Neiff Satte Alam
Interessado por determinado tema, acessei o Google. Rapidamente encontrei o que procurava. Ali estava pronto, sem nenhum trabalho extra, sem gastar muito tempo para pensar, e até sem pensar muito, o resultado de minha pesquisa eletrônica. Bons tempos estes novos tempos, mas, refletindo melhor, uma inicialmente breve preocupação passou a ser uma enorme preocupação, não comigo, mas com as crianças e adolescentes que, antes de apertarem os botões e as teclas dos aparelhos eletrônicos e entrarem no ciberespaço, necessitam desenvolver sua criatividade, dar asas à imaginação e desenvolver uma prática reflexiva que os coloque no mundo real antes de dominarem o mundo virtual e toda a tecnologia disponível.
A linguagem gestual que nos faz caminhar, falar e pensar; a relação direta com a natureza onde podemos observar a harmonia de um sistema ecológico em permanente luta por equilíbrio; as brincadeiras em grupos de crianças soltando pipas, jogando bolinhas de gude ou peões; colecionando figurinhas ou em um simples pega-pega ou esconde-esconde, constituem-se em preparações para uma vida real que enfrentará a virtualidade da máquina e permitirá, então, uma inserção positiva no ciberespaço. Uma inserção que nos colocará em vantagem sobre a máquina e nos permitirá desfrutar de toda a informação que pudermos recolher da Internet, com uma capacidade enorme de separar o “lixo” do “útil”.
É na Escola, na sala de aula, sob a orientação de um professor que tudo isto poderá ocorrer. Quanto mais informatizado for o planeta, quanto maior for o espaço cibernético, quanto mais informações estiverem disponíveis, maior será a necessidade e importância do professor. Um professor dos novos tempos, atualizado, interessado e respeitado.
O Google não é um professor, pois limita-se a ser um sítio de informações e o professor, que não é o Google, é quem permitirá, através de um processo de ensino-aprendizagem, que esta informação se transforme em conhecimento.
De nada teria me ajudado a procura de uma informação no Google se não tivesse tido antes um exército de professores, que me ensinaram a ler, escrever e realizar as primeiras operações matemáticas. Soltar pipas e lançar o peão, depois construir pipas e peões, finalmente ensinar crianças a utilizarem e até produzirem estes brinquedos, constitui-se em uma forma de prepará-las para um mundo onde as informações surgem com uma velocidade maior do que nossa capacidade de absorvê-las.
Se o professor do século passado era importante, o deste século é essencial para que estas gerações possam se desenvolver plenamente, mas dominando a máquina, dominando o ciberespaço e conscientes de que o ato de ensinar e aprender são fundamentais para usufruirmos desta fantástica tecnologia e deste momento ímpar da humanidade onde as fronteiras do pensamento inexistem.
domingo, 25 de setembro de 2011
sábado, 24 de setembro de 2011
Burocracia emperra a pedagogia
Neiff Satte Alam
“A REPROVAÇÃO de 79 mil crianças de 6 anos no primeiro ano do ensino -ou 3,5% dos inscritos na série em 2008- não chega a ser preocupante, mas traz um alerta. O fenômeno sugere que em algumas localidades a extensão do ensino fundamental para nove anos pode ter sido mal compreendida como obrigatoriedade de alfabetizar um ano antes do que se devia fazer até então, aos 7.”
Se já era preocupante o fato de ampliar o Ensino Fundamental de “baixo para cima”, isto é, substituir o último pré-escolar pelo primeiro ano, dando a falsa idéia de que houve um aumento para nove anos desta etapa do Ensino Básica, mais preocupante ficou na interpretação do Editorial da Folha de São Paula, pois fica claro que teria ocorrido apenas uma alteração “burocrática” e não pedagógica.
No entanto, está correto em afirmar que, na média brasileira, a expectativa de alfabetização aos seis anos seria um erro, pois estaria ainda, em sua grande maioria, em um estado pré-operatório onde se observa que a criança “é egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar, abstratamente, no lugar do outra; não aceita a idéia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos "por quês"); já pode agir por simulação, "como se"; possui percepção global sem discriminar detalhe; deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos.”
Somente no estado seguinte, o operatório-concreto , um dos estados de desenvolvimento a partir dos 7 anos, segundo Piaget e, conforme Nitzke et alli (1997b), neste estágio a criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, ..., sendo então capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Apesar de não se limitar mais a uma representação imediata, depende do mundo concreto para abstrair.
Fica, então, fácil se concluir que a nona série (agora denominado ano) do Ensino Fundamental teria que ser inserida após a oitava e não antes da primeira, como está ocorrendo, pois acelera o risco de aumento de dificuldades na alfabetização da maioria das crianças. Mais adequado seria a oficialização dos pré-escolares dentro do Ensino Básico, com todas as vantagens constitucionais, impedindo que a evolução cognitiva natural de uma criança seja atropelada pelo artificialismo de uma decisão de gabinete.
Não excluímos a possibilidade de crianças sejam alfabetizadas, sem pressão, com idades inferiores (5 ou 6 anos), mas que sejam consideradas exceções e não situações extensivas aos demais como expectativa normal.
Ainda há tempo de correção, bastaria um pouco de humildade para o reconhecimento desta necessária mudança de rumo, sem artificialismo de encobrimento do erro, mas aproveitando-se do erro para, com criatividade e muita imaginação, “colocar o trem da educação nos trilhos”.
“A REPROVAÇÃO de 79 mil crianças de 6 anos no primeiro ano do ensino -ou 3,5% dos inscritos na série em 2008- não chega a ser preocupante, mas traz um alerta. O fenômeno sugere que em algumas localidades a extensão do ensino fundamental para nove anos pode ter sido mal compreendida como obrigatoriedade de alfabetizar um ano antes do que se devia fazer até então, aos 7.”
Se já era preocupante o fato de ampliar o Ensino Fundamental de “baixo para cima”, isto é, substituir o último pré-escolar pelo primeiro ano, dando a falsa idéia de que houve um aumento para nove anos desta etapa do Ensino Básica, mais preocupante ficou na interpretação do Editorial da Folha de São Paula, pois fica claro que teria ocorrido apenas uma alteração “burocrática” e não pedagógica.
No entanto, está correto em afirmar que, na média brasileira, a expectativa de alfabetização aos seis anos seria um erro, pois estaria ainda, em sua grande maioria, em um estado pré-operatório onde se observa que a criança “é egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar, abstratamente, no lugar do outra; não aceita a idéia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos "por quês"); já pode agir por simulação, "como se"; possui percepção global sem discriminar detalhe; deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos.”
Somente no estado seguinte, o operatório-concreto , um dos estados de desenvolvimento a partir dos 7 anos, segundo Piaget e, conforme Nitzke et alli (1997b), neste estágio a criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, ..., sendo então capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Apesar de não se limitar mais a uma representação imediata, depende do mundo concreto para abstrair.
Fica, então, fácil se concluir que a nona série (agora denominado ano) do Ensino Fundamental teria que ser inserida após a oitava e não antes da primeira, como está ocorrendo, pois acelera o risco de aumento de dificuldades na alfabetização da maioria das crianças. Mais adequado seria a oficialização dos pré-escolares dentro do Ensino Básico, com todas as vantagens constitucionais, impedindo que a evolução cognitiva natural de uma criança seja atropelada pelo artificialismo de uma decisão de gabinete.
Não excluímos a possibilidade de crianças sejam alfabetizadas, sem pressão, com idades inferiores (5 ou 6 anos), mas que sejam consideradas exceções e não situações extensivas aos demais como expectativa normal.
Ainda há tempo de correção, bastaria um pouco de humildade para o reconhecimento desta necessária mudança de rumo, sem artificialismo de encobrimento do erro, mas aproveitando-se do erro para, com criatividade e muita imaginação, “colocar o trem da educação nos trilhos”.
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
Dia de cão
Neiff Satte Alam
De manhã, como todas as manhãs, o Aparício aguardava o ônibus que o levaria ao centro da cidade e dali seguiria a pé por umas seis quadras até o local de trabalho, um escritório pequeno com mais de dez pessoas trabalhando onde caberia, saudavelmente, não mais do que três. Caminhando na grama que predominava junto ao local de parada do ônibus, inadvertidamente pisou em um malcheiroso e fresquinho produto fecal de algum cão que por ali passara. O sapato, de sola grossa e com várias ranhuras, ficou impregnado daquele material, que se grudou firmemente à sola e, por mais que passasse os pés na grama e na areia do local, mantinha-se preso. Neste meio tempo chega o ônibus (o próximo somente passaria 30 minutos depois), entre terminar a limpeza e “pegar”o ônibus, optou por seguir viagem.
Ao por o pé no estribo – aquele pé – já ficou a marca do solado do sapato e, naturalmente, o característico mau cheiro típico de dejeto de cachorro. O ônibus estava superlotado. Os primeiros passageiros a sentirem o cheiro imediatamente olharam, por instinto, a sola de seus sapatos, mas logo perceberam as pegadas denunciadoras que se prolongavam até a roleta junto ao cobrador. Várias janelas foram imediatamente abertas (eu disse que era inverno e a temperatura oscilava entre 1 e 2 graus Celsius? Não? Pois estava realmente muito frio). Ruídos e falas de desagrado foram ouvidos e olhares de pura antipatia lançados sobre o pobre Aparício que desesperadamente tentava se livrar do problema, mas só conseguindo piorar a situação ao esfregar o sapato, inadvertidamente, na bengala de uma senhora. Alguns jovens ensaiaram uma vaia, mas foram interrompidos por uma freada brusca do ônibus. Procurando rapidamente chegar à porta de saída, foi deixando sua marca em toda a extensão do corredor, um verdadeiro rastro de terror, de onde era um pouco vítima e um pouco culpado.
Naquele dia, Aparício não trabalhou, pois seus colegas de escritório, não suportando aquele cheiro desagradável, deram-lhe dispensa... Voltou para casa sem os sapatos, pois, em um momento de raiva incontida, atirou-os em uma lixeira provocando a fuga de vários ratos, baratas e moscas que, incrivelmente, não suportaram o cheiro.
Esta história me lembra as cenas que tenho visto nas CPIs de Brasília e do Rio Grande do Sul. Depois de pisarem nestes dejetos, fica o rastro e o malcheiroso ar denunciando as trapalhadas dos caminhantes que não olham onde pisam e aí ninguém, nem os “amigos”, querem limpar a sujeira e o pior, ninguém sabe quem ou de quem era o cachorro que começou toda a história. Deve estar arrumando encrenca em outras paradas ... de ônibus! Deste jeito, vão faltar ratos nas lixeiras.
De manhã, como todas as manhãs, o Aparício aguardava o ônibus que o levaria ao centro da cidade e dali seguiria a pé por umas seis quadras até o local de trabalho, um escritório pequeno com mais de dez pessoas trabalhando onde caberia, saudavelmente, não mais do que três. Caminhando na grama que predominava junto ao local de parada do ônibus, inadvertidamente pisou em um malcheiroso e fresquinho produto fecal de algum cão que por ali passara. O sapato, de sola grossa e com várias ranhuras, ficou impregnado daquele material, que se grudou firmemente à sola e, por mais que passasse os pés na grama e na areia do local, mantinha-se preso. Neste meio tempo chega o ônibus (o próximo somente passaria 30 minutos depois), entre terminar a limpeza e “pegar”o ônibus, optou por seguir viagem.
Ao por o pé no estribo – aquele pé – já ficou a marca do solado do sapato e, naturalmente, o característico mau cheiro típico de dejeto de cachorro. O ônibus estava superlotado. Os primeiros passageiros a sentirem o cheiro imediatamente olharam, por instinto, a sola de seus sapatos, mas logo perceberam as pegadas denunciadoras que se prolongavam até a roleta junto ao cobrador. Várias janelas foram imediatamente abertas (eu disse que era inverno e a temperatura oscilava entre 1 e 2 graus Celsius? Não? Pois estava realmente muito frio). Ruídos e falas de desagrado foram ouvidos e olhares de pura antipatia lançados sobre o pobre Aparício que desesperadamente tentava se livrar do problema, mas só conseguindo piorar a situação ao esfregar o sapato, inadvertidamente, na bengala de uma senhora. Alguns jovens ensaiaram uma vaia, mas foram interrompidos por uma freada brusca do ônibus. Procurando rapidamente chegar à porta de saída, foi deixando sua marca em toda a extensão do corredor, um verdadeiro rastro de terror, de onde era um pouco vítima e um pouco culpado.
Naquele dia, Aparício não trabalhou, pois seus colegas de escritório, não suportando aquele cheiro desagradável, deram-lhe dispensa... Voltou para casa sem os sapatos, pois, em um momento de raiva incontida, atirou-os em uma lixeira provocando a fuga de vários ratos, baratas e moscas que, incrivelmente, não suportaram o cheiro.
Esta história me lembra as cenas que tenho visto nas CPIs de Brasília e do Rio Grande do Sul. Depois de pisarem nestes dejetos, fica o rastro e o malcheiroso ar denunciando as trapalhadas dos caminhantes que não olham onde pisam e aí ninguém, nem os “amigos”, querem limpar a sujeira e o pior, ninguém sabe quem ou de quem era o cachorro que começou toda a história. Deve estar arrumando encrenca em outras paradas ... de ônibus! Deste jeito, vão faltar ratos nas lixeiras.
sábado, 10 de setembro de 2011
A primavera e suas metamorfoses
Neiff Satte Alam
Como são curiosos os sons que marcam cada momento de nossa vida. Sons que identificam locais, estações do ano, efemérides e cada acontecimento importante. Nos verões passados, lá pelos anos sessenta ou um pouco antes, a chegada do verão era anunciada com canto de grilos e coaxar de rãs que transformavam o anoitecer em uma verdadeira orquestra com ritmo próprio que, com um bafo morno dos ventos da estação, embalava nosso sono. O bater de asas das andorinhas que chegavam em bandos numerosos e os sons emitidos pelas rolinhas durante o amanhecer só eram sufocados pela estridente gritaria das caturritas que revoavam esfomeadas até as plantações de milho.
O homem que vendia picolés com sua carrocinha feita em casa, assim como os picolés, utilizavam uma buzina característica que, não sei como, parecia ser a utilizada por todos os “picoleteiros” do planeta e provocava uma algazarra na garotada e um desespero dos pais que tinham que desembolsar dinheiro para satisfazer a gula dos pequeninos.
Isto tudo era sinal de primavera em andamento e prenúncio do verão, melhor, das férias de verão. Detínhamo-nos em observar, nas árvores e jardins abundantes naquela época, insetos e pássaros que iam surgindo do nada, como se uma varinha mágica tivesse o poder de tocar em lagartas e ovos e dali tirarem estes animaizinhos em todo o esplendor da criação.
As lagartas, aprisionadas em seus casulos, lentamente se transformavam em borboletas que lentamente tiravam aquela roupagem feia e grosseira, desfaziam-se de fragmentos protetores de uma metamorfose prevista por sua genética milenar.
Todas estas lembranças e imagens me vieram a mente no momento em que vislumbrei prédios do centro da cidade, inicialmente prédios abandonados, cinzentos e em processo de deterioração – que mais pareciam lagartas envolvidas por tapumes grosseiros, mas resistentes e protetores que escondiam a metamorfose que se fazia acontecer em seu interior – o casulo da crisálida, finalmente, com a eliminação do tapume, surgem prédios majestosos como deveria ser na época em que foram construídos.
Assim, aos poucos, a cidade vai se reencontrando com o passado em uma metamorfose que deverá qualificar e melhorar neste prenúncio de primavera, concretamente uma época de transformações, mas firmemente alicerçada por um passado rico, encoberto, que aos poucos vai se livrando dos tapumes da baixa autoestima e alçando voo para o futuro.
Como são curiosos os sons que marcam cada momento de nossa vida. Sons que identificam locais, estações do ano, efemérides e cada acontecimento importante. Nos verões passados, lá pelos anos sessenta ou um pouco antes, a chegada do verão era anunciada com canto de grilos e coaxar de rãs que transformavam o anoitecer em uma verdadeira orquestra com ritmo próprio que, com um bafo morno dos ventos da estação, embalava nosso sono. O bater de asas das andorinhas que chegavam em bandos numerosos e os sons emitidos pelas rolinhas durante o amanhecer só eram sufocados pela estridente gritaria das caturritas que revoavam esfomeadas até as plantações de milho.
O homem que vendia picolés com sua carrocinha feita em casa, assim como os picolés, utilizavam uma buzina característica que, não sei como, parecia ser a utilizada por todos os “picoleteiros” do planeta e provocava uma algazarra na garotada e um desespero dos pais que tinham que desembolsar dinheiro para satisfazer a gula dos pequeninos.
Isto tudo era sinal de primavera em andamento e prenúncio do verão, melhor, das férias de verão. Detínhamo-nos em observar, nas árvores e jardins abundantes naquela época, insetos e pássaros que iam surgindo do nada, como se uma varinha mágica tivesse o poder de tocar em lagartas e ovos e dali tirarem estes animaizinhos em todo o esplendor da criação.
As lagartas, aprisionadas em seus casulos, lentamente se transformavam em borboletas que lentamente tiravam aquela roupagem feia e grosseira, desfaziam-se de fragmentos protetores de uma metamorfose prevista por sua genética milenar.
Todas estas lembranças e imagens me vieram a mente no momento em que vislumbrei prédios do centro da cidade, inicialmente prédios abandonados, cinzentos e em processo de deterioração – que mais pareciam lagartas envolvidas por tapumes grosseiros, mas resistentes e protetores que escondiam a metamorfose que se fazia acontecer em seu interior – o casulo da crisálida, finalmente, com a eliminação do tapume, surgem prédios majestosos como deveria ser na época em que foram construídos.
Assim, aos poucos, a cidade vai se reencontrando com o passado em uma metamorfose que deverá qualificar e melhorar neste prenúncio de primavera, concretamente uma época de transformações, mas firmemente alicerçada por um passado rico, encoberto, que aos poucos vai se livrando dos tapumes da baixa autoestima e alçando voo para o futuro.
quarta-feira, 7 de setembro de 2011
EDUCAÇÃO E ARTE
Neiff Sate Alam
–
“A educação pela arte tenta o desenvolvimento de sensibilidade, imaginação, criatividade do ser humano, possibilitando ainda um crescimento em termos de visão estética, emocional e intelectual do seu mundo.”(MOSQUERA, Juan)
Desprezar a arte na educação tem sido um erro no nosso sistema educacional, pois vem suprimindo a criatividade natural de nossas crianças e jovens. Esta negligência histórica vem prejudicando a tarefa de estimular os estudantes a terem idéias originais. Devemos, professores que somos, acelerar a criatividade, a sensibilidade e a utilização de raciocínios originais. “...Se queremos promover a criatividade, precisamos encorajar a expressão espontânea, especialmente das crianças mais novas. Em certos momentos, deixemos que os alunos soltem suas idéias, à medida que estas lhes ocorram. Em vez de pintar, deixemos que eles por vezes rasguem papéis coloridos. Ou que batam nas coisas, no saguão, para descobrir-lhes o som”. (KNELLER, George)
Não devemos, por outro lado, permitir a separação da imaginação e do intelecto, pois isto poderia transformar-se em pura fantasia. Nosso modelo atual vem sendo pressionado por uma tendência a valorizar determinadas áreas do conhecimento por serem mais ajustadas ao sistema econômico que modela nossa sociedade. Damos mais valor a conhecimentos reducionistas vinculados à Matemática, Física, Química e Biologia do que à Filosofia, Sociologia, História e, principalmente, à Educação Artística, em todas as suas manifestações.
O reducionismo tem sido um obstáculo ao pensamento criativo. A imaginação, a criatividade e a sensibilidade devem ser o ponto central do processo educacional. Através do aprimoramento da sensibilidade, de uma desmassificação do ensino, valorizando o indivíduo em respeito a sua originalidade e unicidade, o sentido do pessoal e único.
Sendo a manifestação artística um ato pessoal, o aluno, através da Arte, cria e recria o seu universo interior; alimenta seu conhecimento com imaginação enriquecendo suas emoções; acelera seu sentido de humanização quando dialoga, pela arte, com sua cultura.
Sobre os ombros dos professores de arte recai uma enorme responsabilidade uma vez que precisam ser, segundo Mosquera, pessoas de consciência para alertar aos seus estudantes de suas capacidade e potencial.
Se tudo o que escrevemos acima é real, porque observamos o declínio da Educação Artística nas escolas? Porque a maior importância a outras áreas do conhecimento? Provavelmente porque em nosso mundo capitalista os valores artísticos (ou dados à arte) e a própria arte transformou-se em mercadoria e os artistas em produtores de mercadorias.
A escola, mais que a educação, submeteu-se a esta nova ordem.
Podemos e devemos modificar este estado de coisas. O modelo emergente que se apóia em uma pedagogia relacional, portanto interativa, induz o professor a estabelecer um encontro existencial com o seu aluno que, pela arte, busca valores resultantes deste encontro, embora guiados pelos valores do professor. Podemos, desta forma substituir o homem-comum pelo homem-sensível.
Para Mosquera, os professores de arte devem criar um clima apropriado, no qual os estudantes possam responder, aprender e criar; os professores de educação artística precisam desenvolver um sentido humano e criador no seu relacionamento com as outras pessoas; os professores de educação artística devem possuir conhecimento pertinente sobre a arte em geral e manipular técnicas adequadas de sensibilização.
O ensino da arte na Escola Fundamental, diferentemente do Ensino Médio, tem-se desenvolvido um trabalho mais eficiente, desenvolvendo-se a habilidade gráfica e sentido estético, mas no Ensino Médio ainda sofremos a forte interferência mecanicista de uma sociedade que seu desenvolveu a partir da Revolução Industrial.
A saída está na capacidade dos professores de se readaptarem a uma nova ordem fundamentada na liberdade, na capacidade de dialogar, na empatia e principalmente na capacidade de entender o novo e não se deixar seduzir pela estagnação e acomodação, pois a arte é dinâmica, tão dinâmica quanto às conquistas do homem em qualquer área do conhecimento.
“O lugar comum da desumanização da arte pela técnica e pela ciência, deverá ser substituído pela reflexão profunda dos caminhos de totalidade do agir do homem”. (MOSQUERA)
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“A educação pela arte tenta o desenvolvimento de sensibilidade, imaginação, criatividade do ser humano, possibilitando ainda um crescimento em termos de visão estética, emocional e intelectual do seu mundo.”(MOSQUERA, Juan)
Desprezar a arte na educação tem sido um erro no nosso sistema educacional, pois vem suprimindo a criatividade natural de nossas crianças e jovens. Esta negligência histórica vem prejudicando a tarefa de estimular os estudantes a terem idéias originais. Devemos, professores que somos, acelerar a criatividade, a sensibilidade e a utilização de raciocínios originais. “...Se queremos promover a criatividade, precisamos encorajar a expressão espontânea, especialmente das crianças mais novas. Em certos momentos, deixemos que os alunos soltem suas idéias, à medida que estas lhes ocorram. Em vez de pintar, deixemos que eles por vezes rasguem papéis coloridos. Ou que batam nas coisas, no saguão, para descobrir-lhes o som”. (KNELLER, George)
Não devemos, por outro lado, permitir a separação da imaginação e do intelecto, pois isto poderia transformar-se em pura fantasia. Nosso modelo atual vem sendo pressionado por uma tendência a valorizar determinadas áreas do conhecimento por serem mais ajustadas ao sistema econômico que modela nossa sociedade. Damos mais valor a conhecimentos reducionistas vinculados à Matemática, Física, Química e Biologia do que à Filosofia, Sociologia, História e, principalmente, à Educação Artística, em todas as suas manifestações.
O reducionismo tem sido um obstáculo ao pensamento criativo. A imaginação, a criatividade e a sensibilidade devem ser o ponto central do processo educacional. Através do aprimoramento da sensibilidade, de uma desmassificação do ensino, valorizando o indivíduo em respeito a sua originalidade e unicidade, o sentido do pessoal e único.
Sendo a manifestação artística um ato pessoal, o aluno, através da Arte, cria e recria o seu universo interior; alimenta seu conhecimento com imaginação enriquecendo suas emoções; acelera seu sentido de humanização quando dialoga, pela arte, com sua cultura.
Sobre os ombros dos professores de arte recai uma enorme responsabilidade uma vez que precisam ser, segundo Mosquera, pessoas de consciência para alertar aos seus estudantes de suas capacidade e potencial.
Se tudo o que escrevemos acima é real, porque observamos o declínio da Educação Artística nas escolas? Porque a maior importância a outras áreas do conhecimento? Provavelmente porque em nosso mundo capitalista os valores artísticos (ou dados à arte) e a própria arte transformou-se em mercadoria e os artistas em produtores de mercadorias.
A escola, mais que a educação, submeteu-se a esta nova ordem.
Podemos e devemos modificar este estado de coisas. O modelo emergente que se apóia em uma pedagogia relacional, portanto interativa, induz o professor a estabelecer um encontro existencial com o seu aluno que, pela arte, busca valores resultantes deste encontro, embora guiados pelos valores do professor. Podemos, desta forma substituir o homem-comum pelo homem-sensível.
Para Mosquera, os professores de arte devem criar um clima apropriado, no qual os estudantes possam responder, aprender e criar; os professores de educação artística precisam desenvolver um sentido humano e criador no seu relacionamento com as outras pessoas; os professores de educação artística devem possuir conhecimento pertinente sobre a arte em geral e manipular técnicas adequadas de sensibilização.
O ensino da arte na Escola Fundamental, diferentemente do Ensino Médio, tem-se desenvolvido um trabalho mais eficiente, desenvolvendo-se a habilidade gráfica e sentido estético, mas no Ensino Médio ainda sofremos a forte interferência mecanicista de uma sociedade que seu desenvolveu a partir da Revolução Industrial.
A saída está na capacidade dos professores de se readaptarem a uma nova ordem fundamentada na liberdade, na capacidade de dialogar, na empatia e principalmente na capacidade de entender o novo e não se deixar seduzir pela estagnação e acomodação, pois a arte é dinâmica, tão dinâmica quanto às conquistas do homem em qualquer área do conhecimento.
“O lugar comum da desumanização da arte pela técnica e pela ciência, deverá ser substituído pela reflexão profunda dos caminhos de totalidade do agir do homem”. (MOSQUERA)
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