Neiff Satte Alam
Professor
...O PENSAMENTO COMPLEXO É UMA FORMA DE PENSAR,
ANALISAR E AGIR NA SOCIEDADE A PARTIR DA IDEIA DE COMPLEXIDADE, DE MODO QUE NÃO
PODEMOS COMPREENDER ALGO SE SEPARARMOS DO SEU CONJUNTO.( Edgar Morin:
Complexidade, transdisciplinaridade e incerteza)
“Complexus” é uma palavra latina que significa “o que é tecido
junto”. As partes devem manter sua individualidade, mas, ao mesmo tempo têm que
se conectar entre si para dar sentido a um conjunto, de tal maneira que a soma
destas será menor que o conjunto, pois a intersecção dará um resultado que não
se aplicaria a cada parte isoladamente.
Foi
esta visão simples que gerou a Teoria da Complexidade, proposta por Edgar Morin-
“...termo oriundo da Cibernética, que incorpora
à sua obra a partir da década de 60 – integra os diversos modos de pensar,
opondo-se ao pensamento linear, reducionista e disjuntivo. Propõe um pensamento
que une e não separa todos os aspectos presentes no universo. Considera a
incerteza e as contradições como parte da vida e da condição humana e, ao mesmo
tempo, sugere a solidariedade e a ética como caminho para a religação dos seres
e dos saberes”. (Izabel Petraglia)
É
por ainda usar e abusar de um pensamento linear, reducionista, que a educação
não consegue avançar no mesmo ritmo das tecnologias disponíveis, pois estas
exigem visão não linear onde predominam complexidade e incerteza, ambas
necessitam de uma urgente reforma no/do pensamento. O educador terá que
modificar seu modelo e evoluir para um novo modelo (paradigma) onde o Homo complexus será verdadeiramente um
“tecido” formado pelo H. fabres
(dedicado ao trabalho), H. ludicus
(dedicado a arte, ao prazer e ao ócio),H.
sapiens (dedicado ao conhecimento, ao saber)e o H. demens (o lado demente do H.
complexus).
É
da intersecção de todos que surge o homem do novo século, o homem que irá ser
causa e efeito da grande revolução na educação, que levará o complexo
educacional aos patamares da “transdisciplinaridade”
...” A escola deve incentivar a comunicação entre as
diversas áreas do saber e a busca das relações entre os campos do conhecimento,
desmoronando as fronteiras que inibem e reprimem a aprendizagem. Trata-se da
transcendência do pensamento linear que, sozinho, é reducionista.
Transdisciplinaridade é a prática do que une e não separa o múltiplo e o
diverso no processo de construção do conhecimento”.
A
partir destas premissas, pode-se deduzir que a grande reforma na educação não
está em questões meramente estruturais ou mesmo de conjuntura sócio-econômica,
mas principalmente em uma necessária mudança na maneira de pensar. A linearidade e o determinismo foram um
importante e até necessário passo para chegarmos neste momento de ruptura, mas
entender esta necessidade é urgente, pois o Homo
complexus não poderá superar as dificuldades, principalmente na educação,
com o reducionismo que impera em nossos meios acadêmicos, principalmente no
meio Universitário, onde se formam os professores e os cientistas.
Principalmente pelo motivo de que “no
pensamento complexo, as contradições têm espaço de acolhimento sem preconceito.
Opostos, diferentes e complementares que se ligam numa teia multirreferencial
que inclui a objetividade e a subjetividade, colocando-as no mesmo patamar de
possibilidades constantes”.