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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

O MAU E O BOM JARDINEIRO

Neiff Satte Alam



Aquele jardim era para lá de bonito e organizado. Não havia uma distribuição simétrica entre as plantas, pois estavam perfeitamente distribuídas formando um equilíbrio próprio, era pura harmonia.

Duas árvores de porte médio, com florações em épocas diferentes, davam majestade ao ambiente; caminhos de pedregulhos ladeados por grama com tufos altos e escuros que separavam estes caminhos de uma grande variedade flores, tão abundantes quanto as cores que, aleatoriamente distribuídas, pareciam uma pintura impressionista de deixar Monet com inveja.

Em alguns dos canteiros, de forma irregular, apareciam pequenos lagos cujas plantas concorriam em beleza com as demais, além de refletirem sobre sua superfície as cores do céu, às vezes azul, outras colorido pelo entardecer ou amanhecer, nunca repetindo as cores e nuances dos dias anteriores.

Aves e insetos em uma concorrência de beleza e movimento, completavam a beleza daquele ambiente.

O jardineiro se orgulhava de seu feito, sentado em um tosco banco de madeira, deitava seu olhar por sobre as flores, por vezes cochilava para sonhar que ali estava o paraíso.

Por um tempo, não muito longo, o jardineiro teve que se afastar do jardim, um outro ocupou seu lugar, mas, sem os mesmos cuidados, sem a mesma experiência, permitiu que plantas invasoras, com suas artimanhas de envolvimento e gavinhas que, prendendo as tenras plantas desprotegidas, lentamente foram destruindo a harmonia daquele jardim; ratazanas, gralhas e outros predadores, iniciaram um processo de desarmonização e o jardim foi perdendo sua beleza, seu viço e as cores, antes alegres, passaram a ser símbolo de decadência.

Em um momento ou outro, em uma outra parte do antigo jardim, algumas das antigas plantas relutavam em voltar aos bons e belos tempos ... em vão, pois destruir é mais fácil de construir; fazer o feio é mais fácil que fazer o belo; desarmonizar é mais fácil que harmonizar.

Um dia o antigo jardineiro voltou e, ao ver o seu jardim, sem mudar a expressão de seu rosto, sem fazer nenhum movimento facial, com olhos estáticos, chorou, grossas lágrimas rolaram pela sua face, molharam o solo seco e maltratado ... Milagrosamente, duas sementes começaram a germinar e um novo jardim começou a se formar.

Assim também é na política onde os políticos são os jardineiros. Existem bons e maus políticos, existem bons e maus jardineiros. Mesmo que alguns políticos, administrando mal, destruam os jardins, sempre poderá surgir um bom político que recuperará o jardim, irrigará o solo, eliminará as plantas daninhas e não permitirá que predadores destruam sua obra...