Neiff Satte Alam
O Professor, antes decidido, enstusiasmado e com enorme vontade de dar o máximo de si para obter os melhores resultados de seu trabalho, profissionalismo associado a vocação, receita ideal para um excelente desempenho, repentinamente é surpreendido por um total desânimo. O comportamento do professor começa a se alterar, fica irritadiço, agressivo, desinteressado e totalmente desconcentrado. É um mau Professor? Está na profissão errada? Não! Este Professor está com todos os sintomas da Síndrome de Burnout.
A Síndrome de Burnout é o resultado de uma exaustão emocional provocada por estresse profissional. O termo Burnout é uma composição de burn=queima e out=exterior, sugerindo assim que a pessoa com esse tipo de estresse consome-se física e emocionalmente, passando a apresentar um comportamento agressivo e irritadiço. A autoconfiança, o humor e a concentração atingem índices de redução extremamente comprometedores e fazem com que o Professor pareça irresponsável e desinteressado por seu trabalho, mas na verdade está acometido de uma doença provocada por fatores externos e que não podem ser controlados por ele, pois a causa está em uma estrutura/conjuntura educacional, social e econômica que tem mais a ver com a inexistência de políticas públicas que determinem uma real prioridade à Educação. Naturalmente existem outros fatores que se associam a desvalorização do trabalho docente por parte dos agentes públicos, vejam, por exemplo, a reação à Lei do Piso Salarial Nacional aos Professores da Educação Básica por parte dos governantes. Estes outros fatores foram detectados por pesquisas feitas em Escolas como: políticas inadequadas da escola para casos de indisciplina; atitude e comportamento dos administradores; avaliação dos administradores e supervisores; atitude e comportamento de outros professores e profissionais; carga de trabalho excessiva; oportunidades de carreira pouco interessantes; baixo status da profissão de professor; falta de reconhecimento por uma boa aula ou por estar ensinando bem; alunos barulhentos e totalmente sem limites; lidar com os pais, entre outros. Esta mesma pesquisa identificou os sintomas que são percebidos imediantamente: sentimento de exaustão; sentimento de frustração; sentimento de incapacidade; carregar o estresse para casa; sentir-se culpado por não fazer o bastante; irritabilidade.
Desta forma, o mais importante elo neste complexo trabalho de transportar as crianças do hoje para o amanhã, de forma a transformá-las em cidadãos dignos, respeitados e em condições de enfrentar as adversidades da vida de forma positiva, vencendo as resistências naturais às suas conquistas individuais.
Preservar o Professor de doenças sociais, como é o caso da Sídrome de Burnout, é uma tarefa para os políticos, governantes e educacionistas bem intencionados e que não transformem a luta por uma educação de qualidade em plataformas demagógicas de governo em suas campanhas eleitorais.
Abaixo temos algumas informações mais técniccas sobre esta síndrome.
segunda-feira, 21 de março de 2011
A Síndrome de Burnout em Professores
A burnout de professores é conhecida como uma exaustão física e emocional que começa com um sentimento de desconforto e pouco a pouco aumenta à medida que a vontade de lecionar gradualmente diminui. Sintomaticamente, a burnout geralmente se reconhece pela ausência de alguns fatores motivacionais: energia, alegria, entusiasmo, satisfação, interesse, vontade, sonhos para a vida, idéias, concentração, autoconfiança e humor.
Um estudo feito entre professores que decidiram não retomar os postos nas salas de aula no início do ano escolar na Virgínia, Estados Unidos, revelou que entre as grandes causas de estresse estava a falta de recursos, a falta de tempo, reuniões em excesso, número muito grande de alunos por sala de aula, falta de assistência, falta de apoio e pais hostis. Em uma outra pesquisa, 244 professores de alunos com comportamento irregular ou indisciplinado foram instanciados a determinar como o estresse no trabalho afetava as suas vidas. Estas são, em ordem decrescente, as causas de estresses nesses professores:
• Políticas inadequadas da escola para casos de indisciplina;
• Atitude e comportamento dos administradores;
• Avaliação dos administradores e supervisores;
• Atitude e comportamento de outros professores e profissionais;
• Carga de trabalho excessiva;
• Oportunidades de carreira pouco interessantes;
• Baixo status da profissão de professor;
• Falta de reconhecimento por uma boa aula ou por estar ensinando bem;
• Alunos barulhentos;
• Lidar com os pais.
Os efeitos do estresse são identificados, na pesquisa, como:
• Sentimento de exaustão;
• Sentimento de frustração;
• Sentimento de incapacidade;
• Carregar o estresse para casa;
• Sentir-se culpado por não fazer o bastante;
• Irritabilidade.
As estratégias utilizadas pelos professores, segundo a pesquisa, para lidar com o estresse são:
• Realizar atividades de relaxamento;
• Organizar o tempo e decidir quais são as prioridades;
• Manter uma dieta balanceada e fazer exercícios;
• Discutir os problemas com colegas de profissão;
• Tirar o dia de folga;
• Procurar ajuda profissional na medicina convencional ou terapias alternativas.
Quando perguntados sobre o que poderia ser feito para ajudar a diminuir o estresse, as estratégias mais mencionadas foram:
• Dar tempo aos professores para que eles colaborem ou conversem;
• Prover os professores com cursos e workshops;
• Fazer mais elogios aos professores, reforçar suas práticas e respeitar seu trabalho;
• Dar mais assistência;
• Prover os professores com mais oportunidades para saber mais sobre alunos com comportamentos irregulares e também sobre as opções de programa para o curso;
• Envolver os professores nas tomadas de decisão da escola e melhorar a comunicação com a escola.
Como se pode ver, o burnout de professores relaciona-se estreitamente com as condições desmotivadoras no trabalho, o que afeta, na maioria dos casos, o desempenho do profissional. A ausência de fatores motivacionais acarreta o estresse profissional, fazendo com que o profissional largue seu emprego, ou, quando nele se mantém, trabalhe sem muito esmero.
Um estudo feito entre professores que decidiram não retomar os postos nas salas de aula no início do ano escolar na Virgínia, Estados Unidos, revelou que entre as grandes causas de estresse estava a falta de recursos, a falta de tempo, reuniões em excesso, número muito grande de alunos por sala de aula, falta de assistência, falta de apoio e pais hostis. Em uma outra pesquisa, 244 professores de alunos com comportamento irregular ou indisciplinado foram instanciados a determinar como o estresse no trabalho afetava as suas vidas. Estas são, em ordem decrescente, as causas de estresses nesses professores:
• Políticas inadequadas da escola para casos de indisciplina;
• Atitude e comportamento dos administradores;
• Avaliação dos administradores e supervisores;
• Atitude e comportamento de outros professores e profissionais;
• Carga de trabalho excessiva;
• Oportunidades de carreira pouco interessantes;
• Baixo status da profissão de professor;
• Falta de reconhecimento por uma boa aula ou por estar ensinando bem;
• Alunos barulhentos;
• Lidar com os pais.
Os efeitos do estresse são identificados, na pesquisa, como:
• Sentimento de exaustão;
• Sentimento de frustração;
• Sentimento de incapacidade;
• Carregar o estresse para casa;
• Sentir-se culpado por não fazer o bastante;
• Irritabilidade.
As estratégias utilizadas pelos professores, segundo a pesquisa, para lidar com o estresse são:
• Realizar atividades de relaxamento;
• Organizar o tempo e decidir quais são as prioridades;
• Manter uma dieta balanceada e fazer exercícios;
• Discutir os problemas com colegas de profissão;
• Tirar o dia de folga;
• Procurar ajuda profissional na medicina convencional ou terapias alternativas.
Quando perguntados sobre o que poderia ser feito para ajudar a diminuir o estresse, as estratégias mais mencionadas foram:
• Dar tempo aos professores para que eles colaborem ou conversem;
• Prover os professores com cursos e workshops;
• Fazer mais elogios aos professores, reforçar suas práticas e respeitar seu trabalho;
• Dar mais assistência;
• Prover os professores com mais oportunidades para saber mais sobre alunos com comportamentos irregulares e também sobre as opções de programa para o curso;
• Envolver os professores nas tomadas de decisão da escola e melhorar a comunicação com a escola.
Como se pode ver, o burnout de professores relaciona-se estreitamente com as condições desmotivadoras no trabalho, o que afeta, na maioria dos casos, o desempenho do profissional. A ausência de fatores motivacionais acarreta o estresse profissional, fazendo com que o profissional largue seu emprego, ou, quando nele se mantém, trabalhe sem muito esmero.
sexta-feira, 18 de março de 2011
STF suspende votação do piso salarial de professores
17-Mar-2011
O senador Cristovam Buarque e a CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, entidade que representa aproximadamente dois milhões e meio de professores e funcionários de escola, esperavam que o dia 17 de março fosse a data em que a Lei do Piso teria definitivamente que ser cumprida por todos os estados e municípios. Porém, o STF – Supremo Tribunal Federal cancelou o julgamento que estava marcado para hoje da ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade impetrada em 2008 por cinco estados ((MS, PR, SC, RS e CE), que contesta alguns pontos da Lei 11.738, sancionada no mesmo ano, também conhecida como Lei do Piso do Magistério.
A expectativa do senador e do corpo diretivo da CNTE é de que o Supremo respeite o Congresso Nacional, que aprovou o Piso Nacional dos Professores, por unanimidade, e marque logo uma nova data para uma decisão final.
Fonte: CNTE
Entenda o caso
Em 2008, o então presidente Lula sancionou a Lei 11.738, conhecida como Lei do Piso do Magistério e que regulamenta a base salarial dos professores em todo o Brasil. Na época, a Lei determinava um valor de R$950,00, somados aí o salário e as gratificações e vantagens para uma carga horária de até 40 horas semanais para os profissionais com formação de nível médio. O valor ainda que não fosse o ideal e reivindicado pela CNTE, dava forças para que a categoria seguisse confiante no trabalho e na luta por um salário melhor.
Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Ceará contestaram e, com o argumento de que não tinham recursos para pagar o valor determinado em Lei, entraram no mesmo ano com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade. Em dezembro de 2008, a Ação foi julgada (liminarmente) pelo Supremo que reconheceu a legitimidade da Lei, porém com a limitação de dois dispositivos: o da composição do piso e o que trata da jornada fora de sala de aula. Estes dois pontos ficaram para ser julgados mais tarde e são estes pautados para julgamento no dia 17. Em janeiro deste ano o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, pediu a exclusão do seu estado da Ação. Pedido que foi negado pelo ministro Joaquim Barbosa, já que, no entendimento dele, o relatório já havia sido entregue.
Composição do Piso
Segundo os governadores que entraram com a ADI, os estados não estão preparados para suportar a despesa de pagar um valor mínimo para os professores. Argumento que foi arduamente contestado pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. Segundo ele, no texto que criou o Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), em 2006, já havia a previsão para a instituição de um piso nacional para os professores. "Eu entendo que essa ADI não deva prosperar porque foi feita uma mudança na Constituição prevendo o piso. Então, se foi feita uma emenda constitucional, não há porque julgar inconstitucional uma lei que regulamenta esse dispositivo", alegou.
Além disso, o MEC anunciou que vai liberar este ano 1 bilhão de reais para as prefeituras que comprovarem que a falta de dinheiro foi causada exclusivamente pela implementação do Piso e seus reajustes. Em fevereiro, o MEC reajustou o valor do Piso de R$1.024,00 para R$1.187,97.
Jornada extraclasse
A Lei define no parágrafo quatro do artigo 2º o cumprimento de, no máximo, 2/3 da carga dos professores para desempenho de atividades em sala de aula. Sobre este ponto, os governadores alegam que com o aumento das horas que cada professor terá que cumprir para o planejamento das aulas e a consequente diminuição das horas dentro de sala de aula, os estados vão ser obrigados a contratar mais profissionais. Com a aprovação da Lei do Piso os mestres devem reservar 33% do seu tempo com planejamento. Para os governadores, esta obrigação interveio na organização dos sistemas de ensino estaduais. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) diz como seriam os sistemas de ensino nos estados, mas cada estado tem sua autonomia.
Para a CNTE, o tempo destinado para o planejamento das aulas é importante para elevar a qualidade do ensino. “Um professor sem tempo para planejar o que irá passar para o aluno, acaba fazendo um mau trabalho. Esta jornada extraclasse não é para descansar. Continua sendo mais uma etapa do trabalho”, explicou Leão.
Mobilização dos trabalhadores em educação
Desde então, a CNTE e as suas 41 entidades afiliadas se mobilizam para pedir urgência no julgamento da Ação e que os ministros reconheçam a legitimidade da Lei. No ano passado preparou um dossiê que reúne 159 depoimentos com as angústias dos educadores de todo o país sobre o não cumprimento da lei do Piso. O documento foi entregue no dia 16 de setembro do ano passado ao ministro da Educação, aos presidentes da Câmara, do Senado e do STF.
A mobilização rapidamente surtiu efeito. Um dia após a manifestação, o ministro relator Joaquim Barbosa entregou o relatório da Ação, documento que faltava para que a ADI entrasse na pauta de votação do STF. “O não julgamento da Ação tem causado um problema enorme que são as múltiplas interpretações que os gestores fazem da lei. Temos que acabar com isso, para que possamos construir uma educação pública de qualidade”, ressaltou Leão.
Reajustes
Além da luta pela implementação do Piso, a CNTE briga pela aplicação do reajuste conforme estabelece a Lei. A lei aprovada pelo Congresso fixa como parâmetro o aumento de gasto por aluno/ano no Fundeb. A divergência é se deve ser considerada a variação do ano anterior, isto é, de 2009 e 2010, ou a atual, de 2010 para 2011. A Advocacia-Geral da União (AGU) argumenta que, em 2011, só existe uma estimativa de receita e que seria temerário dar um reajuste com base em previsões. Já a CNTE diz que a lei é clara e fala no ano atual e aconselha os sindicatos a contestarem o Piso do MEC na justiça.
No ano passado o MEC reajustou o Piso de R$950,00 para R$ 1.024,67, mas a CNTE reivindicou o aumento para R$ 1.312,85, que, infelizmente, não foi atendida. Para este ano, a CNTE afirma que o reajuste deveria ser de 21,71%, o que elevaria o valor do Piso para R$1.597,87. No dia 24 de fevereiro o MEC anunciou o reajuste de 15,84%, o que significa que o valor do Piso dos Professores passa a ser de R$1.187,97. Uma diferença considerável.
Para Roberto Leão é importante que a Ação seja julgada agora. “Temos muitos estados em greve por culpa, principalmente, da má remuneração dos educadores. Convocamos nossas afiliadas a lutar pela correta aplicação do Piso. Temos a convicção de que não é justo protelar mais este julgamento e que o STF irá honrar a Casa votando não apenas a favor dos professores, mas de toda a nação que depende de cidadãos bem educados para levar o país rumo ao progresso”, concluiu. (CNTE)
O senador Cristovam Buarque e a CNTE – Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, entidade que representa aproximadamente dois milhões e meio de professores e funcionários de escola, esperavam que o dia 17 de março fosse a data em que a Lei do Piso teria definitivamente que ser cumprida por todos os estados e municípios. Porém, o STF – Supremo Tribunal Federal cancelou o julgamento que estava marcado para hoje da ADI – Ação Direta de Inconstitucionalidade impetrada em 2008 por cinco estados ((MS, PR, SC, RS e CE), que contesta alguns pontos da Lei 11.738, sancionada no mesmo ano, também conhecida como Lei do Piso do Magistério.
A expectativa do senador e do corpo diretivo da CNTE é de que o Supremo respeite o Congresso Nacional, que aprovou o Piso Nacional dos Professores, por unanimidade, e marque logo uma nova data para uma decisão final.
Fonte: CNTE
Entenda o caso
Em 2008, o então presidente Lula sancionou a Lei 11.738, conhecida como Lei do Piso do Magistério e que regulamenta a base salarial dos professores em todo o Brasil. Na época, a Lei determinava um valor de R$950,00, somados aí o salário e as gratificações e vantagens para uma carga horária de até 40 horas semanais para os profissionais com formação de nível médio. O valor ainda que não fosse o ideal e reivindicado pela CNTE, dava forças para que a categoria seguisse confiante no trabalho e na luta por um salário melhor.
Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Ceará contestaram e, com o argumento de que não tinham recursos para pagar o valor determinado em Lei, entraram no mesmo ano com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade. Em dezembro de 2008, a Ação foi julgada (liminarmente) pelo Supremo que reconheceu a legitimidade da Lei, porém com a limitação de dois dispositivos: o da composição do piso e o que trata da jornada fora de sala de aula. Estes dois pontos ficaram para ser julgados mais tarde e são estes pautados para julgamento no dia 17. Em janeiro deste ano o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, pediu a exclusão do seu estado da Ação. Pedido que foi negado pelo ministro Joaquim Barbosa, já que, no entendimento dele, o relatório já havia sido entregue.
Composição do Piso
Segundo os governadores que entraram com a ADI, os estados não estão preparados para suportar a despesa de pagar um valor mínimo para os professores. Argumento que foi arduamente contestado pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. Segundo ele, no texto que criou o Fundo Nacional de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), em 2006, já havia a previsão para a instituição de um piso nacional para os professores. "Eu entendo que essa ADI não deva prosperar porque foi feita uma mudança na Constituição prevendo o piso. Então, se foi feita uma emenda constitucional, não há porque julgar inconstitucional uma lei que regulamenta esse dispositivo", alegou.
Além disso, o MEC anunciou que vai liberar este ano 1 bilhão de reais para as prefeituras que comprovarem que a falta de dinheiro foi causada exclusivamente pela implementação do Piso e seus reajustes. Em fevereiro, o MEC reajustou o valor do Piso de R$1.024,00 para R$1.187,97.
Jornada extraclasse
A Lei define no parágrafo quatro do artigo 2º o cumprimento de, no máximo, 2/3 da carga dos professores para desempenho de atividades em sala de aula. Sobre este ponto, os governadores alegam que com o aumento das horas que cada professor terá que cumprir para o planejamento das aulas e a consequente diminuição das horas dentro de sala de aula, os estados vão ser obrigados a contratar mais profissionais. Com a aprovação da Lei do Piso os mestres devem reservar 33% do seu tempo com planejamento. Para os governadores, esta obrigação interveio na organização dos sistemas de ensino estaduais. A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) diz como seriam os sistemas de ensino nos estados, mas cada estado tem sua autonomia.
Para a CNTE, o tempo destinado para o planejamento das aulas é importante para elevar a qualidade do ensino. “Um professor sem tempo para planejar o que irá passar para o aluno, acaba fazendo um mau trabalho. Esta jornada extraclasse não é para descansar. Continua sendo mais uma etapa do trabalho”, explicou Leão.
Mobilização dos trabalhadores em educação
Desde então, a CNTE e as suas 41 entidades afiliadas se mobilizam para pedir urgência no julgamento da Ação e que os ministros reconheçam a legitimidade da Lei. No ano passado preparou um dossiê que reúne 159 depoimentos com as angústias dos educadores de todo o país sobre o não cumprimento da lei do Piso. O documento foi entregue no dia 16 de setembro do ano passado ao ministro da Educação, aos presidentes da Câmara, do Senado e do STF.
A mobilização rapidamente surtiu efeito. Um dia após a manifestação, o ministro relator Joaquim Barbosa entregou o relatório da Ação, documento que faltava para que a ADI entrasse na pauta de votação do STF. “O não julgamento da Ação tem causado um problema enorme que são as múltiplas interpretações que os gestores fazem da lei. Temos que acabar com isso, para que possamos construir uma educação pública de qualidade”, ressaltou Leão.
Reajustes
Além da luta pela implementação do Piso, a CNTE briga pela aplicação do reajuste conforme estabelece a Lei. A lei aprovada pelo Congresso fixa como parâmetro o aumento de gasto por aluno/ano no Fundeb. A divergência é se deve ser considerada a variação do ano anterior, isto é, de 2009 e 2010, ou a atual, de 2010 para 2011. A Advocacia-Geral da União (AGU) argumenta que, em 2011, só existe uma estimativa de receita e que seria temerário dar um reajuste com base em previsões. Já a CNTE diz que a lei é clara e fala no ano atual e aconselha os sindicatos a contestarem o Piso do MEC na justiça.
No ano passado o MEC reajustou o Piso de R$950,00 para R$ 1.024,67, mas a CNTE reivindicou o aumento para R$ 1.312,85, que, infelizmente, não foi atendida. Para este ano, a CNTE afirma que o reajuste deveria ser de 21,71%, o que elevaria o valor do Piso para R$1.597,87. No dia 24 de fevereiro o MEC anunciou o reajuste de 15,84%, o que significa que o valor do Piso dos Professores passa a ser de R$1.187,97. Uma diferença considerável.
Para Roberto Leão é importante que a Ação seja julgada agora. “Temos muitos estados em greve por culpa, principalmente, da má remuneração dos educadores. Convocamos nossas afiliadas a lutar pela correta aplicação do Piso. Temos a convicção de que não é justo protelar mais este julgamento e que o STF irá honrar a Casa votando não apenas a favor dos professores, mas de toda a nação que depende de cidadãos bem educados para levar o país rumo ao progresso”, concluiu. (CNTE)
sexta-feira, 11 de março de 2011
Decretos do Desespero
Profª. M. Alice Maria Souza Szezepanski
MEC sugere não reprovar aluno nos três primeiros anos do Fundamental: tenho pensado tanto neste tema que por vezes me vejo sem saber se estou emburrecendo ou se a aflição das pessoas em opinar faz com que digam a mesma coisa com palavras diferentes.
Ah! as palavras, quantos significados ganham para agradar quem as usa... só não podemos esquecer que para utilizá-las é preciso muita responsabilidade, principalmente para formadores de opinião.
Felizmente encontro alento em autores que tem tranquilidade opinativa (foi à expressão mais aproximada que encontrei para descrever minhas sensações). Significa aquela idéia passada por convicção autorizada pelo conhecimento do tema, sem arrogância. É o texto que não busca adeptos e seguidores pelo simples fato de é preciso que concordem com o autor e, tampouco, tem o tom raivoso de quem trata a história de forma leviana utilizando chavões e palavras de ordem (que sempre existirão, mesmo que sejam outras) inapropriadas para o momento da Escola brasileira.
Somado a isso e pior que isso é a invasão de conceitos e pensadores que se manifesta na desenvoltura com que são citados como parceiros de ideias que nem são deles, sabe aquelas do tipo: Freud explica isso quando diz...
Retomo dizendo que pelas minhas vivências na Escola, pelas experiências que fizeram e fazem parte da minha vida há vinte e cinco anos, tenho sido impelida a me preocupar com as instituições formadoras, seus currículos e, principalmente, suas relações de aprendizagens. Esclareço que não é uma avaliação voltada somente aos apelidados cursos de garagem, mas com as instituições reconhecidamente formadoras de licenciados e seus cursos de licenciaturas (ficou repetitivo, mas foi propositalmente).
Podem pensar o que isso tem a ver com a sugestão do CNE (Conselho Nacional de Educação) e do MEC (Ministério da Educação), em minha opinião muito, porque é uma tarefa difícil trabalhar na escola quando os professores não conseguem entendê-la como espaço de relações, de conhecimento, de gente.
Chegam muitos professores capazes nas Escolas, mas por vezes vêem seu trabalho desvalorizado porque têm que assistir atônitos a chegada de matemáticos, não professores de matemática; de pessoas “formadas” em literatura que não gostam de ler e não lêem pelos mais diferentes motivos ou desculpas; músicos (frustrados por não terem inventado o “rebolation” antes e ficado ricos), não professores de música... e assim a “nave vai” construindo (?) saberes desconectados, desinteressantes, inúteis, violência (principalmente do olhar e das escolhas docentes), dentre outros tantos tropeços, cumprindo um currículo traçado, nunca se sabe por quem, de forma linear pelo medo de ousar porque isso requer conhecimento.
Admiro muitos dos meus colegas em todos os níveis de ensino em que atuam, mesmo que não concorde com alguns, reconheço o esforço que fazemos e a preocupação que temos com nossos alunos e com a qualidade do nosso trabalho; minha fala não é pessimista e muito menos derrotista, tenho orgulho da minha profissão, mas a ação daqueles que não são comprometidos comprometem o trabalho de todos. Ressalto que a incapacidade para sala de aula não se limita aos “professores pó de giz”, como alguns leitores de orelha e rodapé a nós professores das Escolas, mas se estende para aqueles que atormentados pelas exigências do mercado educacional vigente produzem textos e textos e textos, porque tem que teorizar, tem que pesquisar para poder pontuar a instituição - não entendam que sou contra a pesquisa, ao contrário, só quero que seja relevante... o que e para que, é importante para a sociedade, faz diferença?, perguntinhas básicas.
Fico com a sensação de que temos uma sequência de quantificações sem produção inteligente. Pontua-se pela produção científica, que não significa atuação em sala de aula, porque temos que conseguir notoriedade e investimento; pontua-se a escola que tem melhor IDEB, que nem sempre significa conhecimento necessário para ser cidadão, que coloca o país inteiro dentro de um modelo, mas temos que alcançar os níveis internacionais para termos mais investimento... e a “nave vai”...
Assim, com este quadro vivemos dos, como chamo, “decretos do desespero”, portarias, resoluções, sugestões... para que possamos melhorar nossos índices internacionais, para que possamos dizer “estamos fazendo alguma coisa”, para que possamos amenizar o resultado das sucessivas propostas sem concretização, minimizar o desrespeito com a sociedade que paga, e muito, por uma escola de qualidade (cuidado ao utilizar esta palavra) e disfarça a fala inapropriada dos gestores que tratam Educação como “gasto” e não como “investimento”.
Todas essas considerações que podem ser desdobradas em outras tantas discussões e novas considerações me remetem a necessidade de escolhas e propostas éticas, fundamentadas, brasileiras, gaúchas, paulistas, cariocas, baianas, goianas... que aprovarão nossos alunos ou os reprovarão sem culpa ou disfarces, pois errar e acertar, ganhar e perder, vencer e perder faz parte da vida e é nela que a Escola está.
Pergunto-me e pergunto: será que tantos professores que só querem saber o dia da folga, que só reclamam que ganham pouco (e ganhamos, mas essa é outra discussão), que não estudam que não gostam de gente conseguiriam cursar e concluir um curso de licenciatura se percebessem a dimensão humana e intelectual que o trabalho exige?
Caso sigamos a sugestão do CNE espero que seja com responsabilidade, cientes de que esta mudança requer mudanças, exige desconstruções, humildade para errar e aprender. Que toda essa discussão nos leve a aprender que lidar com a frustração de que não podemos resolver tudo na Escola não é defeito, é humano, mas que tudo seja feito com serenidade e ética.
Portarias, resoluções, normativas, orientações, sugestões... aprovação, reprovação, seriação, ciclos, progressão, nota, parecer, alunos sentados em fila, alunos sentados em círculo... tudo vale à pena se a intenção não for pequena.
MEC sugere não reprovar aluno nos três primeiros anos do Fundamental: tenho pensado tanto neste tema que por vezes me vejo sem saber se estou emburrecendo ou se a aflição das pessoas em opinar faz com que digam a mesma coisa com palavras diferentes.
Ah! as palavras, quantos significados ganham para agradar quem as usa... só não podemos esquecer que para utilizá-las é preciso muita responsabilidade, principalmente para formadores de opinião.
Felizmente encontro alento em autores que tem tranquilidade opinativa (foi à expressão mais aproximada que encontrei para descrever minhas sensações). Significa aquela idéia passada por convicção autorizada pelo conhecimento do tema, sem arrogância. É o texto que não busca adeptos e seguidores pelo simples fato de é preciso que concordem com o autor e, tampouco, tem o tom raivoso de quem trata a história de forma leviana utilizando chavões e palavras de ordem (que sempre existirão, mesmo que sejam outras) inapropriadas para o momento da Escola brasileira.
Somado a isso e pior que isso é a invasão de conceitos e pensadores que se manifesta na desenvoltura com que são citados como parceiros de ideias que nem são deles, sabe aquelas do tipo: Freud explica isso quando diz...
Retomo dizendo que pelas minhas vivências na Escola, pelas experiências que fizeram e fazem parte da minha vida há vinte e cinco anos, tenho sido impelida a me preocupar com as instituições formadoras, seus currículos e, principalmente, suas relações de aprendizagens. Esclareço que não é uma avaliação voltada somente aos apelidados cursos de garagem, mas com as instituições reconhecidamente formadoras de licenciados e seus cursos de licenciaturas (ficou repetitivo, mas foi propositalmente).
Podem pensar o que isso tem a ver com a sugestão do CNE (Conselho Nacional de Educação) e do MEC (Ministério da Educação), em minha opinião muito, porque é uma tarefa difícil trabalhar na escola quando os professores não conseguem entendê-la como espaço de relações, de conhecimento, de gente.
Chegam muitos professores capazes nas Escolas, mas por vezes vêem seu trabalho desvalorizado porque têm que assistir atônitos a chegada de matemáticos, não professores de matemática; de pessoas “formadas” em literatura que não gostam de ler e não lêem pelos mais diferentes motivos ou desculpas; músicos (frustrados por não terem inventado o “rebolation” antes e ficado ricos), não professores de música... e assim a “nave vai” construindo (?) saberes desconectados, desinteressantes, inúteis, violência (principalmente do olhar e das escolhas docentes), dentre outros tantos tropeços, cumprindo um currículo traçado, nunca se sabe por quem, de forma linear pelo medo de ousar porque isso requer conhecimento.
Admiro muitos dos meus colegas em todos os níveis de ensino em que atuam, mesmo que não concorde com alguns, reconheço o esforço que fazemos e a preocupação que temos com nossos alunos e com a qualidade do nosso trabalho; minha fala não é pessimista e muito menos derrotista, tenho orgulho da minha profissão, mas a ação daqueles que não são comprometidos comprometem o trabalho de todos. Ressalto que a incapacidade para sala de aula não se limita aos “professores pó de giz”, como alguns leitores de orelha e rodapé a nós professores das Escolas, mas se estende para aqueles que atormentados pelas exigências do mercado educacional vigente produzem textos e textos e textos, porque tem que teorizar, tem que pesquisar para poder pontuar a instituição - não entendam que sou contra a pesquisa, ao contrário, só quero que seja relevante... o que e para que, é importante para a sociedade, faz diferença?, perguntinhas básicas.
Fico com a sensação de que temos uma sequência de quantificações sem produção inteligente. Pontua-se pela produção científica, que não significa atuação em sala de aula, porque temos que conseguir notoriedade e investimento; pontua-se a escola que tem melhor IDEB, que nem sempre significa conhecimento necessário para ser cidadão, que coloca o país inteiro dentro de um modelo, mas temos que alcançar os níveis internacionais para termos mais investimento... e a “nave vai”...
Assim, com este quadro vivemos dos, como chamo, “decretos do desespero”, portarias, resoluções, sugestões... para que possamos melhorar nossos índices internacionais, para que possamos dizer “estamos fazendo alguma coisa”, para que possamos amenizar o resultado das sucessivas propostas sem concretização, minimizar o desrespeito com a sociedade que paga, e muito, por uma escola de qualidade (cuidado ao utilizar esta palavra) e disfarça a fala inapropriada dos gestores que tratam Educação como “gasto” e não como “investimento”.
Todas essas considerações que podem ser desdobradas em outras tantas discussões e novas considerações me remetem a necessidade de escolhas e propostas éticas, fundamentadas, brasileiras, gaúchas, paulistas, cariocas, baianas, goianas... que aprovarão nossos alunos ou os reprovarão sem culpa ou disfarces, pois errar e acertar, ganhar e perder, vencer e perder faz parte da vida e é nela que a Escola está.
Pergunto-me e pergunto: será que tantos professores que só querem saber o dia da folga, que só reclamam que ganham pouco (e ganhamos, mas essa é outra discussão), que não estudam que não gostam de gente conseguiriam cursar e concluir um curso de licenciatura se percebessem a dimensão humana e intelectual que o trabalho exige?
Caso sigamos a sugestão do CNE espero que seja com responsabilidade, cientes de que esta mudança requer mudanças, exige desconstruções, humildade para errar e aprender. Que toda essa discussão nos leve a aprender que lidar com a frustração de que não podemos resolver tudo na Escola não é defeito, é humano, mas que tudo seja feito com serenidade e ética.
Portarias, resoluções, normativas, orientações, sugestões... aprovação, reprovação, seriação, ciclos, progressão, nota, parecer, alunos sentados em fila, alunos sentados em círculo... tudo vale à pena se a intenção não for pequena.
quarta-feira, 9 de março de 2011
E DEUS CRIOU A MULHER...
8 de março de 2011, DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Neiff Satte Alam
Em meio translúcido, de temperatura agradável e mergulhado em um líquido acolhedor, o pequeno ser desfrutava de momentos de indescritível tranqüilidade. Um corpo pequeno, frágil, mas com um potencial de vida que, explorado na sua plenitude durante o resto de sua vida, poderia ser parte da solução de harmonização do planeta.
Este frágil ser movimentava-se em câmara lenta, mais parecia uma dança em ritmo de profunda harmonia com os movimentos do universo que o circundava. Quando começava a se sentir intranqüilo uma mão cheia de afeto e de amor incondicional suavemente deslizava por sobre as paredes que o protegia. Muitas vezes ouvia sons agradáveis que o deixava calmo e até sonolento. Outros momentos vozes e ruídos mais fortes o deixava irritado, desperto e angustiado, mas imediatamente aquela voz melodiosa o fazia retornar ao estado de alegria total.
Cada dia que passava, embora estivesse bem acomodado, aumentava sua expectativa sobre o seu destino. Algum dia deveria sair daquele lugar acolhedor e se lançar em uma aventura no mundo externo, que só conhecia pelos seus efeitos indiretos, mas que podia muito bem perceber.
Alimentando-se daquele corpo que o transportava, aquele pequeno ser cresceu. O ambiente espaçoso dos primeiros tempos já não parecia tão adequado às suas dimensões iniciais e originais. Precisava sair. Precisava nascer!
Pressionado por esta necessidade e obedecendo a seu instinto, inteligência inata impressa em seu DNA, começa a percorrer o caminho de saída. Percebe pelo seu próprio sofrimento o sofrimento do outro ser para que seu destino possa ser cumprido.
Entre gemidos de dor de ambos e vozes preocupadas de desconhecidos, mas que pareciam estar ajudando naquela caminhada, foi lentamente entrando em um novo mundo, mais complexo, mais agressivo, mas com muita luz e muitas oportunidades.
Esta criança ao nascer estava cumprindo com a magia da maternidade. O corpo da mãe a havia gestado dando-lhe alimento, calor, tranqüilidade e amor, muito amor.
Esta mesma mãe estava proporcionando ver a luz pela primeira vez e ainda, pelo mesmo amor, iluminaria o seu caminho para que aquela criança pudesse ir ao encontro ao seu destino de forma digna e cidadã.
Mãe e mulher, indissociáveis, formam a dualidade perfeita, pois em seu corpo, por obra do amor, forma-se um outro ser que terá que render homenagens permanentemente à mulher que o abrigou em seu ventre, deu-lhe o primeiro alimento, fez os primeiros gestos de amor e o entregou puro à sociedade.
Por isto tudo Deus fez a mulher depois do homem, pois necessitou aperfeiçoar sua criação, entregando a continuidade de seu trabalho à mulher.
Então, Ele descansou...
Neiff Satte Alam
Em meio translúcido, de temperatura agradável e mergulhado em um líquido acolhedor, o pequeno ser desfrutava de momentos de indescritível tranqüilidade. Um corpo pequeno, frágil, mas com um potencial de vida que, explorado na sua plenitude durante o resto de sua vida, poderia ser parte da solução de harmonização do planeta.
Este frágil ser movimentava-se em câmara lenta, mais parecia uma dança em ritmo de profunda harmonia com os movimentos do universo que o circundava. Quando começava a se sentir intranqüilo uma mão cheia de afeto e de amor incondicional suavemente deslizava por sobre as paredes que o protegia. Muitas vezes ouvia sons agradáveis que o deixava calmo e até sonolento. Outros momentos vozes e ruídos mais fortes o deixava irritado, desperto e angustiado, mas imediatamente aquela voz melodiosa o fazia retornar ao estado de alegria total.
Cada dia que passava, embora estivesse bem acomodado, aumentava sua expectativa sobre o seu destino. Algum dia deveria sair daquele lugar acolhedor e se lançar em uma aventura no mundo externo, que só conhecia pelos seus efeitos indiretos, mas que podia muito bem perceber.
Alimentando-se daquele corpo que o transportava, aquele pequeno ser cresceu. O ambiente espaçoso dos primeiros tempos já não parecia tão adequado às suas dimensões iniciais e originais. Precisava sair. Precisava nascer!
Pressionado por esta necessidade e obedecendo a seu instinto, inteligência inata impressa em seu DNA, começa a percorrer o caminho de saída. Percebe pelo seu próprio sofrimento o sofrimento do outro ser para que seu destino possa ser cumprido.
Entre gemidos de dor de ambos e vozes preocupadas de desconhecidos, mas que pareciam estar ajudando naquela caminhada, foi lentamente entrando em um novo mundo, mais complexo, mais agressivo, mas com muita luz e muitas oportunidades.
Esta criança ao nascer estava cumprindo com a magia da maternidade. O corpo da mãe a havia gestado dando-lhe alimento, calor, tranqüilidade e amor, muito amor.
Esta mesma mãe estava proporcionando ver a luz pela primeira vez e ainda, pelo mesmo amor, iluminaria o seu caminho para que aquela criança pudesse ir ao encontro ao seu destino de forma digna e cidadã.
Mãe e mulher, indissociáveis, formam a dualidade perfeita, pois em seu corpo, por obra do amor, forma-se um outro ser que terá que render homenagens permanentemente à mulher que o abrigou em seu ventre, deu-lhe o primeiro alimento, fez os primeiros gestos de amor e o entregou puro à sociedade.
Por isto tudo Deus fez a mulher depois do homem, pois necessitou aperfeiçoar sua criação, entregando a continuidade de seu trabalho à mulher.
Então, Ele descansou...
terça-feira, 8 de março de 2011
A Matemática e a Inteligência Emocional
Regina Al - Alam Elias
Várias empresas e escolas vêm admitindo a tese de que o sucesso depende mais dos sentimentos do que propriamente do Q.I. Essa maneira de pensar baseia-se na nova tendência de pesquisadores de diversas partes do mundo: a Inteligência Emocional.
Durante vários anos sustentou-se a quase certeza de que as pessoas bem dotadas, ou seja, as pessoas de Q.I. bem elevados eram sempre fadadas ao sucesso, independente da sua capacidade de se relacionar bem ou mal com o mundo.
Entretanto essa idéia foi posta em discussão pelo psicólogo e jornalista americano Daniel Goleman, em seu livro “Inteligência Emocional”. Baseado em uma consistente pesquisa, ele mostra que “o sucesso na vida repousa numa combinação bem temperada de pensamento racional agudo com controle e auto conhecimento emocionais”.
Goleman admite que, apesar das fortes características genéticas que cada pessoa carrega consigo, é possível aprender a controlar e a dominar, pelo menos parcialmente, os impulsos negativos como a ira, a ansiedade, a melancolia e os ímpetos repressores.
O professor de Matemática enfrenta um problema de ansiedade diante da disciplina que dificulta, de maneira bastante forte, a aprendizagem. De acordo com a nova teoria, seria bastante importante que o professor procurasse descobrir porque o aluno tem aversão à disciplina e quais as alternativas que ele sugere para eliminar o medo e a angustia que sente negociando saídas para o problema e colocando-a diante de uma realidade futura: enfrentar e resolver seus problemas do dia a dia.
Parece que não basta, com seu Q.I. elevado, o aluno tirar sempre dez em tudo. Ele vai precisar de uma socialização maior e de uma capacidade de dominar suas emoções.
Professores de Matemática com muitos cursos, existem em número bastante significativo. Se, em determinado momento, é proposto a um Professor, uma disciplina com a qual ele ainda não trabalhou, basta um tempo não muito longo para que ele se prepare, estudando e organizando suas aulas e o problema estará resolvido. Bastante difíceis de resolver são os problemas de relacionamento, autoritarismo e descontrole emocional que muitas vezes duram uma vida inteira e não são devidamente analisados ou não são levados a sério.
Quem não lembra de um professor de Matemática, que possuía estas dificuldades emocionais? Salvo melhor juízo, com raras exceções, eram professores “que sabiam muito”, mas não conseguiam “transmitir” ou eram “autoritários”, donos da verdade incondicional, verdade esta que estavam tentando dividir com um grupo de alunos com deficiências anteriores diante das quais ele lavava as mãos. Não significa que um bom currículo tenha perdido o seu valor. Pelo contrário, nunca foi tão valorizado. O que acontece hoje é que, em um concurso, ficará com a vaga o profissional que tiver um bom currículo como ponto de partida aliada a uma facilidade de se comunicar, um bom relacionamento humano com equilíbrio emocional e bom senso.
O que as pesquisas mostram é que os “gênios”, de Q.I. elevadíssimos, precisam avaliar sua Inteligência Emocional. E nós, de Q.I. normais, porque não faríamos esta avaliação?
Ao professor de Matemática, cabe não só a avaliação da sua Inteligência Emocional como a do seu aluno.
É preciso entender que, incentivando os medos, fazendo ameaças, ou menosprezando a capacidade de compreensão dos alunos, o professor só estará dificultando sua aprendizagem.
É preciso compreendê-lo quando ele erra, quando ele esquece uma regra ou uma fórmula, quando ele pede para repetir uma explicação. É preciso entender que determinadas situações embotam a capacidade de raciocinar rápido, sejam elas momentâneas ou permanentes.
O adolescente está passando, por exemplo, por uma transformação hormonal inquietante e que o torna extremamente carente de tudo, inclusive de limites. Cabe ao professor conseguir dosar seu “poder de mando” , impondo-se como conhecedor do conteúdo, como disciplinador de atitudes dentro da sala de aula, respeitando e sendo respeitado, mas ao mesmo tempo abrindo espaços para o aluno perguntar, vibrando com suas vitórias, incentivando-o a continuar suas tentativas de soluções por caminhos diferentes dos nossos, mas corretos.
O respeito ao aluno é algo que o anima a tentar, mesmo que ele erre, anima-o a fazer até onde sabe e perguntar como fazer dali para frente. Deixa-o a vontade para expor seus limites e dá ao professor a oportunidade de aparar as arestas dos conhecimentos ampliando sua aprendizagem.
“O Senhor é o professor que tira o trauma de Matemática?”, perguntava uma mãe angustiada de um universitário aflito a um professor que, com certeza, estabelecia uma relação com os alunos que favorecia e permitia a aprendizagem.
Quem quer realmente ensinar Matemática deve acreditar que o aluno vai aprender, apostando que ele é capaz e dizendo isto a ele. O professor ensina com sentimento e o aluno aprende com sentimento. Ocorre então, a verdadeira aprendizagem.
O professor que se preocupa com as emoções é atencioso, não grosseiro, não se irrita quando algum aluno não consegue seguir seu raciocínio. Sabe, também, enfrentar os problemas da eterna falta de pré-requisitos não jogando a culpa para os professores das séries anteriores, mas resolvendo-os de forma criativa.
Um aluno, certa ocasião, relatou que sempre encontrou dificuldades em Matemática, porque nunca foram dadas aulas para ele com “calor humano”. Os professores sempre foram frios e distantes, não demonstravam sentimentos. “A Matemática,” dizia ele, “é muito árida e as pessoas que me davam aulas também eram áridas”. No momento que a relação foi diferente ele passou a compreender tudo facilmente. Mostrar os sentimentos é fundamental para estabelecer o elo.
“Dizer a um aluno nervoso na hora de uma prova: “tu és capaz”, “tu sabes”, “confio em ti ”, “vai em frente”, “faz tudo o que sabes primeiro” pode ser decisivo para que ele mostre o que realmente sabe.
Ao dar uma aula, o professor deve olhar para cada um de seus alunos como se fossem únicos, pois o olhar no vazio de muitos professores transmite uma sensação de insegurança.
A Inteligência Emocional em Matemática vem reforçar a idéia do “bloqueio” emocional tão relatado pelos alunos e, muitas vezes, não entendido por pais e professores. A emoção que determina a atuação de um profissional determina, também, o nível de aprendizagem do aluno em Matemática.
______________________________________________________________
Texto escrito para análise e parecer de profissionais ligados ao ensino da Matemática
Bibliografia:
Goleman, Daniel. INTELIGÊNCIA EMOCIONAL.26a Edição.
Várias empresas e escolas vêm admitindo a tese de que o sucesso depende mais dos sentimentos do que propriamente do Q.I. Essa maneira de pensar baseia-se na nova tendência de pesquisadores de diversas partes do mundo: a Inteligência Emocional.
Durante vários anos sustentou-se a quase certeza de que as pessoas bem dotadas, ou seja, as pessoas de Q.I. bem elevados eram sempre fadadas ao sucesso, independente da sua capacidade de se relacionar bem ou mal com o mundo.
Entretanto essa idéia foi posta em discussão pelo psicólogo e jornalista americano Daniel Goleman, em seu livro “Inteligência Emocional”. Baseado em uma consistente pesquisa, ele mostra que “o sucesso na vida repousa numa combinação bem temperada de pensamento racional agudo com controle e auto conhecimento emocionais”.
Goleman admite que, apesar das fortes características genéticas que cada pessoa carrega consigo, é possível aprender a controlar e a dominar, pelo menos parcialmente, os impulsos negativos como a ira, a ansiedade, a melancolia e os ímpetos repressores.
O professor de Matemática enfrenta um problema de ansiedade diante da disciplina que dificulta, de maneira bastante forte, a aprendizagem. De acordo com a nova teoria, seria bastante importante que o professor procurasse descobrir porque o aluno tem aversão à disciplina e quais as alternativas que ele sugere para eliminar o medo e a angustia que sente negociando saídas para o problema e colocando-a diante de uma realidade futura: enfrentar e resolver seus problemas do dia a dia.
Parece que não basta, com seu Q.I. elevado, o aluno tirar sempre dez em tudo. Ele vai precisar de uma socialização maior e de uma capacidade de dominar suas emoções.
Professores de Matemática com muitos cursos, existem em número bastante significativo. Se, em determinado momento, é proposto a um Professor, uma disciplina com a qual ele ainda não trabalhou, basta um tempo não muito longo para que ele se prepare, estudando e organizando suas aulas e o problema estará resolvido. Bastante difíceis de resolver são os problemas de relacionamento, autoritarismo e descontrole emocional que muitas vezes duram uma vida inteira e não são devidamente analisados ou não são levados a sério.
Quem não lembra de um professor de Matemática, que possuía estas dificuldades emocionais? Salvo melhor juízo, com raras exceções, eram professores “que sabiam muito”, mas não conseguiam “transmitir” ou eram “autoritários”, donos da verdade incondicional, verdade esta que estavam tentando dividir com um grupo de alunos com deficiências anteriores diante das quais ele lavava as mãos. Não significa que um bom currículo tenha perdido o seu valor. Pelo contrário, nunca foi tão valorizado. O que acontece hoje é que, em um concurso, ficará com a vaga o profissional que tiver um bom currículo como ponto de partida aliada a uma facilidade de se comunicar, um bom relacionamento humano com equilíbrio emocional e bom senso.
O que as pesquisas mostram é que os “gênios”, de Q.I. elevadíssimos, precisam avaliar sua Inteligência Emocional. E nós, de Q.I. normais, porque não faríamos esta avaliação?
Ao professor de Matemática, cabe não só a avaliação da sua Inteligência Emocional como a do seu aluno.
É preciso entender que, incentivando os medos, fazendo ameaças, ou menosprezando a capacidade de compreensão dos alunos, o professor só estará dificultando sua aprendizagem.
É preciso compreendê-lo quando ele erra, quando ele esquece uma regra ou uma fórmula, quando ele pede para repetir uma explicação. É preciso entender que determinadas situações embotam a capacidade de raciocinar rápido, sejam elas momentâneas ou permanentes.
O adolescente está passando, por exemplo, por uma transformação hormonal inquietante e que o torna extremamente carente de tudo, inclusive de limites. Cabe ao professor conseguir dosar seu “poder de mando” , impondo-se como conhecedor do conteúdo, como disciplinador de atitudes dentro da sala de aula, respeitando e sendo respeitado, mas ao mesmo tempo abrindo espaços para o aluno perguntar, vibrando com suas vitórias, incentivando-o a continuar suas tentativas de soluções por caminhos diferentes dos nossos, mas corretos.
O respeito ao aluno é algo que o anima a tentar, mesmo que ele erre, anima-o a fazer até onde sabe e perguntar como fazer dali para frente. Deixa-o a vontade para expor seus limites e dá ao professor a oportunidade de aparar as arestas dos conhecimentos ampliando sua aprendizagem.
“O Senhor é o professor que tira o trauma de Matemática?”, perguntava uma mãe angustiada de um universitário aflito a um professor que, com certeza, estabelecia uma relação com os alunos que favorecia e permitia a aprendizagem.
Quem quer realmente ensinar Matemática deve acreditar que o aluno vai aprender, apostando que ele é capaz e dizendo isto a ele. O professor ensina com sentimento e o aluno aprende com sentimento. Ocorre então, a verdadeira aprendizagem.
O professor que se preocupa com as emoções é atencioso, não grosseiro, não se irrita quando algum aluno não consegue seguir seu raciocínio. Sabe, também, enfrentar os problemas da eterna falta de pré-requisitos não jogando a culpa para os professores das séries anteriores, mas resolvendo-os de forma criativa.
Um aluno, certa ocasião, relatou que sempre encontrou dificuldades em Matemática, porque nunca foram dadas aulas para ele com “calor humano”. Os professores sempre foram frios e distantes, não demonstravam sentimentos. “A Matemática,” dizia ele, “é muito árida e as pessoas que me davam aulas também eram áridas”. No momento que a relação foi diferente ele passou a compreender tudo facilmente. Mostrar os sentimentos é fundamental para estabelecer o elo.
“Dizer a um aluno nervoso na hora de uma prova: “tu és capaz”, “tu sabes”, “confio em ti ”, “vai em frente”, “faz tudo o que sabes primeiro” pode ser decisivo para que ele mostre o que realmente sabe.
Ao dar uma aula, o professor deve olhar para cada um de seus alunos como se fossem únicos, pois o olhar no vazio de muitos professores transmite uma sensação de insegurança.
A Inteligência Emocional em Matemática vem reforçar a idéia do “bloqueio” emocional tão relatado pelos alunos e, muitas vezes, não entendido por pais e professores. A emoção que determina a atuação de um profissional determina, também, o nível de aprendizagem do aluno em Matemática.
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Texto escrito para análise e parecer de profissionais ligados ao ensino da Matemática
Bibliografia:
Goleman, Daniel. INTELIGÊNCIA EMOCIONAL.26a Edição.
quinta-feira, 3 de março de 2011
Abandono
Neiff Satte Alam
Ali estava ele, sujo, maltrapilho, em completo abandono. Sabe-se lá que história poderia contar dos dias de grandiosidade absoluta em que dominava o ambiente de alguma sala de estar. Aquele enorme sofá jazia solitário em uma calçada frente a um terreno baldio.
Fiquei a imaginar o dia em que foi escolhido pela família inteira para ocupar o espaço principal em frente a uma televisão de 29 polegadas. Quantos filmes seus donos viram, confortavelmente sentados, após o jantar e com todos os cuidados para não manchar o fino tecido que o cobria. Sabe-se lá se não foi palco de romances que terminaram “em algum casamento” ou, pior, “terminaram com algum casamento”.
Era noite, apenas uma lâmpada de um poste da iluminação pública mostrava os contornos envelhecidos e mal conservados, o abandono do sofá só não era maior em razão dos olhares de piedade dos transeuntes que, como eu, pensava nos seus dias de glória. Sabe-se lá quantas vezes seus antigos donos desfrutaram de cumplicidade ao assistirem programas políticos e ouvirem afirmativas importantes de como fariam determinadas coisas ou como não fariam outras, por exemplo, prometendo cuidar dos idosos aposentados, dando-lhes um final de vida digno - mais digno que o final de vida daquele sofá.
Algumas vezes, solitário, sem ninguém a usufruir do assento, ainda novo e inteiro, era obrigado a ver programas de televisão de discutível qualidade, mas que ficavam a invadir sua confortável solidão, um descanso para suas molas.
Ah! Tinham também cães e gatos que se divertiam afiando unhas e garras no pano ainda com cheiro de novo, mas que estava destinado a ter irremediáveis rupturas nos fios perfeitamente tecidos e nódoas de substâncias mal cheirosas que destoavam dos desenhos e cores, outrora lindas, harmonicamente dispostas e bem ao gosto dos donos.
Foi neste momento de reflexão que percebi, junto a uma mola projetada por um buraco no assento, uma folha de jornal, não tão velha quanto o sofá, que, em letras “garrafais”, traduzia bem o sentimento dos transeuntes, talvez ainda em seus subconscientes, dizia: “O projeto que regulariza os proventos dos aposentados é barrado pelo governo”.
É isto, aquele sofá foi novo, bonito, útil e promoveu momentos importantes e positivos, mas, como os aposentados, cessada sua utilidade, foi abandonado em uma calçada qualquer da vida, expondo sua fragilidade e desutilidade a olhos que não querem ver, a ouvidos que não querem ouvir e tendo como lamento apenas o ranger das molas e, como memória, folhas de jornais acidentalmente presas a estas.
Ali estava ele, sujo, maltrapilho, em completo abandono. Sabe-se lá que história poderia contar dos dias de grandiosidade absoluta em que dominava o ambiente de alguma sala de estar. Aquele enorme sofá jazia solitário em uma calçada frente a um terreno baldio.
Fiquei a imaginar o dia em que foi escolhido pela família inteira para ocupar o espaço principal em frente a uma televisão de 29 polegadas. Quantos filmes seus donos viram, confortavelmente sentados, após o jantar e com todos os cuidados para não manchar o fino tecido que o cobria. Sabe-se lá se não foi palco de romances que terminaram “em algum casamento” ou, pior, “terminaram com algum casamento”.
Era noite, apenas uma lâmpada de um poste da iluminação pública mostrava os contornos envelhecidos e mal conservados, o abandono do sofá só não era maior em razão dos olhares de piedade dos transeuntes que, como eu, pensava nos seus dias de glória. Sabe-se lá quantas vezes seus antigos donos desfrutaram de cumplicidade ao assistirem programas políticos e ouvirem afirmativas importantes de como fariam determinadas coisas ou como não fariam outras, por exemplo, prometendo cuidar dos idosos aposentados, dando-lhes um final de vida digno - mais digno que o final de vida daquele sofá.
Algumas vezes, solitário, sem ninguém a usufruir do assento, ainda novo e inteiro, era obrigado a ver programas de televisão de discutível qualidade, mas que ficavam a invadir sua confortável solidão, um descanso para suas molas.
Ah! Tinham também cães e gatos que se divertiam afiando unhas e garras no pano ainda com cheiro de novo, mas que estava destinado a ter irremediáveis rupturas nos fios perfeitamente tecidos e nódoas de substâncias mal cheirosas que destoavam dos desenhos e cores, outrora lindas, harmonicamente dispostas e bem ao gosto dos donos.
Foi neste momento de reflexão que percebi, junto a uma mola projetada por um buraco no assento, uma folha de jornal, não tão velha quanto o sofá, que, em letras “garrafais”, traduzia bem o sentimento dos transeuntes, talvez ainda em seus subconscientes, dizia: “O projeto que regulariza os proventos dos aposentados é barrado pelo governo”.
É isto, aquele sofá foi novo, bonito, útil e promoveu momentos importantes e positivos, mas, como os aposentados, cessada sua utilidade, foi abandonado em uma calçada qualquer da vida, expondo sua fragilidade e desutilidade a olhos que não querem ver, a ouvidos que não querem ouvir e tendo como lamento apenas o ranger das molas e, como memória, folhas de jornais acidentalmente presas a estas.
Roda de chimarrão
Neiff Satte Alam
Aos poucos o pessoal da vizinhança começava a se reunir na calçada. Cada um trazia sua cadeira e chimarrão a tira-colo. Tudo começava com um “boa tarde” e a oferta da cuia como forma codificada de pedir licença para entrar na roda de bate-papo de fim de tarde.
Opiniões de tudo que é jeito e das mais diferentes ideologias. O pessoal da UDN fazendo elogios ao Lacerda e o pessoal do PTB ao Jango, pois aquele verão de 1964 prometia surpresas ( que terminaram se confirmando) políticas que seriam aterrorizantes para alguns e motivo de alegria para outros. O Senado era um dos pontos de destaque, assim como a Câmara de Deputados. No que dizia respeito a nossa Vila Olimpo, a discussão era em torno do clássico de futebol que aconteceria no domingo. Os adultos conversando e as crianças brincando na rua, uns jogavam bola outros batiam papo, assim como os adultos estavam fazendo... e o chimarrão seguia de mão em mão.
Hoje não se faz mais roda de bate-papo nas calçadas, pois os riscos de assaltos são muito grandes, a novela das sete, das oito, das nove, os jornais da TV, o MSN, o Orkut, enfim, a Internet e sabe-se mais o quê, tira-nos do convívio, do olho no olho, das risadas compartilhadas, do movimento das crianças em suas brincadeiras e nos remetem para um mundo virtual, que deveria ser um apoio ao relacionamento mais íntimo entre as pessoas, mas, lamentavelmente promove um afastamento, pois não é utilizado de forma adequada, isto é, a informação e o conhecimento, disponibilizados pelo ciberespaço, têm endurecido as relações interpessoais.
Com o tempo saberemos utilizar este meio de comunicação para aproximar as pessoas, pois ocorre que pessoas que moram na mesma quadra se comunicam pelo MSN de forma efusiva, mas, ao saírem à rua, cumprimentam-se apenas com um aceno de cabeça ...
O espaço cibernético esta aí, pronto para ser utilizado, para romper fronteiras, para diminuir as distâncias entre os povos, para importar e exportar diferentes culturas, para romper com as amarras determinadas pelos governos autoritários e difundir idéias democráticas, para desfazer engodos propostos por propagandas tendenciosas e, finalmente, estabelecer as necessárias conexões entre as pessoas e as nações sem poluir os pensamentos e culturas diferentes, mas, mantendo as diversidades culturais e pluralidade ideológica, permitir que se valorize as coisas boas de cada cultura e que se rejeite ideologias predatórias e descomprometidas com o bem estar de todos.
Antes deste avanço para um mundo globalizado pelo ciberespaço, temos que retomar às nossas rodas de chimarrão nas calçadas, livres das ameaças de insegurança e abertos à comunicação presencial. Faz-se necessária a conexão entre o chimarrão e a internet, pois o dom da palavra não poderá ser substituído e esta estará enriquecida pela utilização das informações virtuais e as rodas de chimarrão continuarão a existir...
Aos poucos o pessoal da vizinhança começava a se reunir na calçada. Cada um trazia sua cadeira e chimarrão a tira-colo. Tudo começava com um “boa tarde” e a oferta da cuia como forma codificada de pedir licença para entrar na roda de bate-papo de fim de tarde.
Opiniões de tudo que é jeito e das mais diferentes ideologias. O pessoal da UDN fazendo elogios ao Lacerda e o pessoal do PTB ao Jango, pois aquele verão de 1964 prometia surpresas ( que terminaram se confirmando) políticas que seriam aterrorizantes para alguns e motivo de alegria para outros. O Senado era um dos pontos de destaque, assim como a Câmara de Deputados. No que dizia respeito a nossa Vila Olimpo, a discussão era em torno do clássico de futebol que aconteceria no domingo. Os adultos conversando e as crianças brincando na rua, uns jogavam bola outros batiam papo, assim como os adultos estavam fazendo... e o chimarrão seguia de mão em mão.
Hoje não se faz mais roda de bate-papo nas calçadas, pois os riscos de assaltos são muito grandes, a novela das sete, das oito, das nove, os jornais da TV, o MSN, o Orkut, enfim, a Internet e sabe-se mais o quê, tira-nos do convívio, do olho no olho, das risadas compartilhadas, do movimento das crianças em suas brincadeiras e nos remetem para um mundo virtual, que deveria ser um apoio ao relacionamento mais íntimo entre as pessoas, mas, lamentavelmente promove um afastamento, pois não é utilizado de forma adequada, isto é, a informação e o conhecimento, disponibilizados pelo ciberespaço, têm endurecido as relações interpessoais.
Com o tempo saberemos utilizar este meio de comunicação para aproximar as pessoas, pois ocorre que pessoas que moram na mesma quadra se comunicam pelo MSN de forma efusiva, mas, ao saírem à rua, cumprimentam-se apenas com um aceno de cabeça ...
O espaço cibernético esta aí, pronto para ser utilizado, para romper fronteiras, para diminuir as distâncias entre os povos, para importar e exportar diferentes culturas, para romper com as amarras determinadas pelos governos autoritários e difundir idéias democráticas, para desfazer engodos propostos por propagandas tendenciosas e, finalmente, estabelecer as necessárias conexões entre as pessoas e as nações sem poluir os pensamentos e culturas diferentes, mas, mantendo as diversidades culturais e pluralidade ideológica, permitir que se valorize as coisas boas de cada cultura e que se rejeite ideologias predatórias e descomprometidas com o bem estar de todos.
Antes deste avanço para um mundo globalizado pelo ciberespaço, temos que retomar às nossas rodas de chimarrão nas calçadas, livres das ameaças de insegurança e abertos à comunicação presencial. Faz-se necessária a conexão entre o chimarrão e a internet, pois o dom da palavra não poderá ser substituído e esta estará enriquecida pela utilização das informações virtuais e as rodas de chimarrão continuarão a existir...
quarta-feira, 2 de março de 2011
A barata embaixo da porta.
NEIFF SATTE ALAM
Embaixo da porta, em uma minúscula fresta quase impossível de ser ultrapassada por qualquer ser vivo, duas antenas movimentavam-se suavemente como se estivessem estudando o ambiente e verificando se havia algum perigo no recinto.
Mantive-me quieto, evitando qualquer movimento ou ruído que pudesse assustar o animalzinho dono daquelas imensas antenas. Lentamente foi surgindo a cabeça e parte do corpo de uma barata, seus olhos facetados me encararam de forma diferente e incomum para um inseto asqueroso e que tanta ojeriza causa a nós humanos.
Para minha surpresa, o inseto queria estabelecer um diálogo, pois se tratava de uma barata de alta linhagem e muito preocupada com sua espécie. Em um primeiro momento achei que estava enlouquecendo: “ uma barata querer bater um papo”? Não, não estava louco, pois a barata, de uma forma que não estava bem clara, comunicava-se perfeitamente. O futuro de sua espécie estava ameaçado. A forma como nós, humanos, estávamos conduzindo as relações com a natureza eram uma garantia para que as baratas atingissem o controle do planeta.
Questionei pela lógica de tal afirmação e obtive uma resposta imediata: “os humanos estariam tentando modificar todo o quadro favorável ao destino das baratas ao se reunirem na Dinamarca”. “Em seus livros (pensei que elas só comiam os livros) havia várias descrições de uma espécie que surgiria para mudar a face do planeta e permitir condições de sustentabilidade à sua espécie”.
Não entendi! Pior, entendi! Havia a expectativa do surgimento de uma espécie que produziria toda uma mudança no planeta. Esta mudança implicaria em alterações climáticas, distribuição de grande quantidade de lixo, destruição de um grande número de espécies que eram inimigas das baratas e mais outras tantas alterações altamente vantajosas.
“Agora”, disse a barata, “estão tentando reverter este quadro altamente satisfatório; querem reduzir este maravilhoso e suculento lixo orgânico que serve tão eficazmente como alimento de nossas baratinhas, futuro do planeta, que começam a entender o seu papel de defensores perpétuos da vida na Terra”.
“Quantas baratas tiveram suas vidas ceifadas por solados de sapatos e chinelos; quantas foram intoxicadas ao se alimentarem de cuecas e meias infestadas deste tal de dinheiro, ali enfiados por humanos maquiavélicos (era uma barata que lia os livros antes de comê-los)”. Enfim, desfiou um rosário de motivos para mostrar todo o sofrimento esperando um mundo mais adequado, mais sujo, mais desequilibrado; um mundo cheio de casarões com porões esquecidos, com casebres insalubres nas favelas e outros tantos bolsões de miséria onde predominasse falta de saneamento básico e total desamparo das pessoas que, ou produziam lixo ou viviam do lixo produzido, mas de qualquer forma muito útil para as baratas.
Tentei mostrar que apesar de asquerosa e combatida por um sem número de inseticidas, era necessária, assim como os demais seres vivos para manter um saudável equilíbrio. Claro que, para isto, muitas teriam de morrer (não confessei que o objetivo foi sempre o extermínio delas e de quase todas as outras espécies animais e vegetais), pois cada espécie teria que manter populações estáveis e que não comprometessem as outras, uma mentira deslavada, pois todos os procedimentos humanos vão no sentido de eliminação de todos os seres que não interessam aos propósitos economicistas da espécie humana.
A barata fez um movimento que pareceu uma risada de deboche, fazendo-me crer que não acreditou em uma palavra, mas ciente que na Dinamarca nada iria acontecer de mais grave, o que a deixava tranquila. Para que não divulgasse minha ingenuidade às outras baratas, dei uma chinelada na linguaruda, juntei seus restos com uma pá de lixo e fiz de conta que tal diálogo nunca tinha acontecido
Embaixo da porta, em uma minúscula fresta quase impossível de ser ultrapassada por qualquer ser vivo, duas antenas movimentavam-se suavemente como se estivessem estudando o ambiente e verificando se havia algum perigo no recinto.
Mantive-me quieto, evitando qualquer movimento ou ruído que pudesse assustar o animalzinho dono daquelas imensas antenas. Lentamente foi surgindo a cabeça e parte do corpo de uma barata, seus olhos facetados me encararam de forma diferente e incomum para um inseto asqueroso e que tanta ojeriza causa a nós humanos.
Para minha surpresa, o inseto queria estabelecer um diálogo, pois se tratava de uma barata de alta linhagem e muito preocupada com sua espécie. Em um primeiro momento achei que estava enlouquecendo: “ uma barata querer bater um papo”? Não, não estava louco, pois a barata, de uma forma que não estava bem clara, comunicava-se perfeitamente. O futuro de sua espécie estava ameaçado. A forma como nós, humanos, estávamos conduzindo as relações com a natureza eram uma garantia para que as baratas atingissem o controle do planeta.
Questionei pela lógica de tal afirmação e obtive uma resposta imediata: “os humanos estariam tentando modificar todo o quadro favorável ao destino das baratas ao se reunirem na Dinamarca”. “Em seus livros (pensei que elas só comiam os livros) havia várias descrições de uma espécie que surgiria para mudar a face do planeta e permitir condições de sustentabilidade à sua espécie”.
Não entendi! Pior, entendi! Havia a expectativa do surgimento de uma espécie que produziria toda uma mudança no planeta. Esta mudança implicaria em alterações climáticas, distribuição de grande quantidade de lixo, destruição de um grande número de espécies que eram inimigas das baratas e mais outras tantas alterações altamente vantajosas.
“Agora”, disse a barata, “estão tentando reverter este quadro altamente satisfatório; querem reduzir este maravilhoso e suculento lixo orgânico que serve tão eficazmente como alimento de nossas baratinhas, futuro do planeta, que começam a entender o seu papel de defensores perpétuos da vida na Terra”.
“Quantas baratas tiveram suas vidas ceifadas por solados de sapatos e chinelos; quantas foram intoxicadas ao se alimentarem de cuecas e meias infestadas deste tal de dinheiro, ali enfiados por humanos maquiavélicos (era uma barata que lia os livros antes de comê-los)”. Enfim, desfiou um rosário de motivos para mostrar todo o sofrimento esperando um mundo mais adequado, mais sujo, mais desequilibrado; um mundo cheio de casarões com porões esquecidos, com casebres insalubres nas favelas e outros tantos bolsões de miséria onde predominasse falta de saneamento básico e total desamparo das pessoas que, ou produziam lixo ou viviam do lixo produzido, mas de qualquer forma muito útil para as baratas.
Tentei mostrar que apesar de asquerosa e combatida por um sem número de inseticidas, era necessária, assim como os demais seres vivos para manter um saudável equilíbrio. Claro que, para isto, muitas teriam de morrer (não confessei que o objetivo foi sempre o extermínio delas e de quase todas as outras espécies animais e vegetais), pois cada espécie teria que manter populações estáveis e que não comprometessem as outras, uma mentira deslavada, pois todos os procedimentos humanos vão no sentido de eliminação de todos os seres que não interessam aos propósitos economicistas da espécie humana.
A barata fez um movimento que pareceu uma risada de deboche, fazendo-me crer que não acreditou em uma palavra, mas ciente que na Dinamarca nada iria acontecer de mais grave, o que a deixava tranquila. Para que não divulgasse minha ingenuidade às outras baratas, dei uma chinelada na linguaruda, juntei seus restos com uma pá de lixo e fiz de conta que tal diálogo nunca tinha acontecido
terça-feira, 1 de março de 2011
Afinal, que tipo de progressão estamos falando?
Neiff Satte Alam
A Resolução do Conselho Nacional de Educação que recomenda que os três primeiros anos (Ensino Fundamental) sejam sem reprovação, vem causando uma série de polêmicas, principalmente em razão da indefinição sobre que tipo de regime de progressão está se falando ou, o que é mais polêmico ainda, se está se propondo um regime de progressão híbrido.
Para que se faça está análise é importante que se leve em consideração que existem dois tipos básicos de PROGRESSÃO: Por ciclos ou por série. O que está em discussão, pelo menos no caso do Rio Grande do Sul é a forma de PROGRESSÃO POR SÉRIE, sem reprovação, até a terceira série do Ensino Fundamental, isto é, não temos o regime de PROGRESSÃO POR CICLOS no Sistema Estadual de Ensino e na maioria dos Municípios, mas, talvez, pretenda-se inserir um “mini-Ciclo” nas 3 primeiras séries.
De qualquer maneira, é obrigação da Escola o aprendizado do estudante e que atinja os níveis mínimos de habilidades e competências, logo, seja ao final do ciclo (quando for o caso) ou ao final da série, sua passagem para a série seguinte ou ciclo seguinte passará por um processo de avaliação, isto é, aprovado ou reprovado, seja na série, seja no ciclo.
O grande equívoco neste caso, a meu juízo, é querer se constituir um sistema hibrido de progressão, isto é, as três primeiras séries do Ensino Fundamental serem por CICLO e as demais uma progressão por SÉRIES. Uma invenção que só poderá dar certo se revermos todos os Projetos Político Pedagógicos das Escolas, pois teremos que utilizar uma pedagogia distinta entre os diversos segmentos desta progressão “híbrida”.
Não se trata, portanto, de sermos contra ou a favor desta resolução, mas, mais importante do que isto, sabermos exatamente os motivos que levaram o CNE a propor esta postura. Em São Paulo, por exemplo, já há um sistema estadual de Progressão por Ciclos, a aprovação será de um ciclo para outro, muda o tempo de “aprovar ou reprovar”, mas rigorosamente dentro de um planejamento onde este tipo de progressão é institucional, mais objetivamente, o aluno somente será aprovado ou reprovado ao final de cada ciclo e não ao final de cada ano, como no caso da Progressão por Séries, que é a situação predominante no nosso Estado.
O que importa ao final, é que o aluno aprenda e se inclua em um grupo de pessoas que possa usufruir das oportunidades de trabalho, emprego e renda e que construa as competências necessárias para se incluir no mercado de oportunidades cada vez mais especializado.
Felizmente este tipo de discussão não passa por instâncias político-partidárias, embora a Presidente Dilma, na campanha presidencial, tenha se manifestado a respeito do tema: (TV Bandeirantes, em agosto de 2010) "As crianças devem ter seu conhecimento testado", afirmou a petista, ao ressaltar que “as avaliações são necessárias para diagnosticar o setor”, disse. Já o MEC, neste ano, Governo Dilma, apóia a Resolução do CNE.
Pelo que presumo, os “especialistas” terão muito que pensar e muito mais ainda para fazer, antes que se perca o controle da situação. De qualquer forma, como está posto: simplesmente aprovar até o terceiro ano do fundamental em um sistema de progressão em série é absolutamente incorreto.
A Resolução do Conselho Nacional de Educação que recomenda que os três primeiros anos (Ensino Fundamental) sejam sem reprovação, vem causando uma série de polêmicas, principalmente em razão da indefinição sobre que tipo de regime de progressão está se falando ou, o que é mais polêmico ainda, se está se propondo um regime de progressão híbrido.
Para que se faça está análise é importante que se leve em consideração que existem dois tipos básicos de PROGRESSÃO: Por ciclos ou por série. O que está em discussão, pelo menos no caso do Rio Grande do Sul é a forma de PROGRESSÃO POR SÉRIE, sem reprovação, até a terceira série do Ensino Fundamental, isto é, não temos o regime de PROGRESSÃO POR CICLOS no Sistema Estadual de Ensino e na maioria dos Municípios, mas, talvez, pretenda-se inserir um “mini-Ciclo” nas 3 primeiras séries.
De qualquer maneira, é obrigação da Escola o aprendizado do estudante e que atinja os níveis mínimos de habilidades e competências, logo, seja ao final do ciclo (quando for o caso) ou ao final da série, sua passagem para a série seguinte ou ciclo seguinte passará por um processo de avaliação, isto é, aprovado ou reprovado, seja na série, seja no ciclo.
O grande equívoco neste caso, a meu juízo, é querer se constituir um sistema hibrido de progressão, isto é, as três primeiras séries do Ensino Fundamental serem por CICLO e as demais uma progressão por SÉRIES. Uma invenção que só poderá dar certo se revermos todos os Projetos Político Pedagógicos das Escolas, pois teremos que utilizar uma pedagogia distinta entre os diversos segmentos desta progressão “híbrida”.
Não se trata, portanto, de sermos contra ou a favor desta resolução, mas, mais importante do que isto, sabermos exatamente os motivos que levaram o CNE a propor esta postura. Em São Paulo, por exemplo, já há um sistema estadual de Progressão por Ciclos, a aprovação será de um ciclo para outro, muda o tempo de “aprovar ou reprovar”, mas rigorosamente dentro de um planejamento onde este tipo de progressão é institucional, mais objetivamente, o aluno somente será aprovado ou reprovado ao final de cada ciclo e não ao final de cada ano, como no caso da Progressão por Séries, que é a situação predominante no nosso Estado.
O que importa ao final, é que o aluno aprenda e se inclua em um grupo de pessoas que possa usufruir das oportunidades de trabalho, emprego e renda e que construa as competências necessárias para se incluir no mercado de oportunidades cada vez mais especializado.
Felizmente este tipo de discussão não passa por instâncias político-partidárias, embora a Presidente Dilma, na campanha presidencial, tenha se manifestado a respeito do tema: (TV Bandeirantes, em agosto de 2010) "As crianças devem ter seu conhecimento testado", afirmou a petista, ao ressaltar que “as avaliações são necessárias para diagnosticar o setor”, disse. Já o MEC, neste ano, Governo Dilma, apóia a Resolução do CNE.
Pelo que presumo, os “especialistas” terão muito que pensar e muito mais ainda para fazer, antes que se perca o controle da situação. De qualquer forma, como está posto: simplesmente aprovar até o terceiro ano do fundamental em um sistema de progressão em série é absolutamente incorreto.
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