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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Madeireiros destroem posto do Ibama no Pará

BRENO COSTA da Agência Folha

Depois da apreensão de 19 caminhões carregados com madeira extraída ilegalmente de uma terra indígena, madeireiros destruíram na noite de domingo (23), segundo a polícia, o posto do Ibama em Paragominas (220 km de Belém) e tentaram invadir o hotel onde cinco funcionários do órgão federal estavam hospedados. A Polícia Militar diz que 3.000 pessoas (o município tem 90 mil habitantes) participaram da manifestação. Na ação, todos os caminhões apreendidos, vindos da reserva indígena Alto Rio Guamá, na divisa com o Maranhão, foram levados embora. Até o início da noite de segunda-feira (24), nenhum havia sido recuperado. Os veículos estavam carregados com 400 metros cúbicos de madeira, ao todo. A maioria, segundo o Ibama, era maçaranduba, encontrada somente na área da reserva indígena.

No protesto, quatro carros do Ibama e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente foram incendiados, assim como documentos do órgão federal. Móveis e computadores do Ibama, que funciona em um prédio municipal, foram destruídos. O analista ambiental do Ibama Marco Antônio Vidal, que coordena a Operação Rastro Negro, de combate à ilegalidades na cadeia produtiva de carvão no Pará desde o fim de outubro e que resultou na apreensão dos caminhões, disse que os manifestantes também tentaram invadir o hotel onde ele e mais quatro funcionários do Ibama estavam hospedados.

Segundo ele, um trator chegou a ser usado para derrubar o portão de entrada do hotel, mas policiais conseguiram impedir a invasão, com o uso de bombas gás lacrimogêneo. Apesar dos distúrbios, ninguém havia sido preso até o início da noite de ontem. Segundo a polícia, o protesto começou por volta das 19h e só foi controlado quatro horas depois. O delegado Vicente Ferreira Gomes disse que a polícia de Paragominas não tinha efetivo suficiente para efetuar prisões, dado o número de pessoas envolvidas no protesto. Segundo ele, a perseguição aos 19 caminhões roubados não foi possível porque os carros da polícia não conseguiam passar pela multidão que tomou conta das ruas da cidade.

Ontem, o ministro Carlos Minc (Meio Ambiente) pediu ao colega Tarso Genro (Justiça) o envio de homens da Força Nacional de Segurança a Paragominas --uma das 36 listadas pelo Ministério do Meio Ambiente, em janeiro deste ano, como líder em desmatamento na região da Amazônia. O envio de reforço ainda não foi confirmado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, que coordena as ações da FNS, que já mantém um efetivo no Pará para reforçar a Operação Arco de Fogo. O presidente do Sindicato do Setor Florestal de Paragominas, Mário César Lombardi, que representa 40 madeireiras em funcionamento no município, disse que o ato foi isolado e não teve o apoio do sindicato.

sábado, 22 de novembro de 2008

GREVE JUSTA

Juremir Machado da Silva - Correio do Povo de 20/11/2008

O magistério estadual gaúcho entrou em greve. Mas o governo achou-se incompreendido. Dado que uma lei federal estabeleceu piso salarial, como salário inicial, no valor de R$ 950,00, as autoridades do Rio Grande do Sul trataram de interpretar de outra forma o espírito dessa medida, contrariando o bom senso e a língua portuguesa, para defender os interesses dos nossos professores. Não entenderam? Acham que estou ficando louco? Explicarei. O governo gaúcho ficou preocupado com a possibilidade de os professores começarem a ganhar um pouco mais. Nem se trata de ganhar bem, muito bem ou suficientemente. É bem mais simples. Ganhar a partir de R$950,00 complica.
Esmiuçarei o que parece serem as razões profundas, embora jamais reveladas, dos nossos representantes e gestores. As razões superficiais são conhecidas: falta de recursos, sistema inchado e necessidade de não abalar o ajuste fiscal em curso. As razões que aqui chamo de profundas são mais interessantes. Se um professor em começo de carreira ganhar R$ 950,00, quanto receberá, acrescentando-se vantagens, um profissional com 20 anos de carreira? Pode, quem sabe, chegar a R$ 2 mil. Já imaginaram? Aí se tornaria perigoso. Professor com salário razoável pode começar a fazer coisas impensadas, tomar atitudes impulsivas, agir de modo precipitado.
Entre as ações perigosas que podem resultar de uma elevação substancial de salário encontram-se ir ao cinema com mais freqüência (ou simplesmente ir ao cinema), comprar música e, pasmem, adquirir braçadas de obras na Feira do Livro. Bem, braçadas mesmo, convenhamos, não daria, salvo em balaios, mas ainda assim haveria o risco de um aumento vertiginoso na aquisição de livros. É sabido que professores com muita leitura causam problemas. Ficam sabichões, até arrogantes, ensinam melhor e podem até fazer com que os alunos de escolas públicas se tornem verdadeiros concorrentes de alunos de escolas privadas em vestibulares ou outros gêneros de concursos. Ouvi dizer, embora sem confirmação, que já tinha professor pensando em viajar graças ao piso salarial (salário inicial). Não deve ser verdade. Livros e viagens já é demais!
Outro item contestado pelos nossos protetores diz respeito ao tempo necessário para atividades fora de sala de aula (preparação, correção de provas e outros passatempos levados para casa). Segundo o governo, isso exigiria contratar mais 27 mil professores. Não haveria dinheiro para isso. Sugere-se, então, que o magistério continue a praticar uma tradição de sacrifício, trabalhando de graça no aconchego do lar pelo bem público e pelo sacerdócio do ensino. Afinal, ser professor deve ser padecer na sala de aula e ainda levar trabalho para casa. Claro que os governantes não se reconhecerão nestas linhas. Mesmo assim, frios e estatísticos, pedirão como sempre cautela, pragmatismo e realismo a quem passa a vida esperando o famoso 'agora vai'. Aí, quando vai um pouquinho, inacreditavelmente, o governo não quer pagar.
A greve só podia ser justa. Mais do que isso, justíssima, legítima, além, claro, de ser legal. Em governo de intelectual, costuma ser assim: a educação fica em segundo lugar mesmo parecendo estar em primeiro. Foi assim com FHC. As universidades públicas foram abandonadas. No Rio Grande do Sul, educação e cultura só têm levado tranco. Quando não tem outro jeito, é preciso meter o pé na porta. Piso é salário inicial.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

S.O.S. AOS PROFESSORES!

Neiff Satte Alam

Início da manhã. A criançada encontra os portões das Escolas fechados e os professores, junto à entrada, tentam explicar suas contrariedades quanto ao tratamento recebido pelo Governo do Estado nas tentativas de negociação. Pais e crianças parecem não entender, pois os filhos terão que voltar para casa e sua educação começa a ficar comprometida. Não sabem os pais que o comprometimento com a qualidade de ensino é mais responsabilidade de governantes, que não desenvolvem políticas públicas para a educação de acordo com as necessidades mínimas dos professores, do que com estes, que lutam permanentemente para manter um mínimo de qualidade no seu trabalho, mas que tem resultados aviltados pelas condições indignas a que são submetidos estes profissionais em educação.
Não podemos ignorar que a qualidade do ensino está associada a condições adequadas de vida do Professor. Professores que não possuem condições financeiras para comprarem livros, que não têm acesso às novas tecnologias, que não têm recursos para usufruírem um bom plano de saúde e que ainda têm que enfrentar uma fantástica violência dentro das escolas patrocinada por alunos que não mais respeitam a condição de professor destes profissionais, não podem realizar um trabalho dentro da expectativa que dele se tem, pois, estressados, com baixa auto-estima e totalmente abandonado por governantes que têm como parâmetro apenas questões econômicas a serem resolvidas e que consideram educação como despesa a ser reduzida para que o Estado tenha déficits zerados.
Senhores pais, quando chegarem a Escola e encontrarem os portões fechados, não lancem sua raiva e frustração sobre os ombros dos professores, pois estão lutando por condições dignas de trabalho para melhor atenderem seus filhos, para que estes possam sair da Escola melhores do que entraram. Pensem, ainda, neste tempo em que os professores estão lutando tanto por eles como por seus alunos, como poderão contribuir para que uma greve corajosamente desencadeada atinja seus objetivos, pois os resultados positivos destes movimentos sempre serão no sentido de beneficiar os alunos, não apenas o professor.
Aluno, quando encontrares os portões fechados te junta a teus colegas e começa a fazer uma análise de atitudes e comportamentos que possam alterar a relação com os professores, pois, nos últimos tempos, tem havido um conflito no interior das Escolas em que todos perdem, principalmente os alunos, pois perdem a oportunidade de usufruir do saber que o professor proporciona na sua tarefa de construção de conhecimentos e competências.
Todos têm que entender que o professor trabalha com material mais importante do planeta: a mente das pessoas, logo, tem que ser recompensado pelo seu trabalho e apoiado quando se rebela contra os que tentam impedir ou dificultar o exercício desta importante tarefa. São os únicos profissionais que podem encaminhar uma melhora para as condições de vida no Planeta, pois são os responsáveis pela formação da mente das pessoas que, no futuro, farão a diferença.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

O MUNDO É UM MERCADO - GURVITZ, VIAJANTE E GOURMET

O MUNDO É UM MERCADO
VIAGENS E GASTRONOMIA

Ricardo Gurvitz viajante e gourmet


Você comeu seu arroz hoje? Assim dizem os chineses ao nosso conhecido BOM DIA.

Não há regra sem exceção - Hamburgo, Alemanha

Não sou um especialista em religiões. Acredito que dentro da minha cabeça funciona quase como torcida de futebol: todos deveriam, se respeitar, mas não o fazem. Todos julgam que a sua é a verdadeira; isto levaria para um empate.
Muitas vezes, parece que o juiz dá uma ajudazinha para algum dos times, e o outro sempre xinga sua mãe. Muitas deveriam levar cartão vermelho, porque mentem que estão pregando o bem quando na verdade, estão semeando a guerra. Mas isto é problema de cada um.
Vemos claramente que, em muitas, as palavras de ordem colocadas para o time não se refletem nos cartolas, os quais retiram tudo o que podem de seus comandados, enquanto fazem a contra-mão em suas vidas particulares. Mas isto é só divagação. Não quero emitir nominalmente juízo de valores.
Quando estávamos conhecendo a cidade de Hamburgo, na Alemanha, fomos conhecer a maior igreja protestante da região, Saint Michaelis Church, impressionante com seus tijolos vermelhos.
Este prédio, agora, já é o terceiro, O primeiro foi construído em 1647; o segundo em 1768, e o atual foi reconstruído duas vezes; em 1906, após um incêndio, e após os bombardeios de 1944 e 1945
No entanto, com o meu pequeno conhecimento de suas leis, sabia que eles não aceitam a colocação de imagens em suas casas de oração. O guia da excursão, em sua explicação, disse que era a única igreja que apresentava esses ícones. Acima do portal, existe uma grande escultura feita de bronze do arcanjo conquistando o diabo. Se pode ou não pode, eu não sei. Mas que vale a pena visitá-la, isto eu posso garantir, independente se você faz parte daquele time ou não.


Troyes – um museu a céu aberto


Na capital da região de Champagne – França - Troyez é uma cidade moderna, que antigamente foi um caminho entre Flandres e a Itália, mas que conseguiu manter um centro antigo fenomenal.
Eles têm leis restritivas ao modernismo, naquela área. Nada, nada mesmo pode ser tocado sem passar pelas comissões de avaliação. As juntas não são de brincadeira. Não acontece como aqui, em que durante a noite um prédio é derrubado. Se o fizer, o proprietário terá que reconstruí-lo sem nenhuma modificação. E assim fará!
Naquela cidade, (já escrevi antes) há um shopping horizontal, somente com ponta de estoque das grandes grifes. Os exemplos são as lojas: Nike, Laura Ashley, Hugo Boss, Kenzo, Yves Saint-Lauretnt, Jean-Paul Gaultier e outros tantos. Ali não há cartão de crédito que resista. São peças de uma qualidade inigualável a preços também inigualáveis.
Entretanto, o que me fez voltar a escrever sobre aquele centro antigo foi o fato de que, durante um passeio pela internet, achei uma foto semelhante à que eu havia tirado no mesmo lugar, só que em outra estação.
A da internet deve ter sido feita em uma temporada mais tépida, pois colocaram mesas na rua e os personagens estavam de camisa
de mangas curtas. Na minha foto, eu e Christina estamos vestidos como uma cebola, pois em outros pontos da cidade ainda havia neve na rua.

Charles Jenner veio do sul da Escócia para trabalhar como cortineiro. Pediu um dia de licença para ir às corridas de cavalo e acabou por ser despedido. Resolveu, então, trabalhar por conta própria e abriu uma loja que acabou por ser considerada uma instituição.
Colocada bem no centro de Edimburgo, na rua principal, esta loja foi criada em 1838, na 47 Princes Street. Cresceu e talvez seja a primeira loja de departamentos da Europa e não se sabe se não foi a primeira do mundo.
É uma delícia caminhar pelos vários andares da loja, cujo interior possui várias sacadas. Até os vendedores parece que ainda estão na época da inauguração. Poderíamos chamar de a Harrods escocesa. Houve um grande incêndio em 1890 e esta foi totalmente reconstruída.
Infelizmente, o Sr. Charles Jennes não conseguiu ver a reinauguração. Atualmente, ocupa o 47 e o 48 da Princess Street e o2, 4, 6, 8, 10, 12, 14 e 16 da South Street St David. Foi modernizada com toaletes e escadas rolantes. Imperdível!


Essa é a minha opinião, depois de ter visitado cinqüenta países.

e- mail: mercadoricardo@terra.com.br

ENSINAR MATEMÁTICA: UM DESAFIO CONSTANTE

Regina Al-Alam Elias (2005)


Ao se analisar o grande percentual de reprovação dos alunos em Matemática e, em especial os que chegam nas Universidades, não se pode perder de vista aspectos que, ao que parece, são fundamentais:
- São encontrados nas salas de aula, a cada ano, alunos inseridos em um sistema educacional repleto de deficiências de ordem política, estrutural, ambiental, má formação de professores, etc...
- Dentro deste contexto, a situação da Matemática é ainda agravada pelo fato de que os alunos, em número enorme, experimentaram fracasso nesta disciplina, oriundo do ensino desvinculado da realidade.
Nas salas de aula, os professores se deparam com a heterogeneidade de diversos tipos de alunos, as quais podem ser assim agrupadas:
1o grupo) Alunos bem dotados, de inteligência regular, estudiosos e que aproveitam bem o que lhes é transmitido, enriquecendo sua aprendizagem com suas próprias conclusões, pesquisas, estudos, etc...
2o grupo) Alunos menos inteligentes do que os do 1o grupo, não dotados de capacidades natas, com o ensino tão tradicionalmente abstrato quanto os que estão no primeiro grupo, porém que ficam com a pouca informação que recebem de alguns professores que encontram no seu caminho. São estudiosos, interessados e têm possibilidade de serem tão bons estudantes e profissionais quanto os que compõem o primeiro grupo.
3o grupo) Alunos que, inteligentes ou não, com capacidades bem ou mal desenvolvidas, não estudam, são malandros e não cumprem com o mínimo de seu dever e exigem todos os seus direitos.
Como seria lecionar aos três grupos?
Ensinar aos alunos do terceiro grupo é tarefa complicada, que muitas vezes não alcança resultados positivos, devido à complexidade das causas de tal comportamento. Cabe ao professor a ação conjunta com o grupo de professores de outras disciplinas e os serviços especializados das escolas para tentar ajudá-los a se inserir num dos outros dois grupos. Estes são os alunos que , muitas vezes, acabam sendo reprovados ou infreqüentes.
Ensinar aos alunos do primeiro grupo não apresenta maiores dificuldades, pois estes são alunos que aprendem "apesar" do professor, que estudam quase sozinhos, que pegam um livro e conseguem entender com facilidade o que está ali escrito. Eles aprendem sempre tudo. Quem já ultrapassou duas décadas de magistério pode afirmar que é muito fácil ensinar para esses alunos. No caso da Matemática, quando se inicia a mostrar ou demonstrar algum (ou qualquer um) dos itens do programa, tem-se a sensação de que aquele(s) aluno(s) "já ouviu(ram) falar nisto antes" pois ele(s) conclui(em) junto ou antes do próprio professor.
Oxalá só chegassem estes às mãos dos mestres...
Ensinar aos alunos do segundo grupo! Esta sim é uma tarefa árdua. São a maioria dos alunos. São os que precisam ser muito bem trabalhados em suas dificuldades iniciais, que precisam ser ajudados a sanar suas dúvidas e que, pelo esforço individual, sua vontade de vencer, vivendo em um país que se diz democrático, tem tanto direito quanto os outros, do primeiro grupo, de aprenderem, de vencerem, de serem bons alunos e, no futuro, bons profissionais. Há espaço para eles também.
Neste grupo encontram-se os alunos que querem aprender mas não conseguem se o professor não falar a linguagem deles. O professor precisa descer do seu pedestal, chegar até estes alunos, descobrir suas deficiências e saná-las sem culpar o professor das séries anteriores, "lavando" suas mãos e fugindo de suas verdadeiras responsabilidades .
Esta tarefa não é fácil. Nivelar os alunos menos privilegiados e, aparando as arestas, orientá-los na forma de estudar, ajudando-os a desenvolverem as potencialidades que eles possuem, colaborando para que eles avancem nos seus conhecimentos, esta sim é uma tarefa que exige alta competência técnica do professor. É aqui que o professor precisa de qualidades especiais para conseguir atingir estes alunos, que têm direito de aprender, pois não é justo que sejam colocados no nível dos que estão no terceiro grupo, rotulando-os de "incapazes" ou "casos perdidos".
Não basta para este professor ser profundo conhecedor da matéria que vai lecionar. Junto com a preocupação indispensável de aprofundar os conhecimentos na sua área, ele precisa preocupar-se com o modo de ensinar, de como transmitir seus conhecimentos a estes alunos classificados no segundo grupo.
O professor precisa chegar até este aluno e ajudá-lo a crescer. Ele precisa saber descobrir a falha, descobrir a dificuldade e, por mais elementar que ela seja, ter a capacidade de, sem ofender o aluno, saná-la. Não é o aluno que deve envergonhar-se de não lembrar, por exemplo, de uma fatoração ou de uma operação com frações, mas sim o professor que, diante desta lacuna do aluno, diante desta dificuldade elementar, coloca-se tão "acima" que não se permite ou não sabe, descer do seu alto conhecimento para atender e eliminar a dificuldade para continuar “dando o seu recado”.
Conseguir ensinar aos alunos que estão neste segundo grupo é que demonstra a capacidade de ser um bom professor.
Para isto é preciso vencer o medo de, ao tratar das dificuldades do aluno, perder o "controle da situação" pois é difícil ter sempre a resposta. Corre-se o risco de não ser mais o dono da verdade, exercendo o papel de aprender junto com o aluno.
Abre-se a possibilidade de "sair do programa" e isto exige do professor uma constante procura de soluções para problemas sempre novos, possibilitando assim um crescimento contínuo.
Conclusão: ser bom professor de bons alunos não tem grandes méritos. Até um pesquisador, não professor, um pensador ou um simples estudioso da matéria o consegue. Porém, ser bom professor de alunos cheios de deficiências (o que é a mais cristalina realidade) nem todos conseguem. Precisa garra, técnica, gosto pelo que faz, dedicação ao aluno, estudo de novas alternativas de trabalho e de avaliação, a cada nova turma que lhe é confiada.
Precisa metodologia apropriada a cada tipo de turma e de conteúdo.
Outra conclusão a que se pode chegar é que, quando o índice de reprovação em uma turma é muito elevado, o professor precisa avaliar as causas olhando para si mesmo e não, simplesmente, enquadrando todos os reprovados no terceiro grupo, todos os aprovados no primeiro grupo e lavando as mãos de suas responsabilidades com os do segundo grupo.
Cabe ao professor refazer seu trabalho para, nos próximos anos, procurar ensinar aos alunos com maior deficiência, sem baixar o nível de exigência.
Ser bom professor não é passar quem não sabe e sim ensinar a todos os que querem aprender.
Caminhos existem, embora não seja uma tarefa fácil, pois há uma grande dificuldade de bibliografia que nos mostre como melhor ensinar, principalmente os conteúdos do 2o grau. É um desafio que exige criatividade, dedicação e coragem de enfrentar alguns colegas que consideram o trabalho com Metodologia do Ensino da Matemática algo procurado apenas por professores que não “sabem” trabalhar no ensino tradicional e por isto “fogem” para a área da Metodologia.
Quando se trabalha diretamente com professores de Matemática observa-se uma grande surpresa diante de alguns argumentos que podem ser utilizados para explicar o “porque” de algumas “regras” ou de alguns algoritmos, conteúdos inclusive das séries iniciais do 1o grau. Pode-se, ainda, perceber que os professores trabalham o conteúdo da 5a série porque o aluno precisará na 6a série, por exemplo, e assim sucessivamente. As justificativas da aplicação de algumas regras estão muitas vezes na vida diária do aluno e não na desvinculação de sua realidade. Muitas vezes se ouve o professor dizer que tal termo ou tal ação funciona na vida mas não funciona na Matemática, ou vale na Matemática mas na vida é diferente. Outras vezes, a justificativa do uso de uma regra está na aplicação de uma propriedade apresentada ao aluno nas primeiras séries do primeiro grau e o professor não aplica porque não está lá no seu livro didático.
O professor de Matemática não pode se preocupar apenas em ser coerente com as proposições já existentes e demonstradas ao longo dos anos. Precisa, além disto, ser também coerente com as exigências da época e do lugar.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

O FUTURO É UMA ESCOLHA DE CAMINHOS.

Neiff Satte Alam

Por enquanto, a imprensa não parece sensibilizada para o debate sobre uma possível convergência entre regular o sistema financeiro internacional, desobstruir os fluxo do comércio mundial e ao mesmo tempo estabelecer um modelo de criação de riqueza que considere mais valiosa uma árvore em pé do que estendida na carroceria de um caminhão. (Jornalista Luciano Martins Costa – Observatório de Imprensa)

A preocupação obstinada de alguns governantes e empresários em utilizar o máximo do ambiente para desenvolver o agro-negócio, ignorando a instabilidade resultante desta extrema utilização e se despreocupando com as conseqüências do desequilíbrio do meio, cujas seqüelas poderão inviabilizar a continuidade desta utilização pela simples falta de percepção de que sustentabilidade é o mesmo que permitir um futuro sadio para próximas gerações e o contrário seria o caos resultante da destruição do capital natural para beneficiar o capital criado.
Não é correto sinalizar-se a impossibilidade de desenvolvimento em nome de uma mínima preservação ambiental. A incorreção se dá pelo simples fato de que os desmandos ambientais, causados pelos fantásticos impactos não mitigados, poderão deixar como herança um ambiente estéril, improdutivo e povoado pela pobreza.
É urgente que se organize e implante uma política pública que harmonize desenvolvimento e preservação do ambiente, preservação que permita sempre uma recuperação do equilíbrio dos ecossistemas envolvidos.
As seqüelas, para os menos avisados, destes desencontros entre desenvolvimento e preservação são as ampliações de situações ainda controláveis, como aquecimento global, destruição do solo por aceleração da desertificação, redução de flora e fauna que constituem a biodiversidade dos biomas mais atingidos e conseqüente alteração do ecoclima, redução das áreas de produção de alimento, necessidade de importação de insumos (adubo, inseticida, máquinas mais sofisticadas) para resolver os problemas causados pelo mau uso do solo.
A obstinação dos governantes, empresários do agro-negócio, pequenos produtores rurais e dos consumidores potenciais do que se produz no meio rural deve ter como alvo uma produção sustentável, sem serem atraídos pelo “canto das sereias” que desviam a rota de nossos interesses para os interesses dos megaempreendimentos que visam exclusivamente lucro e ignoram os interesses sociais e a melhor satisfação das populações que produzem esta riqueza. Não podemos ficar reféns destas megaempresas que se movimentam de forma virtual no mundo globalizado das transações econômicas e que, num piscar de olhos, mudam o seu norte e, sem o mínimo pudor, deslocam suas atenções para outros quadrantes do planeta.
Olhar o ambiente por entre as frestas dos cifrões pode ser a diferença entre ter e não ter futuro. Os governantes de hoje tem esta responsabilidade com as gerações futuras, decepcioná-las não é o melhor e nem o mais inteligente caminho...

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

OBAMA, A CRISE E O MEIO AMBIENTE

PAUTA DO FUTURO
Obama, a crise e o meio ambiente

Por Luciano Martins Costa em 11/11/2008
A imprensa brasileira tem aumentado o espaço e a freqüência das notícias sobre a questão ambiental. Também oferece atenção generosa aos debates que reúnem representantes dos países mais ricos e dos chamados emergentes, na tentativa de superar divergências em busca de uma saída para a crise financeira internacional. E, como não poderia deixar de ser, ainda acompanha com interesse os primeiros movimentos do futuro presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.

Que tal fazer um exercício e juntar os três temas? Talvez a solução dos problemas pareça menos remota. Comecemos com a análise do que tem sido de fato a economia mundial no período que convencionamos chamar de globalização acelerada – aquele que se sucede à queda do muro de Berlim, no final de 1989. Aliás, foi no dia 9 de novembro de 1989. A imprensa esqueceu.

De lá para cá, com as reformas políticas e econômicas na matriz da antiga União Soviética e na China comunista, o mundo se convenceu de que passaríamos a viver no paraíso capitalista: reduzindo-se a intervenção do Estado, a iniciativa privada, livre para criar riquezas, iria abrir democraticamente as oportunidades para os cidadãos de todos os países fazerem negócios. Éramos todos capitalistas, finalmente. Sem as tensões da Guerra Fria, a História como a conhecêramos nos séculos 19 e 20 se transformaria, enfim, na tediosa caminhada rumo ao bem-estar permanente.

Desigualdade crescente

A realidade se embalou deliciosamente no sonho capitalista e não se sobressaltou com os primeiros pesadelos. E não foi por falta de capital que a coisa desandou: os fluxos de investimento para os países em desenvolvimento cresceram dez vezes na década seguinte, e o século 21 foi saudado nos computadores pela avassaladora presença da internet, a nova forma de comunicação que iria unificar a humanidade e reduzir a pó as diferenças culturais.

O surgimento da Organização Mundial do Comércio (OMC), em 1995, prometia colocar uma ordem nas demandas de vários tipos, que confrontavam os interesses das estruturas de negócios agrícolas consolidadas desde a Idade Média na Europa com os novos agronegócios dos países emergentes. Ao mesmo tempo, a revolução na comunicação acrescentava novos protagonistas ao debate: os pobres agora queriam mais participação no bolo.

A OMC nunca foi capaz de produzir um acordo que fosse satisfatório para os dois lados da moeda global. O protecionismo se tornou ainda mais rigoroso do que sob os regimes anteriores, em que o Estado se fazia mais presente no controle da economia.

O que aconteceu, de fato, na década seguinte, até a implosão do sistema em setembro passado, foi que, embora tivesse produzido mais riqueza do que em todo o século anterior (sob os critérios adotados majoritariamente pela imprensa especializada), a economia globalizada não foi capaz de responder aos desafios essenciais da humanidade: o planeta se tornou um lugar mais perigoso para a vida, a democracia foi colocada sob risco, as desigualdades sociais se avolumaram, o patrimônio ambiental foi dilapidado e o aquecimento global revelou o cenário das escolhas equivocadas.

A imprensa nunca foi capaz de olhar um pouquinho para fora da caixa dos consensos. Saudou cada recorde de produção das indústrias poluidoras, cada novo salto nos ganhos dos investidores, cada nova iniciativa no movimento de expansão do capitalismo globalizado, estimulando a feroz disputa dos países pobres e em desenvolvimento pela atenção dos investidores.

Até 2002, esse intenso movimento de capital produziu apenas mais desemprego, mais miséria e mais conflitos na maioria dos países do mundo. Um olhar sobre o relatório produzido pela Comissão Mundial sobre as Dimensões Sociais da Globalização, publicado há quatro anos, mostra que 59% da população mundial vivia, no começo deste século, em países com crescentes níveis de desigualdade e que o bem-estar criado pela globalização se concentrava em algumas ilhas de conforto. O desemprego grassava em todo o mundo, com exceção do sul da Ásia, da Europa (ainda assim, pressionada por movimentos migratórios da África e do Leste Europeu) e dos Estados Unidos. Os dados desse estudo foram descritos em vários artigos pelo economista Joseph Stiglitz, um de seus autores.

Razões do otimismo

A imprensa nunca deu muita importância aos efeitos colaterais da expansão global dos capitais, até setembro deste ano, quando Wall Street veio abaixo. A imprensa nunca lamentou os mortos pela fome na África como lamenta as quebras de banqueiros nos Estados Unidos. No entanto, a crise financeira que ocupa as manchetes apanhou um sistema claramente insustentável.

Mesmo nas chamadas ilhas de prosperidade, a situação era absurda, para qualquer nível de consciência. Até mesmo para os mais insanos defensores da absoluta liberdade para o capital, bastaria um dado para acender uma luz de alerta: os 400 americanos mais ricos possuem mais patrimônio do que todos os 150 milhões de cidadãos americanos mais pobres, somados. Apenas durante os oito anos da administração Bush, que coincide com o ápice da euforia globalizante, o patrimônio dos 400 americanos mais ricos – não são 4 mil ou 4 milhões, são 400, mesmo, o suficiente para encher uma sala de cinema – cresceu cerca de 700 bilhões de dólares.

Alguém aí lembra de ter visto a imprensa associar esse número ao valor que o governo americano anunciou em suas primeiras medidas para socorrer as empresas (empresas?) em crise?

Aí é que o tema converge para as especulações sobre o que pode vir a ser um governo Barack Obama. E aqui o leitor carece de um ponto essencial para pensar nas incontáveis análises que louvam o fato de Obama ser o primeiro afrodescendente a vencer uma eleição presidencial nos Estados Unidos. Seria possível estabelecer uma relação absoluta entre os americanos de pele escura, cujos tataravós ou bisavós foram escravizados, cujos pais ou avós foram segregados, e este outro americano de pele escura, cujo pai migrou da África em busca de uma vida melhor, casou-se com uma mulher branca e seguiu adiante buscando uma vida ainda melhor?

Obama é filho de um homem de muita iniciativa, que deixou uma vida relativamente confortável – para os padrões africanos – para buscar melhores oportunidades, com uma americana atípica, que desprezou os preconceitos e viveu fora do país em função de outro casamento. Ele não é fruto dos guetos de Chicago, nunca falou os dialetos da rua. Talvez por isso haja mais razões para o otimismo que assola os jornais. Mesmo assim, a imprensa precisa sair do encantamento e trazer o leitor para mais perto da realidade.

Aplausos e dúvidas

Quanto o provável futuro presidente dos Estados Unidos estará disposto a mudar o sistema que nos trouxe a este momento de crise? Qual é o seu interesse real em trazer para a mesa das grandes negociações os países emergentes, que ainda assistem de fora às tomadas das decisões que afetam seus futuros, se ele, Obama, foi eleito pelos americanos para cuidar dos interesses dos Estados Unidos? Em que a cor de sua pele seria determinante para ele escolher entre proteger o pequeno produtor de compotas na Califórnia e estimular a produção de um concorrente no outro lado do Atlântico?

Essas dúvidas ainda não apareceram claramente no meio da festa pós-eleitoral. Os leitores e telespectadores de São Bento do Una acham que, com Obama, a vida vai melhorar no Agreste Pernambucano.

Pode ser. E entramos na outra quina do triângulo que ainda não vimos composto pela imprensa: é possível pensar em um novo paradigma para o movimento global de capitais sem levar em conta os desafios do aquecimento global e a necessidade de eliminar as pressões sobre as últimas reservas de patrimônio ambiental do planeta?

Por enquanto, a imprensa não parece sensibilizada para o debate sobre uma possível convergência entre regular o sistema financeiro internacional, desobstruir os fluxo do comércio mundial e ao mesmo tempo estabelecer um modelo de criação de riqueza que considere mais valiosa uma árvore em pé do que estendida na carroceria de um caminhão.

Saudações para o interesse crescente da mídia na questão ambiental. Dúvidas para a disposição da imprensa em colocar sob os olhos dos leitores e telespectadores o verdadeiro desafio da sustentabilidade.

sábado, 1 de novembro de 2008

NÃO MALTRATEM AS ROSAS...

Neiff Satte Alam“

Os que se dedicam à crítica das ações humanas jamais se sentem tão embaraçados como quando procuram agrupar e harmonizar sob uma mesma luz todos os atos dos homens, pois estes se contradizem comumente e a tal ponto que não parecem provir de um mesmo indivíduo”. Montaigne (1533-1592)

As diversas faces de um mesmo indivíduo, como se possuísse várias máscaras, como as ‘personas’ utilizadas pelos atores do teatro grego ao tempo de Ésquilo, podem ir caindo na medida em que os interlocutores se aproximam da face verdadeira e o filtro, que muitas vezes é a função da máscara, começa a desmoronar. Desmascarando-se, os atores ficam com a verdadeira face exposta ao olhar inquisidor e implacável dos que admiravam o ator, mais pela máscara do que por algum atributo pessoal mais importante.

O ator, desnudado da máscara, começa a mostrar suas contradições, destaca, muitas vezes, o pior de sua personalidade, confunde o observador em um primeiro momento, mas na seqüência de seus procedimentos vai se deteriorando gradativamente e uma triste figura se apresenta aos estupefatos observadores, antes admiradores do personagem, mas que agora sabem dos artifícios para enganar e tripudiar da boa fé de tantos quantos apostavam no que representava a máscara, não o homem atrás da máscara.

Assim ocorre na política. Atores com suas múltiplas máscaras, uma para cada situação e momento, muitos políticos vão ludibriando os eleitores, correligionários, companheiros de jornadas difíceis onde só a lealdade de princípios e não ações pragmáticas que soterram as ações programáticas e suas ideologias aí contidas, fazem a união e admiração pelos líderes que deveriam conduzi-los pelos caminhos ásperos dos partidos políticos onde a ética e a definição ideológica deveriam ser a bandeira.

Infelizmente as contradições de muitos políticos fazem com que pareçam ser várias pessoas em uma só, uma verdadeira esquizofrenia política, uma ‘persona’ para cada situação. Situações que desarmonizam e desequilibram as relações intra e inter partidárias. Confundem a mente dos filiados de seus partidos e não atraem os filiados adversários, pois só o que fazem é alimentar a desconfiança de todos.

Nesta situação, muitas agremiações partidárias têm se apequenado e se transformado em reboque desqualificado de outras agremiações que se aproveitam das fraquezas de seus líderes para exercerem domínios interpartidários nesta absurda fase da vida política brasileira em que o pragmatismo das campanhas eleitorais se estende até o exercício do poder.

Sem máscaras e com uma profunda revolução intra-partidária, devem os partidos atingidos por desmandos de seus falsos líderes revisarem suas posições e reorganizar o caminho e a caminhada em direção ao futuro, pois da mesma forma que um jardineiro consciente deve cuidar das rosas de seu jardim e evitar que pragas e um ambiente contaminado prejudiquem suas flores, os dirigentes partidários deverão proteger os filiados de seus partidos, para que não se transformem em rosas sem viço, sem brilho, sem vida ...

Jardineiros! Não maltratem as rosas ...