O rei está nu!
Neiff Satte Alam
O ciberespaço, inicialmente dominado pelos governos e grandes grupos econômicos, finalmente começa se democratizar. Antes do advento da Internet, pensávamos que o poder estava com os que tinham dinheiro e controlavam sua distribuição pelo mundo comprando favores e armas.
O verdadeiro poder sempre esteve presente, bem na nossa frente, batendo em nosso nariz, mas, por ser tão evidente, fugia de nossa atenção e compreensão. O verdadeiro poder tem um nome simples, chama-se SEGREDO.
Onde está o sucesso da Coca-cola? No segredo de sua fórmula; onde está a força das grandes religiões? Nos segredos dos confessionários, dos escritos do Mar Morto, etc.; onde está o poder da Maçonaria? No sigilo absoluto de suas ações dentro e fora dos templos. A estes exemplos se junta o poder da maior potência mundial das últimas décadas, os Estados Unidos da América.
Sempre foi difícil, aos simples mortais, entenderem estas forças milenares e seus domínios quase absolutos sobre as coisas e sobre as pessoas. Forças que, embora minoritárias, sempre controlaram os destinos da humanidade.
Em apenas duas décadas estes poderes começam a desmoronar. Os segredos revelados e colocadas na grande rede da era da comunicação, a Internet, distribuem o poder para a grande massa da população planetária. Pouco pode se esconder das pessoas, habitem onde quer que seja, no Alasca ou no Moçambique, de qualquer lado da Muralha da China ou na Faixa de Gaza.
Caem as “personas” e a face crua das Nações começa a se mostrar mais real, na maioria mais feia, mas mais compreensível. Para isto bastou segredos americanos (do norte) serem desvendados por Julian Assange em seu blog WikiLeaks. Constrangidos por verem suas conversas particulares e nem tão particulares com dignos representantes de outras Nações, iniciaram uma caçada ao dono do blog.
Assange inverteu “1984”, a espionagem esperada contra as pessoas, que teriam que perder suas intimidades, virou-se contra os governos. Finalmente se inicia a socialização da informação, os segredos de Estado desmoronam deixando sob seus escombros os poderosos políticos que, estarrecidos, sentem-se nus na sua realeza.
Mesmo que algum tribunal inquisidor leve Assange a alguma fogueira, nada mais poderá segurar a vontade popular de desmoronamento dos muros e destrancamento dos ferrolhos que impedem o livre transito sobre as informações dos governos e dos grandes grupos econômicos.
Dizem que Assange olhou para Obama e disse: “O rei está nu!”