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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Exposição sobre 50 anos da Campanha da Legalidade


Dia 2 de setembro, às 19h, será aberta a exposição O último levante dos gaúchos, no Memorial do Rio Grande do Sul (Rua Sete de Setembro 1020), na Sala de Tesouro, primeiro andar.
O evento integra as comemorações do Governo do Estado para assinalar os 50 anos da Campanha da Legalidade (1961-2011). A mostra exibe documentos originais, fotografias, peças de propaganda política e periódicos de circulação da época. A visitação está disponível de terça a sexta-feira, das 10h às 18h. Visitas guiadas podem ser agendadas pelo do fone (51) 32270882. A entrada é franca.
Museu da Comunicação e Arquivo Histórico do RS aceitam doações de materiais sobre a legalidade
A exposição resulta da parceria entre Museu da Comunicação Hipólito José da Costa e Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, instituições vinculadas à Secretaria de Estado da Cultura, que apresentam materiais relacionados ao movimento da Legalidade. O Museu exibe exemplares do Ultima Hora – jornal de grande circulação em Porto Alegre nos anos 60. O acervo fotográfico da instituição apresenta cerca de 80 imagens, oriundas da Assessoria de Imprensa do Palácio Piratini durante a gestão de Leonel Brizola. E o Arquivo Histórico RS complementa a exposição com documentos originais relacionados esse episódio de grande repercussão na história do país.
Os materiais estão agrupados sob os seguintes temas: manifestações populares, lideranças políticas, fortificações no Palácio Piratini, meios de comunicação e estratégias políticas. A comissão curadora, composta por pesquisadores das duas instituições, primou pela seleção de peças que possibilitem a contextualização do fato histórico, além da compreensão do cenário político contemporâneo.
Em www.legalidade..rs.gov.br é possível acessar imagens do acervo do Museu de Comunicação, capas de jornais e revistas, áudios da Rádio Guaíba e vídeos da TV Assembléia com diversos depoimentos. A Secretaria de Cultura incentiva ainda uma campanha de doação de documentos da Legalidade.

Texto: Mariangela Machado

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Fetter é informado sobre projetos de Educação e Desporto
         O prefeito Adolfo Antonio Fetter recebeu, na tarde de hoje (19), em seu gabinete, a professora Alice Maria Szezepanski, da Secretaria Municipal de Educação e Desporto (SMED), e o chefe de gabinete da secretaria, Neiff Olavo Satte Alam, que vieram relatar ao prefeito a situação atual de projetos para as áreas de Educação e Desporto, verificada junto aos ministérios de Educação (MEC) e do Esporte, em Brasília.
          Foi informado ao prefeito Fetter o estágio dos projetos para construção de nove escolas de Educação Infantil e duas quadras esportivas, além de 10 espaços públicos para prática do esporte, o Centro de Treinamento do Brasil de Pelotas e da qualificação de quadras esportivas já existentes no Colégio Municipal Pelotense, junto aos dois ministérios.
         As informações trazidas por Alice e Alam foram no sentido de agilizar e identificar onde estão as pendências nestes projetos, para dar prosseguimento ao processo.
         Com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), as nove novas unidades de educação infantil terão capacidade para 120 crianças, cada, com área construída de 564 m², no valor máximo de R$ 620 mil por unidade. As novas escolas serão construídas nos seguintes bairros/localidades: Sítio Floresta, Loteamento Dunas, Cruzeiro do Sul, Sanga Funda, Colônia Z3, Monte Bonito, Loteamento Darcy Ribeiro, Loteamento Eucaliptos e Vila Princesa.
         Já, as duas quadras poliesportivas deverão ser construídas em escolas municipais que tenham mais de 500 alunos, e que não possuam outra quadra, neste caso, as escolas beneficiadas serão as EMEFs Santa Irene (Cohab Pestano) e Independência (Sítio Floresta). Cada uma delas terá um custo máximo de R$ 490 mil.
         Os espaços públicos para prática do esporte deverão ser construídos nos seguintes locais: Porto, Navegantes, Fragata, Getúlio Vargas, Cohab Guabiroba, Simões Lopes, Santa Terezinha, Py Crespo, Balneário dos Prazeres e Sitio Floresta.




Data: 19/08/2011
Hora: 18:44
Redator: Berenice Costa - 11.381
Fotógrafo: Rafa Marin -

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Fidelidade


Neiff Satte Alam



Era um cão perdigueiro, nem Pointer nem Setter, apenas perdigueiro. Os entendidos diziam que era apenas um vira-lata com pinta de perdigueiro, para nós um amigo presente em todos os momentos do dia. Recebeu o nome de Nero. Até hoje não sei de onde saiu a idéia do nome e nem sei se sabíamos algo sobre o dono do nome.

Eu, meu irmão e meu primo formávamos com o Nero um quarteto de respeitáveis travessuras. Naquele tempo, Vila Olimpo era um pequeno lugar, centro do mundo é bem verdade, pois era o mundo que conhecíamos.

A rua do Comércio, onde ficava nossa casa e o armazém de meu pai, era nosso campo de futebol. Dois cinamomos robustos eram as goleiras e o principal jogador, pois ficava sempre com a pequena bola de borracha entre as pernas e totalmente babada e perfurada ao final do jogo, era o Nero. Sua cola batia com imensa felicidade levantando poeira sob nosso olhar não menos feliz, indicando o fim do jogo.

Época de férias, só entrávamos em casa na hora de comer, tomar banho e dormir. Quando éramos chamados para o almoço, o primeiro a ouvir era o Nero, que corria imediatamente para a cozinha, embora fosse o último a comer, não antes de encarar o olhar de repreensão de meu pai, única pessoa a quem respeitava, e ficar deitado sobre um canto e batendo sua espessa cola, esperando a hora de seu almoço.

Tinha três inimigos: um cão vira-lata peludo que disputava território e algumas donzelas que por lá passavam; moscas em geral, era quando sua cola mais trabalhava; um gato preto que o provocava de cima do muro ou do telhado, já tinham tido alguns encontros mais diretos e ambos saíram com algumas lesões, nada perigosas, mas com certeza muito doloridas.

À hora de dormir, podem acreditar, era sempre às 18h, inverno ou verão; banho, janta e cama. No pátio, junto a nossa janela, o Nero, depois de uivos e resmungos de contrariedade, também iniciava sua noite agitada pelas provocações do gato preto que insistia em irritá-lo passeando no parreiral que cobria parte do pátio.

Amanhecia. Alguém deixava uma porta aberta e era o suficiente para sermos acordados pelo Nero de forma alegre, exageradamente alegre. Ninguém conseguia ficar na cama depois destas demonstrações de imensa alegria. Levantar, lavar a cara, tomar um café com leite (que vinha direto da vaca para o consumidor), escovar os dentes e ... rua.

Depois do almoço um pequeno descanso antes de ir para o indispensável banho nas águas mornas e limpas do Rio Piratini, que chamávamos simplesmente de “arroio”. O Nero somente entrava n’água depois de ser carinhosamente atirado. Era ensaboado e esfregado e depois ficava secando ao sol bem distante do “burburinho” formado pelas famílias que se aglomeravam às margens do rio. Depois de seco, escondia-se à sombra de algum maricá esperando a hora do retorno.

Uma noite, percebeu-se movimentos diferentes na casa, meu pai e minha mãe transitaram com outras pessoas, ouvimos gemidos do Nero, depois tudo silenciou. Parecia um sonho ruim e o sono nos venceu e seguimos dormindo.

Naquela manhã não fomos acordados pelo Nero; não jogamos futebol; não fomos ao banho no arroio; nossos dias ficaram tristes.

Ninguém falou no assunto. Ninguém perguntou. As lágrimas molharam o rosto de todos. O Nero foi uma importante experiência de convivência harmoniosa e nossa primeira experiência de perda.

Não importa o tempo que duram nossos amigos, importa é a eternidade da amizade que fica e as experiências que seguem enriquecendo os aprendizados permanentes de vida.





segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Limpeza da vidraça


Neiff Satte Alam

            As piadas têm, em geral, uma mensagem que atingem as pessoas de forma diferente. Algumas riem da piada, outras se questionam e muitos sequer entendem o próprio enquadramento no contexto da piada. Tem uma que fala de um casal que estava tomando café e, através das vidraças, visualizavam o quintal da vizinha. Os lençóis estendidos no varal fizeram o comentário da manhã, pois a esposa chamou a atenção do marido para a sujeira dos lençóis. Este observou e, sem nada dizer, terminou sua refeição matutina em silêncio. Nos próximos dias a cena se repetiu, sempre a mesma observação da mulher e o mesmo silêncio do marido. Incomodado com a situação, o marido se levantou, pegou delicadamente a esposa pelo braço, levou-a até a vidraça e disse: “- Os lençóis da vizinha estão impecavelmente limpos, assim como as toalhas e as camisas, o que necessita de limpeza são os vidros da janela de nossa cozinha.”
            Lembrei-me desta piada ao ler manifestações de defesa da floresta Amazônica ao ser devastada por grileiros, assentados, nacionais e multinacionais. Um Bioma fantástico, de enorme biodiversidade – talvez a maior do Planeta, mas que vai se destruindo gradativamente. Perfeita a observação do autor do artigo em defesa deste ambiente.
            Provavelmente o mesmo autor esteja com os vidros dos óculos, se é que os necessita, empoeirados quando não percebe a mesma destruição do Bioma Pampa, também de riquíssima biodiversidade. Ambos os Biomas, Pampa e Floresta Amazônica, são tão importantes à manutenção saudável e equilibrada das populações humanas aí inseridas,   que os desequilíbrios provocados por suas destruições trarão danos irreversíveis até a própria economia destas regiões que são o alvo destas paradoxais salvações sócio-  econômicas que, pretensiosamente, parecem ser os objetivos dos que plantam lavouras de soja nas zonas desmatadas e lavouras de árvores no Pampa gaúcho e uruguaio. É de lá, do Uruguai que vêm um dos mais importantes alertas sobre esta situação (Correio Braziliense):           “...O Movimento de Agricultores Rurais de Mercedes, que reúne cerca de 150 produtores, já negocia com o governo uma pauta de reivindicações, onde exigem que nenhum eucalipto mais seja plantado, a desativação da fábrica de celulose, a solução dos problemas de água nas terras dos vizinhos das florestas e a revisão da legislação ambiental, que não impõem limites nem restrições à atuação das multinacionais do setor”. Vejam bem, lá não é muito diferente daqui, segue a notícia. “... A região sofre com a falta de água. Mesmo proprietários rurais  arrendaram terras para as multinacionais pressionam o governo para resolver o problema, mas não falam abertamente sobre o assunto. Dezenas de agricultores já deixaram a localidade, ou porque venderam suas terras ou porque não conseguem mais uma boa produtividade. A despesa com a operação de bombas d’água encarece o custo de produção. A escola mantida pela intendência de Mercedes contava com 60 alunos há poucos anos. Hoje, não passam de 20. Encontramos várias casas abandonadas perto da estrada que margeia as florestas da Florestal Oriental e da Eu Flores, que abastecem as multinacionais”.
            Bem, como diz a piada, talvez tenhamos que lavar nossas vidraças antes de somente ver lá fora, distante, os problemas que na verdade estão em nossa casa, no nosso quintal e logo na nossa cozinha quando começar a falta de água, comida e condições mais dignas de vida.