NEIFF SATTE ALAM
“O universo só é conhecido pelo homem
através da lógica e das matemáticas, produtos do seu espírito, mas ele só pode
compreender como as construiu estudando a si mesmo, psicológica e
biologicamente, ou seja, em função do universo inteiro. Piaget”.
Quando se diz que a vontade
faz o caminho, estamos estabelecendo as regras de conduta que
estabelecerão as diretrizes que nortearão a caminhada. Esta caminhada será
sempre no sentido da construção de uma escola forte, unida e harmonizada com
seu contexto. Quando perguntaram a Khalil Gibran o que ele entendia sobre
ensino, este respondeu:
“ Nenhum homem poderá
revelar-vos nada senão o que já está meio adormecido na aurora do vosso
entendimento..
O mestre que caminha à
sombra do templo, rodeado de discípulos, não dá de sua
sabedoria, mas sim de sua fé e de sua ternura.
Se ele for
verdadeiramente sábio, não vos convidará a entrar na mansão de seu saber, mas antes vos conduzirá ao limiar de vossa
própria mente.”
Este é o nosso caminho. O caminho da fé, da ternura e do saber. Isto é o que esperam de nós professores todas aquelas
crianças e jovens que ansiosamente e assustados estão sentados nas salas de aula.
O caminho da escola de
hoje transcende os limites da insipiente interdisciplinaridade que apenas
mascara o grave problema do reducionismo determinado pela elevada
especialização, pois quando ganhamos conhecimento por um lado inevitavelmente
fazemos crescer a ignorância de outro (ganho de conhecimento X ganho de
ignorância).
Em meio a este turbilhão,
a escola tenta sobreviver. Busca por meios próprios alcançar sua aptidão para
produzir conhecimento (competência) que, aliando-se a atividade cognitiva, leva-nos
a um “saber” – conhecimento do conhecimento.
É nesta cruzada ética que
se encontra a escola de hoje. Há um conflito entre o poder e o saber: “... Enfim, em toda a história humana, a
atividade cognitiva interagiu de modo ao mesmo tempo complementar e antagônico
com a ética, o mito, a religião, a política: o poder, com freqüência controlou
o saber para controlar o poder do saber”. (E.Morin).
A vontade de espantar o
fantasma do reducionismo que assombra a educação terá que ser mais forte do que
a necessidade deste de assumir o controle do saber fragmentado. Mesmo que
considerando insipiente a ação interdisciplinar hoje proposta pelas escolas,
nesta ação é que encontramos os rumos para trilharmos o caminho da
desfragmentação do conhecimento devolvendo-lhe a característica
multidimensional, embora culturalmente tenhamos a tendência a esfacelá-lo. Este
esfacelamento faz com que surjam conhecimentos distintos e, com mais gravidade,
faz-nos perder a visão do todo. Deixamos de contextualizar e perdemos a aptidão
de produzir conhecimento, dificultando a caminhada.
A escola deve sair em
busca do saber, do conhecimento do conhecimento. “...Onde está a sabedoria que perdemos no conhecimento; onde está o
conhecimento perdido na informação?” ( T.S. Eliot, citado por E. Morin).