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domingo, 22 de maio de 2011

VOCÊ JÁ ABRAÇOU ALGUÉM HOJE?

HOJE, 22 DE MAIO, É O DIA DO ABRAÇO





NEIFF SATTE ALAM

Vendo as imagens de dois esqueletos fossilizados, e imaginando como seriam, milhares de anos soterrados e abraçados de tal forma que parecia um impossível poema de amor a atravessar o tempo., percebi a importância do abraço.

Hoje, desvendados para um mundo onde coisas elementares como um simples abraço parece não sensibilizar, dá-nos uma lição de como é importante abraçar.

Pode ser um simples abraço de amizade onde os batimentos cardíacos possam se confundir ou um abraço de dois amantes que parecem pretender fundirem-se em uma só pessoa, uma só alma e um só coração; pode ser o abraço entre irmãos que se unem pela consangüinidade e hereditariedade comuns ou entre pais e filhos que deverão ser sempre uma doação do mais puro amor.

Muitas vezes abraçamos desconhecidos e, na forma sincera de abraçar, desenvolvemos laços de amizade que talvez tenham a idade espiritual dos esqueletos fósseis encontrados abraçados, abraços que podem ser também eternizados por este sentimento, a amizade.

Podemos também abraçar causas, idéias, projetos. São abraços que utilizam os braços espirituais e do conhecimento e até da sabedoria, situações e valores inerentes ao homem e que muitas vezes é ignorado ou esquecido.

Até mesmo o abraço falso, aquele que ocorre precedido pelo cinismo e pela hipocrisia, terá de um dos componentes um sentimento de harmonia e lealdade e poderá ser a lição que recuperará o falso e lhe permitirá encontrar caminhos mais leais e éticos.

Nenhum abraço será perdido. Alguns serão demorados e estreitos, outros serão breves e distantes. O dos amantes se prolongará até o mundo dos sonhos se tornarem realidade e novos sonhos surgirem, outros serão breves, desprovidos de muito sentimento e identificarão o grau de afeto que deverá se seguir e, identificado pelo respeito mútuo, ditará as regras do relacionamento e a intensidade deste.
Mas o mais sincero é o da criança que abraça o pai ou a mãe. Um abraço que sugere amor incondicional e uma busca instintiva de segurança e que parece vir da ancestralidade de uma vida anterior, com saudade satisfeita pela presença dos pais.

Recusar um abraço é uma ofensa, mesmo de um desafeto, pois pode ser um pedido de desculpas, uma tentativa de recuperação de uma afetividade perdida ou uma forma de perdão.

Você hoje já abraçou alguém? Não? Então abrace e verá como o mundo pode ser melhor, pois será do tamanho do abraço que der e receber...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

ÁRVORE, UM SÍMBOLO DE FERTILIDADE E RENASCIMENTO.

Neiff Satte Alam
Raízes fortes, impregnadas de força e de história; troncos soberbos que sustentam a construção de folhas, flores e frutos; símbolos de um renascer para vida.
Árvores, mais do que árvores, impregnadas de experiência, sabedoria e de vida ...muita vida.
Erguem-se em direção ao céu e abrem seus galhos como se fossem braços em busca do Criador.

Abrem suas flores como se fossem presentes a toda a humanidade em homenagem àqueles que estão permanentemente renascendo. Misturam-se segundo suas preferências não importando espécies, tamanhos ou formas, mas apenas harmonizam-se para que todas possam disputar de espaço, de ar, do solo e da água. Naturalmente há competição entre elas, mas a lealdade à genética de cada uma será sempre respeitada.
Sobre elas muitas outras plantas encontrarão abrigo e suporte, algumas sugarão sua seiva, mostrando que até entre as plantas há ações desprovidas de agradecimento pelo bem que fazem. Pequenos animaizinhos aí encontrarão refúgio, disputarão espaço entre si, alimentar-se-ão de fungos, de outros animais, de folhas e muitas vezes da seiva e do cerne.
Uma árvore sozinha deverá se constituir em um ecossistema completo: terá clima próprio; será sede e parte ao mesmo tempo de uma complexa teia alimentar. Em conjunto formarão bosques, matas e grandes florestas. Darão ao meio em que estiverem inseridas um potencial e uma diversidade de vida que permitirão aos animais maiores que habitarem entre seus troncos ou na proximidade deste uma capacidade de sobrevivência e de qualidade de vida que estabelecerão, neste conjunto, um complexo de auto-organização em perfeito equilíbrio dinâmico que denominamos vida.
Cortadas, destroçadas, transformadas em matéria prima para construções de móveis ou moradias; queimadas para gerarem calor que auxiliará o homem nas suas necessidades de obtenção de energia que produzirá eletricidade ou movimentará trens, exigem renovação para continuarem a servir todos os seres que delas dependem.
Componentes de florestas de dimensões fantásticas no passado, são hoje uma população em fase de extermínio e com elas o resto da flora e da fauna que antes faziam parte desta outrora pujante e diversificada comunidade ambiental.
Ao eliminarmos as florestas, as verdadeiras florestas, com toda sua biodiversidade que dá equilíbrio ao sistema Terra, estaremos abreviando a existência do homem no planeta ou, na melhor das hipóteses, determinando uma qualidade inferior de vida à grande maioria da humanidade.
Ao preservarmos as florestas com toda sua biodiversidade, como biomas estabilizados e adaptados, estaremos preservando a vida com qualidade do homem, pois somente um ambiente equilibrado garantirá sobrevivência da espécie humana.

domingo, 8 de maio de 2011

Coisas que não combinam ...

Neiff Satte Alam

Cheguei à Praia do Laranjal, coloquei a cadeira em um ponto estratégico à sombra de um plátano, abri o jornal e ... opa! Uma rajada de vento levou metade das folhas que se esparramaram da zona do chafariz até o trapiche.
Neste momento lembrei que tem muita coisa que não combina. A primeira é esta mesmo: ler jornal com vento! Existem outras, mas que teimosamente reincidimos.
Criança e escada não combina, principalmente as de caracol ou sem corrimão. Outra combinação complicada é chuva tocada a vento e guarda-chuva: o guarda-chuva vira objeto inútil e o banho de chuva uma realidade, se for no inverno, pior ainda, pois pode virar uma forte gripe ou pneumonia dupla.
Talvez uma das piores, por ter consequências graves, é dirigir alcoolizado, neste caso, motorista em trânsito e bebida alcoólica é uma péssima combinação, podemos até dizer que é uma combinação fatal.
Já perceberam como é incômoda a novela das oito combinada com aquela visita inesperada de alguém que detesta novelas e fica falando de culinária? Ou o sujeito apaga a televisão ou apaga a visita, ora, como saberemos o final do capítulo de um tema tão importante como os abordados nas novelas?
Tem coisas mais amenas, como é o caso de comer bolachas na cama, pois farelo não combina com lençol: ou sai a bolacha ou sai o “bolacheiro”, depois de limpar o lençol, é claro. Ainda na cama de casal, que era o caso anterior, não combinam dois controles remotos, principalmente se tem um bom jogo de futebol na hora daquele programa favorito do outro cônjuge (que, no caso, é normalmente a mulher) O jogo termina sendo visto na TV da sala!
Mas também não combinam: telefone celular tocando música de carnaval durante um velório ou na apresentação de uma orquestra sinfônica; Tiririca e Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados; Mensaleiros e Comissão Justiça da mesma Câmara; Paim e o provento dos aposentados; ... bem o leitor pode se fartar com outras não combinações se puxar pela memória.
Parece que estas contradições fazem parte de nosso cotidiano e são tão comuns que não nos damos conta das complicações ou constrangimentos que possam causar. Claro que poderíamos fazer uma lista muitas vezes maior das coisas que combinam, mas, é como o caso do sujeito que estava impecavelmente vestido, apenas colocou o casaco do avesso e isto, apenas isto, foi o que chamou a atenção ... Para ficar mais claro: o Tiririca é o casaco do avesso da Câmara dos Deputados, a única diferença é que o resto também não está bem arrumado, isto é, este Congresso Nacional não está combinando com democracia ...

domingo, 1 de maio de 2011

IMORTALIDADE DO PENSAMENTO HUMANO

NEIFF SATTE ALAM

Michel de Montaigne nasceu em 28 de fevereiro de 1533, século XVI, passaram-se 464 anos de seu nascimento. Morreu aos 59 anos e deixou uma obra rica e atual, pois muito do que escreveu, principalmente em “Ensaios”, sua obra mais polêmica, pode ser parte do atual contexto, independentemente do que se possa considerar certo ou errado.
Sua concepção de política de governo, tendendo ao liberalismo de hoje, é de que “...o indivíduo é deixado livre dentro do quadro das leis e se procura tornar tão leve quanto possível a autoridade do Estado. Para ele, o melhor governo seria o que menos se faz sentir e assegura a ordem pública sem por em perigo a vida privada e sem pretender orientar os espíritos”. Não se trata de uma minimização do Estado, mas uma eficiência do Estado que, em condições, pode proteger seu povo através de governantes que devem saber a hora de improvisar e a hora de preparar o que fazer. Aliás, sobre esta questão de improvisação e preparação, no caso das oratórias inoportunas, deixa uma mensagem aos governantes que não sabem improvisar, mas teimam em fazê-lo: “...Nunca foi dado a ninguém acumular os dons da natureza. Assim acontece que entre aqueles a quem foi dado o dom da eloquência, alguns há cuja palavra é pronta e fácil e têm a réplica tão viva que nunca falham, enquanto outros mais tardios só falam depois de longamente elaborado o tema de antemão escolhido.”
A improvisação, aqui colocada, não se refere a uma ação inconsequente, mas a uma resposta rápida às emergências e urgências, portanto uma qualidade, neste contexto, talvez uma virtude e, como todas as virtudes, tem sempre o viés da conseqüência, pois mesmo a virtude tem seus limites. Podemos utilizar como exemplo, a valentia. Em “Ensaios”, Montaigne analisa bem esta questão e nos dá, de novo, uma lição de como tratar questões difíceis e de como reagir de pronto a situações adversas: “... A valentia tem seus limites, como qualquer virtude; ultrapassá-los pode levar ao crime. Pois é ela suscetível de tornar-se temeridade, obstinação, loucura em lhe ignorar os marcos delimitadores, bem difíceis em verdade de se perceberem em dados pontos da separação. Daí, dessas considerações nasceu o costume de, na guerra, punir-se até com pena de morte quem teima em defender uma praça não mais defensável segundo as regras da arte militar. Sem o que, confiando na impunidade, não houvera choça que não sustasse a marcha de um exército”.
Assim, nos dias de hoje, deve se portar a oposição. Recuar da posição de inferioridade, mas manter-se viva para assumir o poder em outra oportunidade. Lamentavelmente o que se percebe é a manutenção do estado belicoso de campanhas eleitorais quando os derrotados não se entregam e podem terminar eliminados, pois improvisam mal e preparam-se pior ainda quando elaboram a “escrita”.
Retiradas estratégicas são necessárias para manter formas e métodos diversos de governo, para que as alternativas ideológicas se mantenham vivas e a diversidade de pensamento, tão importante para a democracia, permaneça como reserva para novas realidades e novas necessidades no futuro.
Michel de Montagne morreu no dia 13 de setembro de 1592, mas vale ainda a leitura de “Ensaios”, pois sua obra venceu o tempo.