NEIFF SATTE ALAM
“Como a
característica mais marcante da “casa-Terra” é a sua capacidade intrínseca de
sustentar a vida, uma comunidade humana sustentável tem de ser feita de tal
maneira que seus modos de vida, negócios, economia, estruturas físicas e tecnologia
não prejudiquem a capacidade intrínseca da natureza de sustentar a vida”.
CAPRA
Quando todo o equilíbrio dinâmico de
um sistema está ameaçado; quando a comunicação em rede dos seres vivos sofre
rupturas de tal forma que as conexões relaxam; quando a diversidade, fator
importante para uma maior resistência e capacidade de recuperação,
homogeneíza-se pela ação descontrolada sobre o meio, e tudo isto em razão de
uma preocupação única de resolver questões de economia e de negócios, a sustentabilidade necessária passa a não
existir. Estamos, aqui, utilizando o conceito original de sustentabilidade
proposto por Lester Brown, início da década de 1980: “Uma sociedade sustentável é aquela que é capaz de satisfazer suas
necessidades sem comprometer as chances de sobrevivência das gerações futuras”.
Simples, assim.
Os grandes negócios, responsáveis
por “surtos econômicos” positivos em determinadas regiões, em geral comprometem
o equilíbrio dinâmico do ambiente quando se despreocupam com as questões de
sustentabilidade ou “miniminizam” os traumas ecológicos que possam comprometer
a biodiversidade, o equilíbrio das e entre as redes e o equilíbrio dinâmico dos
ecossistemas envolvidos nestes rendosos negócios.
Um exemplo claro deste desinteresse
real para com as questões de equilíbrio ambiental é o terrível dano causado ao
sistema ecológico de várias bacias hidrográficas da parte norte do Estado (RS)
evidenciado por uma mortandade recorde de peixes, principalmente no Rio dos
Sinos. Se houve a morte de milhões de peixes, imagine-se a destruição do
plâncton e bento que não pôde ser fotografada, mas que ocorreu em números mais
expressivos do que o de peixes. Como conseqüência, em curto prazo, o
desabastecimento de água potável para a população da área atingida e a redução
da pesca que é o meio de vida de milhares de pescadores que terão de ser
socorridos pelo governo, o que determinará deslocamento de recursos públicos de
outras áreas.
Em outra região do Estado, Região
Noroeste, toneladas de pesticidas são lançados em rios determinando, também,
destruição da fauna e flora aquáticas, de novo o abastecimento de água potável
se complica e os recursos para dar condições de uso humano para a água captada
são aumentados. Mais dinheiro público, nosso dinheiro.
Isto que nem chegamos a considerar a
questão da monocultura de eucalipto na região sul do nosso Estado, pois os
danos que já aparecem em doses astronômicas no norte somente serão sentidos
daqui a alguns anos em nossa região.
A sustentabilidade somente será
obtida quando formos eco-alfabetizados e quando qualquer projeto ecológico
levar em consideração que o capital natural é finito e que o capital criado
jamais poderá interferir ou extrair
qualquer elemento natural sem a devida compensação que permita retorno
às condições de equilíbrio originais, pois vida e equilíbrio dinâmico são
indissociáveis e a quebra desta regra simples resultará em graves conseqüências
para as gerações futuras, que são nossa responsabilidade.
Em respeito as gerações futuras,
devemos ser duros com os que querem, em nome de falsas promessas de
desenvolvimento regional e de empregos abundantes, destruir nosso capital
natural e nos roubar o futuro, legando desertos aos nossos filhos e netos...