Neiff Satte Alam[*]
Quando caía a noite, um passarinho que tinha sido posto numa
gaiola começava a cantar. Um morcego ouviu sua voz. Foi perguntar-lhe por que
de dia ele descansava e à noite cantava. O passarinho respondeu:
- Tenho minhas razões. Foi cantando de dia que
terminei preso; desde então, aprendi a ser sensato.
O morcego lhe disse:
- A prudência
agora não adianta de nada: por que não a usaste antes de te prenderem! (Fábula de
Esopo, séc. VI a.C.)
Desenvolvimento sustentável, verdadeira
meta dos ambientalistas que lutam no presente por um futuro onde a natureza se
harmonize com todos os seus componentes, vivos e não vivos. O homem, parte
importante nesta equação, tem uma maior responsabilidade, pois pode interferir
de modo mais agressivo sobre a natureza em comparação a qualquer outro ser
vivo.
Lamentavelmente existem os detratores dos
ambientalistas que, dando um sentido pejorativo à expressão, buscam argumentos
incoerentes, agressivos e com elevado grau de inconsequência, pois,
desconhecendo a relação entre capital natural e capital criado, pensam que
capital criado assegurará um mercado futuro rentável e esquecem que com a
desestruturação do capital natural poderá não haver futuro, em uma visão muito
pessimista, ou um futuro com baixíssima qualidade de vida para o homem e aos
demais seres vivos que restarem, todos em busca de um novo clímax, que passarão
por uma sucessão secundária com enormes obstáculos e forte pressão de seleção.
Diferentemente do que dizem determinados
pensadores “xiitas”, que nós os ambientalistas denominamos carinhosamente de
“ecopatas”, somos totalmente favoráveis ao desenvolvimento de nossa e de
qualquer outra região do planeta, desde que não comprometa a qualidade de vida
das gerações futuras. Esta tarefa é, no entanto, de extrema dificuldade, pois
as vantagens imediatistas, tendenciosas e carregadas de interesses pessoais nos
remetem a uma verdadeira visão apocalíptica do planeta Terra.
De qualquer forma, mesmo diante de tantas
dificuldades, a pressão sobre grupos de extermínio ambiental tem tido algum
sucesso, claro que a isso se somam fatores externos, como as crises econômicas
sucessivas, que têm demonstrado, inclusive, que muitos projetos de
desenvolvimento que aportaram por aqui pensavam exclusivamente na saúde
financeira própria e não na da região, dai terem se deslocado para regiões mais
desprotegidas, onde os ambientalistas não tinham a força dos daqui.
Lamentavelmente não estamos livres de novas investidas de grandes
conglomerados, muitos com nova roupagem, pois nossas condições para produção de
suas especialidades são muito boas e, some-se a isto, a inexistência de
políticas públicas para uma reforma agrária que atenda aos reais interesses de
todos os que produzem no campo e aos que se utilizam desta produção dando-lhe
um valor agregado que dispense o abuso de monoculturas desestabilizadoras
ecológica e economicamente.
Como diziam os antigos: “os aguapés
estão se movimentando, tem jacaré na vizinhança.” Fiquemos, então,
alertas...