Powered By Blogger

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Apagão cibernético


 

Neiff Satte Alam

     Era uma noite sem Lua, que deveria estar disputando o dia com o Sol no céu do outro lado da Terra. Repentinamente uma chuva de meteoritos inundou o escuro de claridade, estranhamente surgidos de vários pontos aparentemente fixos além da atmosfera.

     Tentei ligar para alguns amigos com a intenção de verificar se tinham visto a mesma coisa, mas não tive sucesso, pois o aparelho celular estava “sem serviço”. Busquei esta comunicação através da Internet, mas também estava “fora do ar”. A televisão que estava ligada até um pouco antes da chuva de meteoritos estava com todos os canais fora do ar, uma tela azul era o máximo que se conseguia.   

     Tudo bem! Vamos ao telefone convencional, mas também não funcionava.

     As rádios ainda estavam no ar e ficou-se sabendo que estes problemas estavam ocorrendo até onde as ondas conseguiam chegar. Nada de Facebook, nada de e-mail ou qualquer outra fonte de comunicação pela Internet.

     O ciberespaço tinha simplesmente apagado! A chuva de meteoritos era nada mais nada menos do que satélites de comunicação e todos os demais explodindo em cadeia.

     Até o dia seguinte, com apenas notícias das rádios locais e por informações de pessoas que se deslocaram para nossa cidade, ficamos a deriva das informações tão costumeiras e que já faziam parte do nosso cotidiano.

     O mundo estava desconectado; uma desplanetarização tomou conta de nosso pequeno universo planetário; por vários dias, a comunicação era limitada ao nosso pequeno pedaço de terra, mesmo as rádios começaram a falhar; os jornais circulavam com notícias locais; o sistema financeiro entrou em colapso, sem a possibilidade de operações on line ninguém podia acessar contas, pagar, receber, transferir dinheiro e que mais se tentasse fazer.

     As atividades do crime organizado dentro dos presídios cessaram, pois, sem celulares operantes, não mais tinham comunicação com os parceiros de fora e os incêndios de ônibus, ataque a órgãos públicos e outras bandidagens também cessaram.

     A partir daquele dia, não ouvimos mais a “Voz do Brasil”, não ficamos sabendo se o Bruno havia sido condenado, ignorávamos  o resultado final do julgamento do Mensalão, não tínhamos nenhuma notícia da guerra entre israelenses e palestinos e ficamos sem ver o último capítulo da novela das 8h...

     Foram retirados os telégrafos do Museu Ferroviário e alguns telegrafistas de suas aposentadorias, algumas redes telegráficas começaram a ser construídas.

     O caos estava instalado e o mundo enfrentava uma crise sem precedentes ... um novo estouro e mais um clarão e eu ... acordei do pesadelo, relâmpagos enfeitavam a noite, uma chuva rápida estava amainando e rapidamente as nuvens desapareceram e um céu sem lua permitia que se visse com mais nitidez as estrelas.

     Felizmente tudo aquilo não passou de um pesadelo. Fiquei, então, contemplando o céu estrelado, neste momento ... uma chuva de meteoritos ... agora estava acordado!