Neiff Satte Alam
Sempre foi necessário mais imaginação para apreender a realidade do que para ignorá-la. (J. Giraudoux)
Pelotas 13 horas, boa tarde!
Reunidos em torno de uma enorme mesa de madeira nobre e escura, com dez microfones bem distribuídos e com uma pauta carregada de hipertextos que a transformam em uma agradável viagem com escalas imprevisíveis, reúnem-se os convidados do Clayton Rocha. As escalas são atemporais e podem ocupar qualquer espaço no planeta, em frações de segundos vai-se de Pedro Osório ao Vaticano e se retorna à mesa.
Em torno desta mesa cruzam-se conversas amistosas, agressivas, irônicas, enfim, qualquer coisa pode ocorrer quando os participantes ficam descontrolados pela veemência, pelas argumentações afoitas ( ou não), pelas diferenças ideológicas e partidárias. Argumentos os mais variados surgem como se fossem coelhos saindo da cartola de um mágico. A diversidade de pensamentos é tal que os debatedores não conseguem escutar quando alguém fala e terminam por falar simultaneamente.
É como se estivéssemos todos junto a um balcão do antigo Bar Baby (um bar que se localizava nos anos 60 na Barroso esquina Gomes Carneiro) debatendo política, futebol, arte, filosofia, educação e....o que mais aparecesse. Enquanto um grupo debatia acaloradamente os ouvintes das mesas próximas ficavam a dar palpites. De certa forma a fauna toda (papagaios falantes e corujas ouvintes) interagia, até mesmo torcidas surgiam e gritos de apoio a um ou outro debatedor era fato comum.
Uns apoiando Fidel Castro, outros apoiando Pinochet e ainda uma série de outros “apoiamentos” a políticos de todas as ideologias possíveis ou imagináveis. “Bernadistas” e “marronitas”, trabalhistas, petistas, neoliberais, fascistas e lacerdistas degladiam-se sob o controle – quando possível controlar – de nosso âncora e de sua fiel escudeira Cláudia.
E os ouvintes? Bem! Estes (im)pacientemente escutam, tomam partido de um ou outro debatedor, incomodam-se quando dois, três ou...todos falam ao mesmo tempo, mas interagem, participam, alguns, não resistindo a incapacidade física de responder ou argumentar, deslocam-se até os estúdios, sobem sete andares de escadas e entram disparando seu verbo como se estivesse conversando com pessoas que conhece a muitos anos, mas que somente conhece suas vozes.
É isto aí amigo Clayton, teu programa faz parte do diálogo que toda a cidade deveria ter com e entre seus cidadãos. É aquela conversa do antigo Bar Baby, é a conversa que está sempre começando no Café Aquário(s), mas que não termina nunca para que se possa retomá-la no dia seguinte.
De qualquer forma é a realidade que se busca apreender. São os fatos que mobilizam a cidade, o estado, o país e o mundo que discutimos em torno desta mesa de madeira nobre e escura onde nada é ignorado para que a Grande Pelotas tenha uma hora e meia de atenção e diálogo e que o Cancelão, Catimbau, Vila Freire, Açoita Cavalo e, pela Internet, o resto do mundo, lugares distantes do Café Aquário(s) sintam-se parte deste pequeno grande universo em que vivemos.
E como diz a Cláudia Rodrigues em sua serena sabedoria: “Este programa tem vida própria”.
Mas o final é sempre o mesmo: “até amanhã”!!!