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terça-feira, 8 de março de 2011

A Matemática e a Inteligência Emocional

Regina Al - Alam Elias


Várias empresas e escolas vêm admitindo a tese de que o sucesso depende mais dos sentimentos do que propriamente do Q.I. Essa maneira de pensar baseia-se na nova tendência de pesquisadores de diversas partes do mundo: a Inteligência Emocional.
Durante vários anos sustentou-se a quase certeza de que as pessoas bem dotadas, ou seja, as pessoas de Q.I. bem elevados eram sempre fadadas ao sucesso, independente da sua capacidade de se relacionar bem ou mal com o mundo.
Entretanto essa idéia foi posta em discussão pelo psicólogo e jornalista americano Daniel Goleman, em seu livro “Inteligência Emocional”. Baseado em uma consistente pesquisa, ele mostra que “o sucesso na vida repousa numa combinação bem temperada de pensamento racional agudo com controle e auto conhecimento emocionais”.
Goleman admite que, apesar das fortes características genéticas que cada pessoa carrega consigo, é possível aprender a controlar e a dominar, pelo menos parcialmente, os impulsos negativos como a ira, a ansiedade, a melancolia e os ímpetos repressores.
O professor de Matemática enfrenta um problema de ansiedade diante da disciplina que dificulta, de maneira bastante forte, a aprendizagem. De acordo com a nova teoria, seria bastante importante que o professor procurasse descobrir porque o aluno tem aversão à disciplina e quais as alternativas que ele sugere para eliminar o medo e a angustia que sente negociando saídas para o problema e colocando-a diante de uma realidade futura: enfrentar e resolver seus problemas do dia a dia.
Parece que não basta, com seu Q.I. elevado, o aluno tirar sempre dez em tudo. Ele vai precisar de uma socialização maior e de uma capacidade de dominar suas emoções.



Professores de Matemática com muitos cursos, existem em número bastante significativo. Se, em determinado momento, é proposto a um Professor, uma disciplina com a qual ele ainda não trabalhou, basta um tempo não muito longo para que ele se prepare, estudando e organizando suas aulas e o problema estará resolvido. Bastante difíceis de resolver são os problemas de relacionamento, autoritarismo e descontrole emocional que muitas vezes duram uma vida inteira e não são devidamente analisados ou não são levados a sério.
Quem não lembra de um professor de Matemática, que possuía estas dificuldades emocionais? Salvo melhor juízo, com raras exceções, eram professores “que sabiam muito”, mas não conseguiam “transmitir” ou eram “autoritários”, donos da verdade incondicional, verdade esta que estavam tentando dividir com um grupo de alunos com deficiências anteriores diante das quais ele lavava as mãos. Não significa que um bom currículo tenha perdido o seu valor. Pelo contrário, nunca foi tão valorizado. O que acontece hoje é que, em um concurso, ficará com a vaga o profissional que tiver um bom currículo como ponto de partida aliada a uma facilidade de se comunicar, um bom relacionamento humano com equilíbrio emocional e bom senso.
O que as pesquisas mostram é que os “gênios”, de Q.I. elevadíssimos, precisam avaliar sua Inteligência Emocional. E nós, de Q.I. normais, porque não faríamos esta avaliação?
Ao professor de Matemática, cabe não só a avaliação da sua Inteligência Emocional como a do seu aluno.
É preciso entender que, incentivando os medos, fazendo ameaças, ou menosprezando a capacidade de compreensão dos alunos, o professor só estará dificultando sua aprendizagem.
É preciso compreendê-lo quando ele erra, quando ele esquece uma regra ou uma fórmula, quando ele pede para repetir uma explicação. É preciso entender que determinadas situações embotam a capacidade de raciocinar rápido, sejam elas momentâneas ou permanentes.
O adolescente está passando, por exemplo, por uma transformação hormonal inquietante e que o torna extremamente carente de tudo, inclusive de limites. Cabe ao professor conseguir dosar seu “poder de mando” , impondo-se como conhecedor do conteúdo, como disciplinador de atitudes dentro da sala de aula, respeitando e sendo respeitado, mas ao mesmo tempo abrindo espaços para o aluno perguntar, vibrando com suas vitórias, incentivando-o a continuar suas tentativas de soluções por caminhos diferentes dos nossos, mas corretos.





O respeito ao aluno é algo que o anima a tentar, mesmo que ele erre, anima-o a fazer até onde sabe e perguntar como fazer dali para frente. Deixa-o a vontade para expor seus limites e dá ao professor a oportunidade de aparar as arestas dos conhecimentos ampliando sua aprendizagem.
“O Senhor é o professor que tira o trauma de Matemática?”, perguntava uma mãe angustiada de um universitário aflito a um professor que, com certeza, estabelecia uma relação com os alunos que favorecia e permitia a aprendizagem.
Quem quer realmente ensinar Matemática deve acreditar que o aluno vai aprender, apostando que ele é capaz e dizendo isto a ele. O professor ensina com sentimento e o aluno aprende com sentimento. Ocorre então, a verdadeira aprendizagem.
O professor que se preocupa com as emoções é atencioso, não grosseiro, não se irrita quando algum aluno não consegue seguir seu raciocínio. Sabe, também, enfrentar os problemas da eterna falta de pré-requisitos não jogando a culpa para os professores das séries anteriores, mas resolvendo-os de forma criativa.
Um aluno, certa ocasião, relatou que sempre encontrou dificuldades em Matemática, porque nunca foram dadas aulas para ele com “calor humano”. Os professores sempre foram frios e distantes, não demonstravam sentimentos. “A Matemática,” dizia ele, “é muito árida e as pessoas que me davam aulas também eram áridas”. No momento que a relação foi diferente ele passou a compreender tudo facilmente. Mostrar os sentimentos é fundamental para estabelecer o elo.
“Dizer a um aluno nervoso na hora de uma prova: “tu és capaz”, “tu sabes”, “confio em ti ”, “vai em frente”, “faz tudo o que sabes primeiro” pode ser decisivo para que ele mostre o que realmente sabe.
Ao dar uma aula, o professor deve olhar para cada um de seus alunos como se fossem únicos, pois o olhar no vazio de muitos professores transmite uma sensação de insegurança.
A Inteligência Emocional em Matemática vem reforçar a idéia do “bloqueio” emocional tão relatado pelos alunos e, muitas vezes, não entendido por pais e professores. A emoção que determina a atuação de um profissional determina, também, o nível de aprendizagem do aluno em Matemática.
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Texto escrito para análise e parecer de profissionais ligados ao ensino da Matemática

Bibliografia:
Goleman, Daniel. INTELIGÊNCIA EMOCIONAL.26a Edição.