“...De que lado se encontra o futuro? Basta
olhar para onde convergem os fluxos de imigração. Tendendo cada vez mais a se
encontrar em estado livre sobre o planeta, as populações se deslocam segundo os
diferenciais de bem-estar e liberdade.(...) Os talentos têm o desejo de ir não
obrigatoriamente para onde lhes pagam mais, mas provavelmente para onde são
mais respeitados do que invejados, impedidos, ameaçados por pessoas do poder.”
Pierre Lévy
Navegadores, comerciantes, viajantes
que não temiam a adversidade, mas, ao contrário, faziam dela a força propulsora
para conquista de novos mercados de trabalho, os libaneses de ontem, utilizando
esta herança cosmopolita, aportaram em terras brasileiras. O pampa também foi agraciado com a chegada destes desbravadores. Nossa
cultura, nossa arte e nosso modo de vida foram definitivamente modificados com
a presença de uma colônia árabe/libanesa que, também sofrendo interferência de
nossa cultura, criou raízes e passou a fazer parte do progresso destas novas e
hospitaleiras terras.
Internacionalização, planetarização
ou globalização, chamem do jeito que quiserem, na sua forma humana de
conhecimento e socialização muito deve a esta expansão não belicosa, mas
absolutamente altruísta de um povo que faz da paz e da boa convivência o ponto
de partida de suas incursões pelo mundo.
Lentamente os imigrantes libaneses
do século XX foram miscigenando seu DNA com o já globalizado DNA do brasileiro.
Mistura saudável e que tem contribuído para dar ao brasileiro esta poderosa
base genética para enfrentar as adversidades deste e dos novos tempos.
Alam, Karini,Macluf, Ruschel, Cury,
Bainy, Haical, Salim, Satte, Saad, Hallal, Abeiche, Selaimen e outros tantos
nomes de origem árabe, muitos modificados em razão da grafia diferente,
somam-se hoje aos sobrenomes anteriormente existentes na região e constituem
descendentes que já carregavam uma ancestralidade de outros imigrantes, de
outras terras, com diferentes origens étnicas e culturais, mas ricos em
altruísmo e vontade de que as idéias de liberdade façam parte permanente da
natureza da nova descendência.
Com este espírito de integração, com
idéias de liberdade, com respeito às diferenças étnicas características de
nossa região, libaneses da década de 50 fundaram a Sociedade Libanesa de
Pelotas, mais precisamente no dia 14 de junho de 1957. Neste novo ambiente,
músicas, festas e danças tipicamente brasileiras somaram-se ao quibe, ao homos,
a esfiha e a outras tantas comidas de
origem árabe. Bailes do Chope, Bailes de Carnaval e Bailes de debutantes,
alternavam-se com almoços e jantares com rodízio de pratos árabes.
Passaram-se 55 anos desde o dia em
que o espírito empreendedor de antigos e saudosos libaneses lançou a pedra
fundamental desta Sociedade Libanesa em Pelotas e 100 anos da chegada dos libaneses na Vila Olimpo, a
eles devemos nossa homenagem e gratidão por manter vivos os ideais de liberdade
que os encorajou a migrarem para novos e promissores horizontes.