diversas pastas se comuniquem permanentemente, formando uma equipe unida, que trabalhe com planejamento, metas e avaliações periódicas e constantes, derrubando um dos principais empecilhos da burocracia – a ineficiência, responsável pela velocidade lenta do andamento do trabalho, e a passividade no serviço público, responsável pela falta de iniciativa do servidor.
O Projeto de Lei necessário para implementar as mudanças está em elaboração e pode ser apresentado ao Legislativo ainda este ano, se o governo atual julgar conveniente.
Interdisciplinariedade
Na nova estrutura, as Unidades Facilitadoras auxiliam as Secretarias e os Programas Estruturantes com a elaboração de projetos, busca de recursos e com o acompanhamento estratégico e avaliação de metas e resultados.
As premissas da nova gestão são a valorização do servidor, a prioridade à competência técnica e às lideranças realizadoras, pró-ativas. “O governo vai priorizar a austeridade administrativa e a qualidade dos gastos, com foco no resultado”, revela Eduardo. As duas Unidades Facilitadoras, que irão interagir com as secretarias, terão as seguintes funções:
A Unidade Gerenciadora de Projetos (UGP), criada no atual governo para elaborar propostas e habilitar a prefeitura a se credenciar a financiamentos e aportes financeiros do Estado, União e organismos internacionais, que funciona de forma autônoma hoje, responderá à vice-prefeita.
A Unidade de Estratégia de Gestão (UEG) será a guardiã do método de gestão, responsável pelos projetos de qualidade, pelo controle de metas e pelas avaliações do governo.
Os quatro Programas Estruturantes (veja quadro) responderão pelos quatro eixos fundamentais do Plano de Governo. Cada um deles terá um deles terá um gestor com status de secretário, responsável por diversos projetos estratégicos, que serão as marcas do novo governo.
Pastas
Há dois conceitos de Pastas administrativas: Secretarias Meio e Secretarias Fim.
Entre as primeiras, serão criadas:
  • Secretaria de Receita, que concentrará as atividades de incremento de receitas próprias, renovando o compromisso de não aumentar alíquotas de impostos;
  • Secretaria de Gestão Administrativa e Financeira, que cuidará os aspectos administrativos e financeiros da prefeitura, juntando as questões de despesa com a administração dos recursos humanos, o maior desembolso da prefeitura, e que dará o teto dos gastos.
Entre as nove Secretarias Fim, permanecem as atuais:
  • Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA);
  • Secretaria de Cultura (Secult);
  • Secretaria de Saúde (SMS);
  • Secretaria de Educação (SME);
  • Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE);
  • Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR).
Serão criadas também as seguintes Pastas:
  • Secretaria de Serviços Urbanos e Obras (SSU), que condensa as duas atividades, atualmente divididas e que geram duplicidade e dúvidas sobre a quem pertence a responsabilidade por um determinado serviço.
  • Secretaria de Gestão da Cidade e Mobilidade Urbana (SGMU), vai juntar a Gestão Urbana, o Transporte e Trânsito e a parte de regularização fundiária da atual secretaria de Habitação.
  • Secretaria de Justiça Social e Segurança (SJSS), agregará as atuais secretarias de Cidadania, de Igualdade Social e de Habitação, na parte em que esta última se ocupa dos cadastros e das habitações de cunho social. Além disso, será a responsável pela administração da Guarda Municipal, que deverá ter a função de uma polícia cidadã, atuando mais na prevenção da violência do que no combate à criminalidade, que é responsabilidade da Brigada Militar. A Secretaria se dedicará às questões de vulnerabilidade social que consistem, primordialmente, nas causas da insegurança e da violência.
Estrutura
Ao prefeito estão ligados também diretamente quatro setores: Comunicação Social, Chefia do Gabinete, Transparência e Procuradoria Jurídica.
A unidade de Transparência deverá ser criada para dar a visibilidade a todas as ações do governo em todas as pastas, dirimir dúvidas e interagir com o cidadão. “Queremos um governo que viabilize à sociedade exercer o controle. Essa Unidade irá provocar cada Secretaria a colocar os seus processos e ações com clareza aos olhos dos pelotenses˜.
Presenças
Estiveram presentes ao encontro os vereadores Waldomiro Lima (PRB), Idemar Barz (PTB), Ademar Ornel (DEM), José Sizenando (PPS), os suplentes Dila Bandeira (PSDB) e Ézio Moreira (PSDB), e os vereadores eleitos Luiz Viana (PSDB), Rafael Amaral (PP) Vicente Amaral (PSDB), Edmar Campos (DEM), Ricardo Santos (PDT) e o representante de Anselmo Rodrigues (PDT), Cláudio Mendes.

Programas Estruturantes
Cidade Bem Cuidada
Saúde Agora
Boa Escola para Todos
Desenvolvimento Sustentável

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Apagão cibernético


 

Neiff Satte Alam

     Era uma noite sem Lua, que deveria estar disputando o dia com o Sol no céu do outro lado da Terra. Repentinamente uma chuva de meteoritos inundou o escuro de claridade, estranhamente surgidos de vários pontos aparentemente fixos além da atmosfera.

     Tentei ligar para alguns amigos com a intenção de verificar se tinham visto a mesma coisa, mas não tive sucesso, pois o aparelho celular estava “sem serviço”. Busquei esta comunicação através da Internet, mas também estava “fora do ar”. A televisão que estava ligada até um pouco antes da chuva de meteoritos estava com todos os canais fora do ar, uma tela azul era o máximo que se conseguia.   

     Tudo bem! Vamos ao telefone convencional, mas também não funcionava.

     As rádios ainda estavam no ar e ficou-se sabendo que estes problemas estavam ocorrendo até onde as ondas conseguiam chegar. Nada de Facebook, nada de e-mail ou qualquer outra fonte de comunicação pela Internet.

     O ciberespaço tinha simplesmente apagado! A chuva de meteoritos era nada mais nada menos do que satélites de comunicação e todos os demais explodindo em cadeia.

     Até o dia seguinte, com apenas notícias das rádios locais e por informações de pessoas que se deslocaram para nossa cidade, ficamos a deriva das informações tão costumeiras e que já faziam parte do nosso cotidiano.

     O mundo estava desconectado; uma desplanetarização tomou conta de nosso pequeno universo planetário; por vários dias, a comunicação era limitada ao nosso pequeno pedaço de terra, mesmo as rádios começaram a falhar; os jornais circulavam com notícias locais; o sistema financeiro entrou em colapso, sem a possibilidade de operações on line ninguém podia acessar contas, pagar, receber, transferir dinheiro e que mais se tentasse fazer.

     As atividades do crime organizado dentro dos presídios cessaram, pois, sem celulares operantes, não mais tinham comunicação com os parceiros de fora e os incêndios de ônibus, ataque a órgãos públicos e outras bandidagens também cessaram.

     A partir daquele dia, não ouvimos mais a “Voz do Brasil”, não ficamos sabendo se o Bruno havia sido condenado, ignorávamos  o resultado final do julgamento do Mensalão, não tínhamos nenhuma notícia da guerra entre israelenses e palestinos e ficamos sem ver o último capítulo da novela das 8h...

     Foram retirados os telégrafos do Museu Ferroviário e alguns telegrafistas de suas aposentadorias, algumas redes telegráficas começaram a ser construídas.

     O caos estava instalado e o mundo enfrentava uma crise sem precedentes ... um novo estouro e mais um clarão e eu ... acordei do pesadelo, relâmpagos enfeitavam a noite, uma chuva rápida estava amainando e rapidamente as nuvens desapareceram e um céu sem lua permitia que se visse com mais nitidez as estrelas.

     Felizmente tudo aquilo não passou de um pesadelo. Fiquei, então, contemplando o céu estrelado, neste momento ... uma chuva de meteoritos ... agora estava acordado! 

      

 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

segunda-feira, 29 de outubro de 2012


                             RETRATO DA ESPERENÇA

RETRATO DA ESPERANÇA


Neiff Satte Alam

     Estava percorrendo um dos bairros mais pobres de Pelotas, acompanhando meu candidato a Prefeito em uma de suas inúmeras caminhadas para estabelecer um contato olho no olho com os moradores.

     Um caminhão de som nos acompanhava, muitas pessoas falando, aplaudindo, manifestando-se de alguma forma. Em um momento me afastei um pouco e deparei-me com uma cena que ficará sempre guardada em minha memória e estará sempre presente em todas as decisões políticas que tiver que tomar daqui para frente.

     A poucos metros, sob a sombra de uma árvore, um homem, seguramente com menos idade do que aparentava, tinha ao colo uma menina e segurava pela mão um menino com pouco mais de três anos. Sua mulher balançava a bandeira de campanha do EDUARDO. O sorriso estampado no rosto de ambos, marido e mulher, era o retrato da esperança.

     Depositava aquele casal toda a confiança e esperança em dias melhores no jovem candidato. Com certeza, o slogan de campanha que remetia para a ideia de que as pessoas seriam a prioridade e cuidar delas do jeito que são, seria o centro das políticas públicas, estava dando ao casal uma luz de esperança, principalmente para seus filhos, assim como eles, carentes de um governo voltado para as pessoas.

     Com certeza não fui o único a ver aquela família em  sua isolada campanha, não apenas para eleger um prefeito, mas por alguém que falasse a agisse por eles, que desse a seus filhos a chance de percorrerem uma estrada que os levasse ao futuro com dignidade e que não enfrentassem esta caminhada sem chance de vencer as agruras e dificuldades enfrentadas por seus pais.

     Aquela imagem, que foi se repetindo por todos os lados, em várias visitas aos bairros, fez-me refletir mais e mais na responsabilidade enorme do futuro prefeito e ter a certeza de que somente alguém com personalidade, formação ética e um caráter firmemente forjado dentro de seu reduto familiar, poderia dar oportunidade àquelas pessoas que, na mais absoluta pobreza, tinha ânimo para participar deste tão importante momento político.

     Energizado pela cena, retomei a caminhada com um olhar diferente, mais decidido e com enorme respeito por aquela dupla de jovens – EDUARDO E PAULA, que se atirava com força e determinação em uma campanha política com vontade para mudar este quadro de desamparo e de dor que vi nos olhos do homem, da mulher e das crianças...

    

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Luz, mais luz ...


Neiff Satte Alam

 

Havia um silêncio, uma calma matinal que precede o nascer do sol. A floresta parecia sem vida, como se fosse uma tela renascentista a espelhar o profundo sem decifrar o visível.

Neste ambiente semiclaro, molhado de orvalho, surge o primeiro raio de sol. A vida parece explodir em sons, cores e movimentos. O verde parece mais verde. A sonoridade do canto dos pássaros disputa beleza com os reflexos multicoloridos de raios de luz que se projetam sobre e através de gotículas do orvalho que, frio, aquece o cenário. A vida nasce de dentro da floresta que a possuía latente, mas necessitou da luz para mostrar-se em toda a sua beleza e abundância.

Este é o limite entre o “não saber” e o saber, entre a mera informação e o conhecimento a partir desta informação, esta é a luz que, sob a ação mágica do professor, dá vida às inteligências que pedem para eclodir, anseiam por aprender e crescer, desde os pequenos aprendizes até os adultos que com esforço e dedicação buscam, na idade adulta, conhecimento  e inclusão definitiva como cidadãos.

Esta busca de um futuro que permita harmonização e integração com a natureza e com as outras só pode ocorrer através de um sistema em que o educador/professor realize sua tarefa com afinco e competência.

Embora a visão poética de dar luz às trevas do pensamento, representada pela ignorância, a realidade da tarefa é de uma dureza e dificuldades que termina por derrotarem muitos destes combatentes que, cansados, desestimulados ou atraídos por tarefas mais fáceis de serem executadas ou mais rendosas, terminam por abrir lacunas nas fileiras de batalha por uma educação de qualidade.

De qualquer forma, luz, conhecimento e sabedoria terminam por se completar, não por conceitos, mas por uma intuição milenar de que a melhor maneira de se combater a ignorância é iluminando as mentes dando significado a informação aí posta e a transformando em conhecimento. Esta é a tarefa do professor/educador.

A noosfera somente se enriquecerá se a aura de pensamento individual estiver fortalecida, contribuindo, desta maneira com o fortalecimento da esfera universal de pensamentos, pois nossa aura de pensamento sobrevive ao nosso corpo material e permanece viva e produtiva ao se somar a todas as demais, alimentando o mundo de sabedoria, que nos envolve e que precisa ser permanentemente descoberto a cada momento em que um professor põe luz no caminho do saber de seus alunos, iluminando o trajeto difícil que separa o passado do futuro em uma caminhada que não se faz no escuro, pois, neste caso se perderia o rumo e o sentido da vida que é evoluir na busca de realização pessoal para auxiliar os outros nas suas caminhadas...com luz, muita luz ... 

sábado, 22 de setembro de 2012

DE OLIMPO A CERRITO, UM PASSEIO DE CARRETA DE BOIS.


 
Neiff Satte Alam

 

O verão deste ano promete ser muito quente, pois estamos no primeiro dia de janeiro do ano de 1956 e a temperatura já chegou aos 30 graus. Somos um grupo de crianças, seis ao todo e alguns adultos a sombra de um cinamomo, árvore também conhecida como paraíso, aliás, antes de ser vila Olimpo, quando esta localidade foi elevada a Vila, o nome  era Paraíso, mas como já existia uma outra Vila, mais antiga, com este nome, entenderam de denominar de Olimpo, que também seria uma morada dos deuses, embora o anterior nome se devesse ao nome da árvore e nada a ver com o paraíso bíblico.

            Bem, voltando ao grupo à sombra do cinamomo, ou paraíso, como queiram, ali estávamos reunidos aguardando o nosso transporte que tinha sido enviado pelo tio Ito, morador do outro lado do rio Piratini, na Vila Cerrito, e que aguardava-nos, como anualmente acontecia para um churrasco em sua olaria a beira do rio.

            O meio de transporte era uma carreta puxada por dois bois gigantescos aos nossos olhos de crianças, firmemente amarrados a uma canga de madeira grosseira e de construção artesanal..

            Subimos todos fazendo uma enorme algazarra e lentamente, rangendo e balançando, a carreta foi se deslocando em direção ao rio Piratini. Passamos pela Estação Ferroviária onde se lia o nome de Olimpo, mas nem sempre foi assim, antes esta Estação era denominada de Ivo Ribeiro e antes ainda de Piratini. Alguém explicou que nem sempre o nome da Estação coincidia com o nome da Vila. Seguindo o passeio, chegamos ao rio, havia um local onde a passagem era fácil naquela época do ano. Um dos adultos lembrou que antes da ponte este era um dos locais de passagem mais fácil, chamado Passo Maria Gomes e relatou um fato curioso: - “O dono da Sesmaria do lado de Cerrito, Manoel Gomes, morreu afogado quando tentou atravessar este local em época de cheia, pois seu cavalo sucumbiu à força da correnteza e cavalo e cavaleiro, mais todo o dinheiro que levava para comprar as terras onde hoje está Pedro Osório, desapareceu no rio”.

            Em ambas as margens havia uma densa mata ciliar que impedia assoreamento do rio e o mantinha em seu leito. Por entre esta mata e através do rio chegamos à olaria. O tijolo recém feito e ainda não queimado ficava dentro de um enorme galpão, aliás, um bom número destes tijolos eram danificados pelas nossas tropelias  e brincadeiras. Tudo isto sob o olhar bondoso e condescendente do tio Ito.

            Antes do almoço, um suculento churrasco com fogo de chão, íamos todos ao banho no rio e alguns aproveitavam para pescar (naquela época havia peixes em abundância), traíras, jundiás, lambaris e até algum dourado era pescado.

            O resto da tarde era de prosa, brincadeiras e explorações nos matos para colher pitangas e araçás. De bolsos e bonés cheios de frutos, retornávamos à Olimpo. Depois de tanta farra, a noite chegava depois do sono e os sonhos eram enriquecidos com aquele inesquecível contato com a natureza. Natureza que só ficou em nossos sonhos.

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Getúlio Dorneles Vargas e o Enigma do Suicídio

 Francisco de Paula Bermúdez Guedes

 
Conforme a teoria instintual, desenvolvida pelo freudismo, a vida se desenrola entre duas polaridades interativas: o instinto de vida (eros), construtivo e o instinto de morte (tanatos), destrutivo.
Getúlio Vargas
Publicado 28/08
Getúlio Dorneles Vargas (1882-!954) foi o maior estadista Latino Americano no século XX e um dos maiores do mundo.
Na qualidade de líder civil da revolução de 1930, que afastou do poder o Presidente Washington Luís e Júlio Prestes, concretizou no Rio Grande do Sul notável feito.
Federalistas (maragatos) e republicanos defrontaram-se em sangrenta guerra civil nos anos de 1893 a 1895. Em 1923 adeptos de Assis Brasil opuseram-se ao ditador Borges de Medeiros, deflagrando nova revolução, com duração de nove meses.
GetúlioVargas, com grande habilidade política, obteve a união de federalistas e republicanos, de asissistas e borgistas, ferrenhos opositores, no esforço revolucionário para depor a República Velha, inaugurando período de grande modernidade, transformando, radicalmente, a vida política e social do Brasil.
Getúlio Vargas permanece no poder, de 1930 até 1945. Em 1934, elaborou-se nova Constituição Republicana, sendo Getúlio Vargas eleito ,pelo Congresso Nacional, Presidente da República, com mandato até 1938.
Em 1937, consolida-se o poder de Getúlio Vargas, sob a égide de Nova Constituição ,inaugurando-se o período conhecido como o Estado Novo. Após o mandato do General Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), Getúlio Vargas, em eleições livres, foi eleito Presidente do Brasil, sob o pálio da Constituição de 1946.
Tais dados, apenas descritivos e não analíticos, oferecidos em resumo, são do conhecimento geral.
O que tem provocado intensas especulações é o evento trágico do suicídio de Getúlio Vargas, em 24 de agosto de 1954, com a idade de 72 anos, em pleno vigor físico e intelectual.
Alguns suscitam teorias conspiratórias: Getulio não se suicidara, mas fora vítima de homicídio. Outros levantam a hipótese de ato histórico messiânico: o auto sacrifício em prol do povo, que tanto amara. A famosa Carta Testamento parece apontar neste sentido, segundo muitos. Há os que se indagam sobre a personalidade do “Pai do Povo”, como era denominado Getúlio.
O que é o suicídio?
Karl Menninger ( 1893-1990), notável psicanalista, escreveu obra clássica sobre o suicídio: Man against Himself, O Homem contra si Próprio, onde analisa razões e diferentes formas de suicídio. A conclusão a que se chega da leitura da obra é que o suicida, às vezes, mata algo existente em si e este algo pode ser o sentimento de imenso vazio.
As racionalizações são frequentes e atribuem ao suicídio causas objetivas, como, dificuldades financeiras, desencantos amorosos, decepções etc...Nas escolas, ainda, ensinam, piedosamente, que Santos Dumont, o criador da aviação, suicidara-se pela angústia de ver sua criação, o avião, usado com máquina de guerra. Pouco se atenta para a personalidade interessante, altamente complexa, com laivos de genialidade do brasileiro, considerado o Pai da Aviação.
Em geral, o suicídio é a culminação de fortíssimo estado depressivo, este não percebido, na maioria dos casos, por familiares e pessoas achegadas. Pode que tenha traço genético; não é incomum mais de um suicida na história das famílias. Aliás, o filho de Getúlio Vargas, Manoel (Maneco Vargas), também cometeu suicídio, anos após o do seu pai. Contudo, o traço genético não explica suficientemente as causas profundas do suicídio: um mistério.
O que espanta é a estatística; o percentual de suicidas, numa sociedade, não sofre variações relativas, mantendo-se quase o mesmo. Acentua-se a estatística, em certos países, em determinada classe de pessoas, por exemplo, o suicídio de crianças e adolescentes no Japão.
Conforme a teoria instintual, desenvolvida pelo freudismo, a vida se desenrola entre duas polaridades interativas: o instinto de vida (eros), construtivo e o instinto de morte (tanatos), destrutivo.
Em generalização, sempre perigosa, pode que em algumas pessoas e em certos momentos de suas vidas, o aspecto destrutivo (no caso do suicídio, auto destrutivo) prevaleça.
Há formas reflexas de suicídio, em geral, pouco compreendidas e mesmo refutadas, como a ingestão excessiva de álcool (alcoolismo), direção em alta velocidade, exposição desnecessária a perigos etc... Na criminologia é conhecida a tese da vítima, em busca do seu algoz, como o caso do homem que tenta seduzir a mulher de alguém, reconhecidamente violento, excessivamente ciumento e portador habitual de arma.
Essas breves reflexões parecem baralhar o entendimento radical do que pode levar uma pessoa ao suicídio.
No caso de Getúlio Vargas, o suicídio apresenta-se como um enigma de dificílimo desvendamento. O grande político era homem extremamente solitário; embora comunicativo, nunca deixava revelar o que realmente pensava. Aparentemente feliz, largo e simpático sorriso, amante de bons chistes, cercado de familiares, austero na conduta...
Suas realizações e trajetória política seriam bastantes para que se sentisse plenamente realizado e eternizado na história do Brasil.
Por que, então, o suicídio?
Arrisco algumas hipóteses, mais levado pela estima familiar pelo grande estadista e no intento de conciliar em mim as emoções provocadas pelo evento, revividas em 24 de agosto deste ano. Menino de 13 anos em 24 de agosto de 1954, chegado em casa vi, por vez primeira e única, meu pai chorar, abraçado em mim. Os ancestrais de meu pai eram de São Borja e havia laços fortes de amizade com a família Vargas. Meu pai, nascido em 1896, era da geração em que persistente a consigna gauchesca: homem macho, não chora.
Pode que as grandes ambições do político tenham ficado incompletas, como ocorre, quase sempre, quando altos níveis de aspirações resultam frustrados. Getúlio internalizou o Brasil e a ele dedicou grandes projetos.
Enfrentando a dureza de nova deposição da presidência, fruto de forte campanha difamatória, capitaneada por Carlos Lacerda e outros, viu-se frente à derrocada de seus intentos. Envelhecido, sentindo o isolamento, o homem triste, reservado e solitário pronunciou-se inclemente, levando-o a forte depressão.
Um dos mais dolorosos sentimentos de perdas revela-se no abandono, real ou fantasiado; é possível cogitar que esse sentimento tenha sido vivenciado por Getúlio, nos últimos meses de sua vida.
Pode que a morte auto provocada tenha sido o repto aos que o injuriavam, a única arma que poderia derrotá-los, o desagravo aos que o abandonaram. Assinalam alguns psicólogos que o ato suicida poder ter a finalidade de provocar culpas naqueles que destrataram,perseguiram, traíram ou privaram de amor, em vida, o suicida.
Talvez, psicólogos possuam interpretações mais acuradas do gesto estremo do grande Presidente.
As especulações sobre o suicídio de Getúlio Dorneles Vargas, ainda, persistirão.
Em 24.08.2012, transcorrido 58 anos da morte do estadista, meu pensamento voltou-se a ele. Um aristocrata rural, advogado e político, tomado de autêntico afeto pelo povo e que, com as rédeas do poder, criou um dos momentos de maior modernidade no Brasil, abrindo espaços de realizações e prosperidade para a classe dos despossuídos.
Fonte: Francisco de Paula Bermúdez Guedes

terça-feira, 28 de agosto de 2012

EDUCAR PARA A CIDADANIA PLENA


 
NEIFF SATTE ALAM[*]
O encanto jamais desaparecerá se a capacidade de sonhar do educador prevalecer sobre a amargura e as dificuldades do caminho, pois, pela estrada que nos leva ao horizonte inatingível do conhecimento absoluto, vamos descobrindo outros “eus”, escondidos nos nossos tempos anteriores em que, atemorizados pelo desconhecido, temíamos as novas descobertas. Buscamos, então, o saber – conhecimento do conhecimento. Centrando nossas ações no “pensamento” e,  valorizando o sonho, passamos à ação...


            Pensar, agir, pensar ..., sequência que enriquece o ato de conhecer, estabelece linhas imaginárias sobre o concreto e concretiza a imaginação. Criamos a partir desta premissa, revolvemos a teoria em sintonia com a prática.

            Desde o momento de formação de nosso embrião aprendemos as coisas do mundo real e, gradativamente, vamos conectando este mundo real ao nosso mundo imaginário. Se a tarefa se refere a uma existência, temos um universo de idéias, teorias e hipóteses a nossa disposição, mas se esta tarefa conecta existências de diferentes indivíduos em diferentes épocas, a linha de aprendizagem passa a envolver outros elementos que, detentores de informações que se transmitem de uma geração a outra, irão interferir na aprendizagem individual, dando-lhe sequência, lógica e cumprindo etapas que se comparam as que entendiam existir Piaget e outros.

O educador é o mago que, sem a varinha de condão, faz fluir da mente dos pequeninos a vontade de vencer etapas, trilhar caminhos, ultrapassar abismos de ignorância ignorando os abismos impostos pelos apóstolos da inapetência, do “não querer fazer” e da vontade de não ter vontade.

            Levantando o véu que cobre o desconhecido, o educador, lenta e progressivamente, vai desvendando os mistérios do conhecer, do saber e do criar. Com a humildade de um aprendiz, com a tolerância de um companheiro e com a sabedoria de um mestre, o educador segue semeando os ensinamentos que farão fluir da pedra bruta os cidadãos que serão responsáveis pelos destinos dos povos.

            Felizes são os povos que têm educadores respeitados pelos seus dirigentes, amados pelos cidadãos livres e de bons princípios, pois estes terão dignidade de caminhar sobre as estradas que, obscuras, vão se iluminando com sua passagem.

            Todos nós educadores que desvendamos os mistérios da sabedoria para crianças, jovens e adultos somos uma peça na construção de homens que anseiam por liberdade, que conheçam seus limites, que tenham a compreensão da natureza humana para poderem entender a si próprios e, erguendo sua auto-estima, sejam felizes e façam a felicidade de seus semelhantes.

            A paz, que é o anseio de todo o mundo quando estamos envolvidos em uma guerra planetária onde são usadas armas de destruição em massa, como a fome, o desemprego e as doenças, só poderá ser conseguida quando as mãos dos educadores estiver sem as amarras de interesses mesquinhos dos que detém o poder, quando a palavra dita pelos mestres do aprender não for sufocada pelos ruídos da intolerância e da incompreensão e, principalmente, quando a liberdade não for apenas uma palavra, mas uma realidade.
            Educador, mestre, professor, dedica-te a um momento de reflexão da importância que tens para com a universalização da paz, da cidadania plen


[*] PROFESSOR UNIVERSITÁRIO APOSENTADO DA UFPEL

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

A FORÇA DAS IDEIAS


 
Neiff Satte Alam

 

“...As ideias e, mais amplamente as coisas do espírito, nascem dos próprios espíritos, em condições socioculturais que determinam as suas características e as suas formas, como produtos e instrumentos do conhecimento”.

Edgar Morin,O Método 4, p.131

 

 

As grandes ideias, nascidas do cérebro privilegiado de grandes filósofos e pensadores, de nada valeriam se não fossem colocadas em prática. Os governantes, quando políticos responsáveis e coerentes, deverão se valer destes intelectuais, pois deverá sempre haver um conhecimento solidamente construído para que se desenvolvam políticas adequadas aos anseios do povo. Posicionamentos como o de que “...a finalidade de nossa escola ensinar a repensar o pensamento, a ‘des-saber’ o sabido e a duvidar de sua própria dúvida; esta é a única maneira de começar a acreditar em alguma coisa”, de Juan de Mairena, pode, ser a força motriz para que se trilhe caminhos seguros de liberdade e democracia, por consequência.

 

     Nossos estudantes só aprenderão se não acumularem informações sem a necessária compreensão e se colocarmos em seus cérebros a semente da incerteza e do aprender pelos erros e dúvidas e não pela conveniência de regras dogmáticas como se tudo fossem axiomas, prontos para o consumo e sem discussão ou contestação: “mais vale uma cabeça bem feita do que uma cabeça cheia”, disse Montaigne quando o Brasil estava sendo descoberto, no início do século XVI.

 

     Quais nossas necessidades no mundo das relações entre as ideias e os fatos? Talvez em um primeiro momento seja o de valorizar a educação como prioridade das prioridades e fornecer condições de acesso a uma educação qualificada para todas as pessoas, indistintamente e sem ignorar a frase de E. Morin: “ as ideias são mais teimosas e os fatos quebram-se contra elas com mais freqüência do que elas se quebram contra eles”.

 

     Ai estão algumas idéias que poderão romper com práticas antiquadas e que não consideram importante democratizar o conhecimento, disponibilizar uma educação em que a construção do conhecimento seja viabilizada e que se permita, então, formar homens e mulheres em condições de enfrentar as adversidades e desigualdades impostas pela vida.

 

     Romper com tudo isto que emperra o desenvolvimento através de uma revolução na educação precedida de uma revolução do pensamento, vencendo a barreira da linearidade que vem se impondo por séculos; qualificar os profissionais da educação, dando-lhes condições dignas de vida; disponibilizar recursos em quantidade e qualidade suficientes e que cheguem até as escolas; criar políticas públicas centradas no homem e no conhecimento; cuidar muito especialmente das crianças, cujos cérebros são os portadores de uma enorme capacidade de imaginação e criatividade, são os caminhos seguros para que as idéias sejam a força motriz do desenvolvimento da espécie humana em um planeta mais seguro e renovado.

 

 

 

domingo, 19 de agosto de 2012

ISTO NÃO É COINCIDÊNCIA, É PREMONIÇÃO......

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Desutilidades



Neiff Satte Alam

Dia destes, observando a minha auxiliar para trabalhos domésticos tirar o pó de uma estante de livros com um interessante espanador de penas, percebi que o que estava acontecendo era simplesmente uma mudança de lugar do pó, isto é, o espanador trocava o pó de lugar, menos, é claro, o pó que se encontrava embaixo dos livros e de alguns outros objetos, entre os quais algumas pequenas toalhas rendadas, pois, ao retirá-las da prateleira, verifiquei que a marca da renda estava impressa na madeira!

Realmente existem muitas “desutilidades” domésticas. Por vezes encontramos nas gavetas da cozinha alguns objetos comprados de camelôs que faziam maravilhas com descascadores de batata, cenoura, laranja e tudo o mais que se come sem casca, mas, em casa nunca funcionam. Faca de dois gumes, então, servem para cortar os dedos das cozinheiras; e os abridores de latas cheios de engrenagens e outras “parafusetas” que dormem permanentemente no fundo das gavetas e passamos a utilizar os tradicionais, simples e funcionais? Estas coisas todas não superam as armadilhas dos brinquedos eletrônicos da Coréia ou da China, quando funcionam têm vida curtíssima, pois as pilhas comuns não servem, as conexões são encerradas em compartimentos colados e inacessíveis, finalmente “jazem” e em algum armário, assim como DVDs piratas do tipo “usa uma vez e põe fora” (quando se consegue ver o filme todo).

A lista poderia ser aumentada cem vezes, bastaria que fizéssemos uma breve concentração. Entrariam neste rol, sem muito esforço, projetos de recuperação da Educação Básica, de recuperação salarial dos aposentados, CPIs para investigar irregularidades de lá e daqui, enfim uma gama enorme de ações que se constituem em “desutilidades”, não por serem desnecessárias, mas por serem formas disfarçadas de fazer de conta que os parlamentares, em sua maioria, estão trabalhando para atender as demandas sociais.



Entre as “desutilidades” mais marcantes no campo da política brasileira estão os coronéis nortistas e nordestinos comandando o Senado. Qual a utilidade, por exemplo, de um Sarney ou de um Collor? Fora as discussões de beleza e de apoio mútuo, o que mais fazem ou fizeram pelos eleitores?

O pior é que não dá nem para espanar, pois se o fizermos estaremos mudando de lugar esta poeira parlamentar. Dizem que utilizaram um enorme espanador de penas de ema para tirar o Sarney do Maranhão, mas, da mesma forma que o pó do meu escritório, mudou de lugar: foi parar no ...  Amapá !

domingo, 5 de agosto de 2012


                Eduardo Leite, candidato a Prefeito de Pelotas, respaldado por coligação de nove Partidos, junto com seus pais em almoço de abertur da campanha – em 05 de agosto de 2012



                                                     PELOTAS DE CARA NOVA

domingo, 29 de julho de 2012

Um passeio pelo parque

Neiff Satte Alam

         “Que formidável determinismo pesa sobre o conhecimento! Ele nos impõe o que se precisa conhecer, como se deve conhecer, o que não se pode conhecer. Comanda, proíbe, traça rumos, estabelece os limites, ergue cercas de arame farpado e conduz-nos ao pondo onde devemos ir.” (Edgar Morin, O Método 4)

     Imprinting cultural (este termo surge como proposta de  Konrad Lorenz, “marca incontornável imposta pelas primeiras experiências do jovem animal, como o passarinho que, ao sair do ovo, segue como se fosse sua mãe, o primeiro ser vivo ao seu alcance”.) e conformismo a visão cultural que ocorre em todas classes sociais e muito evidente nas esferas intelectuais e universitárias. Libertar-se deste processo de estagnação e “que nos faz desconsiderar tudo aquilo que não concorde com nossas crenças, e o recalque eliminatório , que nos faz recusar toda informação inadequada à nossas convicções, ou toda objeção vinda de fonte considerada má”, é o desfio dos que percebem através de uma janela não linear de pensamento, pois, em muitos casos, a linearidade imposta por uma visão determinista pode ocasionar um freio na expansão cultural e uma aceleração na frente conservadora, permitam-me o paradoxo, retardando as necessárias mudanças culturais. Como disse Feyerabend, citado por Morin, “ a aparência da verdade absoluta nada é mais do que o resultado de um conformismo absoluto”.

     A inconformidade, a recusa de seguir o imprinting cultural, a necessidade de buscar alternativas que não estão previstas, mas podem constituir novos caminhos, diferentes do que estava determinado, deverá se constituir em uma possibilidade de criação de novos ângulos culturais, sem que se necessite negar a existência ou importância das culturas ou manifestações culturais existentes, muito menos ignorar os sincretismos que evoluem para novas manifestações culturais, até mesmo na fixação de novas culturas.

     A mobilidade das ideias é um importante fator de compreensão da visão não linear, que nos impõe compreender que toda a evolução cultural parte de culturas anteriores, representadas das mais diferentes formas, muitas vezes abafadas pelas novas culturas, que não as desconhece ( pelo menos deveria ser assim), mas as coloca em patamares de difícil acesso às pessoas que não se dedicam ao estudo destas.

     Colocar-se, por exemplo, em frente a um prédio neoclássico, de valor histórico/cultural um pequeno prédio de um estilo eclético (neste caso uma mistura de estilo e matérias de construção)fere a visão cultural ou o imprintig cultural? Colocar-se em frente a um prédio de estilo eclético um elemento arquitetônico de estilo neoclássico, fere a visão cultural ou o imprinting cultural? Por outro lado, fazer um monumento em forma de um monolito negro, sem estilo definido, mas em “homenagem à Bíblia”, não fere o imprinting cultural? Estas discrepâncias de pensamento não seriam de certa forma uma busca da verdade absoluta que, se tivessem prevalecido em outros momentos históricos, não teríamos toda esta riqueza cultural arquitetônica que alimenta nossas ideias contemporâneas?
     Foram estas idéias “não lineares” que surgiram em minhas reflexões – uma forma de discussão  não falada, ao contornar o Parque Júlio de Castilhos, atualmente Parque Dom Antônio Zatter. Local de alta concentração de discussões acadêmicas sobre importantes questões culturais, artísticas, estilo arquitetônico e outros que tais, mas ... não esqueçam o monolito religioso

quarta-feira, 18 de julho de 2012